Capítulo 13

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Ryck conseguiu ir na faculdade para mim, enquanto eu fui conhecer o meu autor favorito. Sério, só quem é fã de carteirinha sabe como é incrível conhecer quem você admira, eu adorei ter visto ele e consegui que autografasse meus livros.
Quando cheguei em casa já peguei as gravações que Ryck havia feito e perguntei para o Chris como ele se saiu como "Ryan".
- Ah, maravilhosamente bem! Acho que logo ele pega o jeito, você poderá ser substituído pelo seu clone sempre que quiser!- Disse ele, só não sabia se Chris estava brincando ou não. Mas descobri assim que escutei o áudio da aula de literatura.
- Que porcaria foi essa, Ryck? Pareceu que estava morrendo engasgado! E que resposta mais sem noção foi aquela?- Perguntei fazendo uma careta, indignado, enquanto olhava para ele.
- Ah, como é que eu ia saber a resposta? Não sei nem falar direito o português e acha que eu ia adivinhar que tinha haver com latim?
Revirei os olhos e pensei.
- E a Anne?... Não fez nada que pudesse machucar ela, né?
- Falando assim até parece que eu sou um destruidor de corações! Mas não, parece que ainda vai demorar um pouquinho para mim conquistar ela... Bem pouquinho!
- Ryck, não acha melhor deixar esse assunto para lá? Afinal, porque cismou tanto com a Anne?
- Não cismei com ela, apenas está nos meus objetivos provar que ela estava errada em dar um fora em cara tão top feito eu!- Deu de ombros.
- Você e esse seu orgulho...
- Tenho outros motivos também...
Vi que ele estava com um sorriso malicioso e que já iria falar besteira. Então interrompi antes:
- Nem começa!
- Oshi, por que não pode?
- Porque não! Ela é minha amiga e eu não quero ficar escutando você falar besteiras sobre a Anne.
Ele se aproximou da mesa onde tinha uma vasilha com algumas frutas e falou:
- De boa... Posso fazer mímica então?- Falou sorrindo e pegando dois melões que tinha ali e colocando na sua frente como se fossem dois peitos e rebolando. Revirei os olhos e perguntei incrédulo:
- Meu Deus! Somos irmãos mesmo? Como pode você ser tão diferente de mim?
- Acho que dividimos direitinho na gestação, as partes boas para mim e as tediosa para você. Mas o fato importante é que...- Sorriu olhando para mim e ajeitando os melões- Amanhã é um novo dia para o Ryan!

***Rychard***

No dia seguinte voltamos para a faculdade. Estavamos no intervalo das aulas, Anne vinha conversando com uma amiga, se despediu e seguiu sorridente até mim.
- Oi, galera!- Ela cumprimentou eu, Chris e o carinha.
Me certifiquei de que o Ryan ficaria ocupado durante o intervalo (Cof cof laxante) e me preparei para ver a Anne, dizendo para mim mesmo que daquele dia não passava.
- Anne! Estava mesmo querendo te ver, linda!- Falei sorrindo.
Ela ficou quieta por um minuto, mas perguntou:
- Algum motivo em especial?
- E precisa de motivo? Já tenho uma pessoa mais que especial aqui na frente! Quer dar umas voltas pelo campus?
Anne não respondeu, mas acabou concordando com a cabeça.
Depois que nos afastamos do pessoal e ficamos caminhando juntos, ela comentou:
- Você anda... tão diferente, Ryan.
- As vezes o diferente é ótimo! Só tem que tentar conhecer ele.
Ela ficou mais quieta e um pouco pensativa, até que se sentou em um murinho que tinha perto das escadas e árvores para o outro lado do campus, algumas pessoas passavam conversando, com livros nas mãos ou celulares, já alguns garotos andavam de skate ali perto.
- Você viu a aula de filosofia hoje? Realmente me fez pensar tanto o que a professora falou sobre Descartes.
- Verdade...- Falei disfarçando uma carinha de tédio, ela tinha pegado no meu ponto fraco. Falar de lição passa longe de ser meu forte- Mas então que tal falarmos de...
- Qual o filósofo que você mais admira?
- Eu?- Boa pergunta, pensei um pouco- Aquele, sabe? Que filosofava...
- Todos fizeram isso, se não eles não seriam filósofos!- Falou ela e deu risada.
- Ah, é claro que eu sei disso! Estava brincando!- Falei rindo um pouco nervoso.- Aquele... Sóclatão?
Ela deu risada de novo e perguntou um pouco confusa:
- Sócrates ou Platão?
- Sócrates e Platão! Eles mesmo! Não consigo escolher, eles eram os caras!... Eu fiz tipo um shipp dos meus filósofos preferidos.- Falei aliviado, na verdade eu não lembrava de praticamente nada, só veio um nome tipo esse da época da escola, então chutei.
- Uau! Ótima junção... mas shippar Sócrates e Platão é estranho.- Falou ela rindo e fazendo uma careta.
- Ok, eu realmente adoro falar sobre os barbudinhos da Grécia... Mas o que acha de falarmos um pouco de você?- Falei e dei um sorriso de lado.
- De mim?- Perguntou confusa.
- Claro, desde a primeira vez que te vi fiquei muito preocupado. Você está bem? Está doendo?
- Como assim?- Perguntou ela toda confusa.
- Ué, não se machucou quando caiu do céu, meu anjo?- Eu disse olhando em seus olhos.
Ela ergueu uma sobrancelha e falou rindo um pouco nervosa:
- Ryan, sei que de uns dias para cá você tem andado diferente, brincando bastante...
Interrompi ela e falei enquanto dava alguns passos devagar e me aproximava:
- Apenas mudei para melhor...
- Bom, não tenho nada contra seu jeito brincalhão, me faz rir e eu gosto disso, mas acho bom tomar cuidado com as brincadeiras!
Me aproximei mais ainda, deixando nós dois a poucos centímetros um do outro, ergui a cabeça para ver minha imagem refletida em seus olhos azuis e parei para admirá-los por um momento... Cara, eles realmente eram lindos.
- E se não for tudo brincadeira?
Ela parou sem reação, conseguia ver que ela também estava presa em meu olhar, passei a mão de leve por sua franja e desci para o lado do seu rosto, sentindo em meus dedos sua pele macia e, daquela pequena distância entre nós, eu também sentia seu perfume, era doce suave. Ela parecia confusa e surpresa, mas não recuou, parei com a mão próxima ao seu queixo.
- Você é tão linda, Anne...- Falei olhando para sua boca, queria tanto beijar ela. Puxei de leve seu rosto para perto do meu pronto para fazer isso.
- Não!- Falou ela quando seus lábios já estavam a pouquíssimos centímetros dos meus. Tentou se afastar alarmada e acabou levantando sua perna, que acidentalmente bateu com tudo nas minhas jóias preciosas! Realmente aquela posição em que estávamos não foi nada favorável para mim...
Me afastei dela com os olhos arregalados e sem voz por causa da maldita dor.
- Ai meu Deus! Eu não quis fazer isso! Foi reflexo, eu juro!
Ela desceu do murinho e eu cabaleei um pouco para trás, levantei um dedo e esperei um momento para tentar recompor minha voz, mas que saiu meio embargada:
- Me diz... Por que todo mundo só dá golpe baixo?
- Me desculpa! Machucou muito? Mas... O que você ia fazer, afinal? Ficou louco?!
- Estou dolorido demais para pensar na minha sanidade mental...- Falei com as mãos entre as pernas.
- Ai... Eu realmente não queria te machucar, Ryan!
- Mas machucou!- Falei meio que me fazendo de vítima. Eu era mesmo a vítima!
- Mas você ia me beijar!- Falou ela alarmada.
- Mas não beijei! Olha que contraditório, só saí perdendo!- Falei revirando os olhos.
Ela olhou para mim, parecia preocupada.
- Ok, eu só... Não sei mais o que dizer, desculpa! Tem alguma coisa que eu possa fazer para amenizar um pouco essa situação?
Pensei um pouco.
- Bom... Na verdade, minha mãe sempre diz que dar um beijo aonde machucou funciona.
E a última coisa que eu vi antes das estrelas, foi aqueles belos olhos azuis como dois mares, me olhando furiosos.

Entre Segredos e MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora