Capítulo 35

87 10 0
                                    

Depois disso Chris e Julie voltaram a ficar bem próximos, sempre se oferecendo para irem juntos aos lugares, os típicos ótimos amigos que sempre foram!
Em uma segunda-feira, Chris disse que estava mal para ir na faculdade, provavelmente tinha pegado uma gripe.
- Gripe?- Perguntou Ryck o analisando. Era um pouco mais difícil mentir para um mentiroso.
- Gripe...- Falou Chris sofrido e fingindo uma toce seca.
- Hum... Bom, melhoras Chrisão!- Falou Ryck sabendo que ele estava mentindo, mas achando que Chris só queria faltar mesmo.
- Vamos então, Rychard. Já estamos atrasados! Te vejo depois, Chris... Vê se descansa!- Falei sorrindo para ele, que acenou para mim.
Nós dois saímos, Chris foi se guiando para o sofá devagar, mas a campainha tocou antes dele chegar. Correu para a porta e atendeu, claro que era a Julie. Os dois deixaram as palavras para depois, já se agarraram ali mesmo, se enlouquecendo naqueles beijos sem limites, só deu tempo de fechar a porta mesmo e foram parar no chão porque se não me engano o sofá parecia muito longe para o fogo dos dois.
Já lá na faculdade eu fui sem o Chris mesmo, mas me sentindo um pouco sozinho, fiquei com o Arthur nas aulas em que tínhamos juntos e ele me fez companhia. Eu dava risada das piadas dele enquanto nos dirigiamos para a classe de História. O professor já esperava na porta.
Nos sentamos e ele começou a passar sua matéria.
Estavamos falando sobre a Segunda Guerra Mundial e claro, dos nazistas.
O professor Parker estava mostrando imagens do holocausto em um vídeo que trouxe, eu assistia enquanto escutava as explicações dele, mas na minha cabeça dizia a mim mesmo que já sabia quase tudo sobre isso então não era tão interessante assim.
Ele estava nos contando que os nazistas mataram muito mais que apenas judeus. Inacreditáveis 6 milhões de judeus foram caçados como animais e mortos impiedosamente, mas 5 milhões de outros civis também foram assassinados. Ele disse que frequentemente desprezamos esse fato, como se esquecessemos dessas 5 milhões de pessoas inocentes. E de certa forma concordei com ele, pois era bem mais difícil achar mais informações sobre isso. Nosso professor os enumerou, enquanto as imagens foram passando e ele andando de um lado para o outro.
- Nesses 5 milhões se encontravam ucranianos, poloneses, iusgolavos e russos... os negros, os ciganos, os mestiços, os deficientes físicos e mentais... e também os homossexuais.
Senti um choque de realidade quando ele falou dos homossexuais. Olhava para as imagens me sentindo muito mal com aquilo...
- Pelo menos nisso os nazistas acertaram!- Falou Mike ironizando. Sim, aquele mesmo cara do grupo dos populares. O grupinho do fundo deu risada zombando junto com ele.
Senti meu peito apertado ao ouvir aquilo. Como podia ele dizer que aquela crueldade era certa? Eu estava indignado, só porque eles eram homossexuais era justo passarem por aquilo?
Nosso professor não deve ter ouvido o que disse, ou simplesmente ignorou Mike mesmo.
- Nessa parte até eu viraria nazista para matar logo toda essa abominação gay...- Zombou mais uma vez Mike, seus outros amigos começaram a falar coisas pesadas iguais ou até piores que aquela.
Fechei meus olhos, talvez na verdade querendo tapar meus ouvidos e fugir dali. Me sentia horrível, sempre ouvi as pessoas ao meu redor cometendo racismo, machismo, homofobia... Mas dói muito mais quando percebemos que a violência agora está apontada para nós.
- Senhor Evans! Isso o que acabou de falar é muito sério!- O professor deu um basta.
- Calma, professor! Eu só estava brincando! Não estava falando sério...- Se fez de inocente.
- Ironizar sobre homofobia e nazismo passa bem longe de ser uma brincadeira!- Falou o professor.
- Ok, já parei! Quer por favor continuar a aula, professor? Estava tão interessado.
Mike nem se importou com o que o professor disse, ainda tinha um sorriso cínico no rosto. O professor desistiu dele e continuou a explicar, mas eu ainda conseguia escutar sussurros e comentários maldosos vindos lá de trás.
Apenas respirei fundo e tentei esquecer aquilo. Arthur olhava para trás indignado, se voltou a mim e comentou:
- Como pode as pessoas serem assim? Quero ver se ele iria ter a mesma atitude se alguém chamasse de abominação e falasse essas merdas para as pessoas que ele ama... Se é que ama alguém.
Olhei para Arthur.
Realmente... Concordei com ele, mas percebi como era triste admitir aquilo.

Entre Segredos e MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora