Capítulo 34

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***Rychard***

Voltamos para a festa lá em baixo depois que colocamos a roupa fazendo cara de paisagem, com um segredo que só nós sabíamos, tirando a Japa, que ficava jogando piadinhas no ar sobre aquilo, deixando todo mundo sem entender, mas que eu e a Anne entendiamos muito bem!
Ter ficado com a Anne fez o meu verdadeiro eu vir mais ainda a tona. Sei lá o que rolou, só fiquei empolgado! Liguei o home theater da Japa no maior volume e coloquei uma musica bem agitada, todos olharam para mim sem entender.
- Acho que podemos agitar essa festa, senhoras e senhores! Afinal, as nossas incríveis aulas na faculdade estão voltando, mas... Ainda estamos de férias!- Falei no meio da rodinha.
- Ora, Ryan! Não estamos em uma balada.- Falou um dos professores sem entender.
- Ah, então alguma coisa errada não está certa aqui!- Falei dramático- Vamos animar, meu povo!
Todos ficaram confusos e sem saber o que fazer. Apontei para a senhora Meyre, uma senhora dos seus 50 e poucos anos, dei um sorrisinho para ela e falei fingindo jogar um charme:
- Senhora Meyre... Sim, consigo ver em seus belos olhos que sabe arrasar nessa pista de dança!
Ela deu risada com vergonha, fiquei chamando ela para dançar comigo, depois de um tempinho ela realmente aceitou. A girei e ficamos fazendo alguns passinhos no meio do povo. Chamei um outro professor da mesma idade que ela:
- O senhor também sabe requebrar que eu sei!
Ele veio rindo animado e já começou a dançar de mãos dadas com a senhora Meyre. O pessoal já se animou mais e ficaram assistindo os dois a dançar, comecei a agitar o povo cada vez mais, fiz o cdf tímido tirar a garota de óculos para dançar e até os professores mais rígidos entrarem na roda fazendo baderna e gargalhando.
- O que aconteceu com o tímido Ryan que não estou o reconhecendo?- Falou o professor Jones rindo.
- Bom, fessor... Acho que hoje sou uma outra pessoa.- Parei sorrindo para ele, nós dois brindamos empolgados e puxei ele para o meio da sala que do nada tinha virado uma bela pista de dança- Partiu nos divertir!
Puxei a Anne mais para mim, que já estava dançando junto da Japa e do Thomas e a segurei em meus braços, dançando ao som daquele toque envolvente.
Dançamos e curtimos aquela tarde inteira, o tempo pareceu voar do tanto que nos divertimos, ela não conseguia acreditar em como eu fui cara de pau e animei geral, fazendo até os professores se revelarem. Todos adoram uma festa uma hora ou outra, só tem que trazer a curtição a tona!
Depois de acabar, todos foram embora com um sorriso enorme no rosto, acho que nem eles acreditaram que iriam se divertir tanto em uma festa de irmandade. Mas foi depois dali que a minha diversão começou de verdade, Anne mentiu para os pais dizendo que iria dormir na Hillary e fomos para um motel, realmente nos entregar aquele amor louco a noite inteira e de inúmeras formas de desejos diferentes. Cada vez que eu tinha ela, mais eu a desejava, nunca tinha acontecido isso comigo. Mas sobre uma coisa eu não poderia mentir, tinha certeza que muito mais noites como aquela estavam por vir...

***Ryan***

O dia seguinte chegou e com isso, a volta a faculdade também com força total!
Aquela rotina corrida de estudos e mais estudos estava de volta, eu e Chris fomos para a universidade, lá nos encontramos com Arthur, Thomas e Hillary e ficamos conversando bem animados.
- Dançou muito ontem, hein Ryan?- Falou um professor passando por nós e me cumprimentando com tapinhas nas costas. Dancei?
- Verdade, quem vê você assim quietinho pensa até que era outra pessoa!- Comentou Thomas me olhando um pouco confuso.
Comecei a rir de nervoso.
- Ah, imagina! Como seria ótimo ter dois de mim! Mas não, fui eu mesmo que dancei muito...
- Eu sempre achei que o Ryan tinha um clone vagando por aí!- Falou Arthur arregalando os olhos- Não sei como pode uma hora saber meu nome e na outra me chamar de Arnildo. Só se tiver de zoeira com a minha cara!
- De vez em quando qualquer um pode esquecer o nome das pessoas, Arbelardo. Digo, Arthur!- Falou Chris brincando e tentando tirar o foco da conversa de mim, Arthur começou a fingir uma briguinha com ele e consegui me safar da desconfiança... Ou pelo menos foi isso o que pensei.
Fomos para a aula do professor Jones, que de vez em quando soltava uma piadinha sobre eu agitando a senhora Meyre. E eu ficava perdidinho, Ryck não me contou nada do que aconteceu ontem, mas pelo visto dançou bastante. Anotei essa informação mentalmente.
Anne surgiu na porta ofegante, pelo visto havia corrido, arrumou seu cabelo que caia sobre os olhos e perguntou:
- Desculpa o atraso, professor! Posso entrar?
- Atrasada no primeiro dia, senhorita Rey? Sua vontade de voltar para a faculdade está lá em cima!- Falou ele sorrindo animado.- Pode entrar!
Ela correu para achar um lugar, se sentou ao meu lado e me olhou dando um sorrisinho, que não entendi muito bem mas deixei passar. Cumprimentei empolgado:
- E aí? Tudo bem? Chegando atrasada, que milagre!
Ela revirou os olhos ainda sorrindo e falou me olhando:
- Milagre você ainda ter chegado antes de mim. Achei que nem viria!
- Por que não viria?- Perguntei confuso.
- Você me disse que estava esgotado... E de certa forma te entendo, não sei como estou me aguentando em pé.
Fiz um cálculo mental e cheguei a conclusão de que eles deviam ter dançado até bem tarde. Como esse povo gosta de dançar!
- Ah, claro!... Mas não foi nada demais a ponto de me fazer querer faltar na volta as aulas.- Falei sorrindo.
Ela ficou em silêncio sem entender. Ficamos uns instantes quietos até ela decidir falar:
- Ontem foi incrível...
Olhei para Anne e tentei entrar no jogo.
- Ah, sim! Foi legal!
Anne me olhou ficando um pouco mais seria.
- Só legal?
- Eu falei legal? Quis dizer irado!- Tentei falar mais como o Ryck.
- É... Irado.- Falou Anne confusa e me analisando. Senti que estava desconfiando, então decidi falar:
- Dançamos muito ontem, né?
- Sim... E como dançamos! Você me fez dançar a noite inteira!- Tentou ela de novo, achando que eu estava brincando.
- Não sei como não ficou chato dançar a noite inteira!- Falei rindo.
- Isso quer dizer que você não achou bom?
- Claro, dançar é sempre bom! Principalmente quando é com uma pessoa que dança bem.
- E por acaso eu não danço bem?
- Dança muito bem! Um dia você chega no nível daquelas dançarinas profissionais! Pode até ganhar a vida com isso!
Anne me olhou com a boca aberta, tacou a bolsa na minha cabeça com tudo e só senti o peso dos livros no meu crânio. Todos olharam para nós e ela saiu da sala apressada e irritada.
- Aiii... Mas o que foi que eu fiz?- Falei com as duas mãos na cabeça.
Só depois quando cheguei em casa e acordei o Ryck, que estava dormindo, foi que descobri o que fiz.
- Seu idiota!!- Berrou Rychard no meu ouvido.
Eu estava em choque e com as mãos na boca.
- Ai, Meu Deus... Eu praticamente chamei a Anne de... Vocês dois... Ah, que vergonha!
- Vou dar um "vergonha" no meio do teu nariz!- Falou ele bravo, enquanto colocava uma camisa apressado.
- Mas como eu ia saber que dançar não significava dançar e sim... outra coisa? Eu achei que ela estava falando de dançar mesmo igual todo mundo!
- Lógico que não! O que achou que eu fiquei fazendo a noite inteira?
- Sei lá, talvez bebido demais, se deitado em um canto da calçada, ficado por lá e só acordando no dia seguinte com algum cachorro fazendo certas necessidades em você.- Falei dando de ombros.
- Já falei que isso só aconteceu duas vezes! E não, eu estava com a Anne. Os números finalmente zeraram e viraram até negativos de tanto que a gente se pegou!
- Eca.- Falei sério e olhando para ele.
- Eca nada! E agora vou ter que ir na casa dela, ver se consigo reverter a situação que você me meteu...
Ryck pelo jeito deve ter conseguido resolver a situação com alguma bela desculpa para a Anne ter perdoado ele, porque passou a noite fora de novo e Ryck jurou no dia seguinte que não tinha dormido na calçada, então só tinha apenas mais uma explicação.
Na sexta, Chris e eu fomos buscar a Julie na casa dos meus pais para ela passar o fim de semana conosco como era de costume, ela acabou se sentando no banco da frente com o Chris e eu fui nos bancos de trás. Eliza já estava a caminho do nosso apartamento de táxi.
Talvez fosse só impressão minha, mas os dois não pareciam estar em um clima lá muito agradável, só conversavam quando eu falava alguma coisa, mas não dirigiam nenhuma palavra um com o outro.
Naquela época eu conseguia imaginar de tudo, menos o real motivo para esse comportamento estranho, então para mim eu achava que Julie devia ter feito algo que desagradou Chris, ele gostava das coisas muito certinhas, então não era difícil fazer ele ficar bravo.
Paramos no mercado e na lotérica, eu precisava pagar um conta. Por mais que a ideia de ficar no escuro com uma certa pessoa me parecesse maravilhosa, não iria querer deixar todo mundo no breu.
Julie ia sair do carro, mas eu falei apressado:
- Não precisa vir junto, Juh! Volto em cinco minutos! Fiquem aí!- Na verdade não gostava de ficar no meio de um clima ruim, então imaginei que se os dois ficassem sozinhos, algum dos dois lados acabaria pedindo desculpa seja lá pelo que.
- Não, Ryan! Eu...- Julie ia dizer, mas fechei a porta do carro e fui.
- Sério mesmo? Ele tinha que me deixar aqui logo com você?- Falou Juh brava.
- A porta não está trancada, se quiser ficar longe de pessoas idiotas como eu, então fique a vontade para sair.- Comentou ele olhando para a janela.
- Saia você! Não disse que não gosta de ficar no mesmo ambiente que pessoas insuportáveis como eu? Ninguém está te obrigando a ficar nesse carro!
- É? Que ótimo! Porque eu realmente não suporto ficar perto de você, Julie!
- Se não suporta ficar sozinho comigo, então simplesmente saia de perto de mim!
- Por que está me tratando assim?!- Gritou ele.
- Porque você está me tratando assim! Me ignorando desde aquilo lá!
- Você sabe que eu preciso ficar longe de você!
- Pois fique!- Gritou Julie- Eu não me importo com você! Não gosto de você! E não dou a mínima se você quer ficar longe de mim!
Julie sabia que estava dizendo o contrário do que sentia.- Dói quando você me trata assim! Por isso você é um grande idiota!
- Mas, Julie, eu...
- Não quero mais falar com você! Será que tem alguém falando comigo? Oh, acho que não! Não escuto ninguém falando comigo! Lá lá lá lá lá...- Julie cantarolou colocando as mãos no ouvido e fingindo que Chris não existia. Uma forma bem adulta de se discutir.
Chris ainda tentava falar com ela que cantarolava mais alto ainda. Tirou as mãos dela sem paciência e falou alarmado:
- Deixa de ser teimosa, garota! Olha, eu sei que te machuco quando faço isso e você não faz ideia do quanto isso faz eu me sentir horrível! Me perdoe, ok? Mas só faço essas coisas porque temos que ficar longe um do outro! Toda vez que me afasto de você estou louco te querendo por perto, eu não sei o que você tem mas não consigo mais tirar você da minha cabeça! Mas é errado, você mais do que ninguém sabe que é errado eu sentir algo tão forte assim, Julie!
Chris ficou encarando ela. Mas parou olhando para os olhos azuis de Julie, que estava próxima dele e o olhando irritada, mas logo a raiva foi saindo e se transformando em outra coisa.
Se agarraram, se beijando cheios de desejo ao mesmo tempo, como um casal apaixonado que a muito tempo não se viam, como se suas bocas se tocassem pela primeira vez.
- Ryan pode voltar a qualquer momento...
- Sim, temos que parar...
Mas não paravam, continuavam fazendo o contrário do que a razão sempre dizia.
Os dois se puxavam cada vez mais um para o outro, descontrolados.
- Talvez ele ainda demore uns 4 ou 5 minutos...- Falou Chris olhando para o relógio.
- Talvez...- Respondeu Julie concordando, desejando que eu demorasse a noite toda.
- Levanta o vidro do seu lado...- Falou Chris apontando para o vidro da porta dela.
Julie fez o que ele disse e fechou o vidro da sua porta, enquanto Chris fechava o dele, não dava para ver quase nada do lado de fora. Julie não se conteve mais e foi para o colo dele, se beijando enlouquecidos entre carícias bem ousadas aproveitando que ela estava de saia. Ninguém daquele estacionamento imaginava o que estava acontecendo ali.
Andei procurando aonde o carro cinza do Chris estava estacionado, achei e entrei nos bancos de trás.
- Prontinho!- Falei olhando para a frente, os dois pareciam estranhamente cansados cada um no seu banco.
- Nossa, você foi rápido, Ryan!- Falou Julie tentando controlar a respiração acelerada e abrindo a sua janela.
- Hã... Nem tanto, demorei mais de 10 minutos na fila.
- Caramba, está quente aqui, né?- Falou Chris gaguejando e abrindo apressado a janela do seu lado também.
- Verdade.- Concordou Julie enquanto Chris girava a chave e dava partida no carro.
- Está... tudo bem com vocês?
- Claro! Está tudo ótimo, né Chris?
- Perfeitamente ótimo, Juh!- Concordou Chris sorrindo nervoso.
Ela olhou para ele preocupada fazendo um sinal. Chris olhou para si mesmo, disfarçou sem eu ver e fechou seu ziper.
- Isso é ótimo!- Falei contente por ver que eles estavam se falando de novo. Meu plano deu certo!

Desculpa a demora para postar, gente!😅 As coisas estavam corridas aqui, mas vou postar direitinho. Espero que gostem desse capítulo, esse rolo do Chris e da Julie ainda pode complicar tudo... Não se esqueçam do voto e de comentar que nos ajuda demais!😘

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