Capítulo 16

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Christian e Arthur voltaram, então ficamos conversando junto com o Thomas que também se juntou a nós, ele era muito divertido. Naquela hora Ryck estava do lado de fora, fumando.
- Acho que vou beber só mais um pouco. Quer um copo, Ryan?- Ofereceu Anne.
- Não, obrigado. Eu não bebo!
- Ah, claro! Todos aqueles copos que bebeu quando estava comigo não valeram, então?- Ela perguntou rindo.
Julie olhou para mim sem entender o que a Anne disse. Lembrei de disfarçar e falei rindo um pouco nervoso:
- Na verdade... Eu quis dizer que não bebo tanto! Estou tentando não sair trocando as pernas hoje.
Minha irmã ainda parecia não entender nada pelo fato de eu nunca ter nem chegado perto de bebidas em 18 anos de vida e estar falando aquilo. Ia questionar, mas foi interrompida:
- Que exemplo a ser seguido, gente! Sério te venero.- Falou a Japa como se admirasse a minha postura, mas logo mudou falando- Pena que sou péssima em ser certinha, partiu encher a cara, gatas!
E saiu puxando a Anne e a Julie que também estava com elas, já olhei para a Eliza preocupado e tivemos aquela conversa mental.

"Pelo amor de Deus..."

"Não deixe a Julie beber, ok! Já entendi! Não precisa pensar duas vezes."

Li isso no rosto da Lizi enquanto ela concordava um pouco desanimada e seguia as garotas.
Depois de alguns minutos bebendo e conversando, Julie se aproximou um pouco da Eliza e perguntou baixinho:
- Percebeu?
- O que?
- A Anne parece estar um pouco interessada no Ryan... Só não sabemos se como amizade ou algo a mais.
Eliza bebeu o resto da sua bebida em um gole e falou dando de ombros:
- E o que eu tenho com isso?
- Pelo amor de Deus, não me diz que está ficando monga igual o Ryan? Isso deve ser contagioso. Eu sei que se importa, Eliza!- Falou Julie apontando para ela.
Eliza ficou pensativa e falou:
- Ok, me importo. Mas é como você falou, não tem como sabermos o que ela sente...
- Podemos perguntar.
- Só ir chegando e perguntando? Bem sutil!- Eliza falou irônica.
- Não tão de cara... Vamos fazer assim, eu começo a puxar assunto e você pergunta.
- Mas como vou saber o melhor momento para perguntar?- Questionou Eliza.
- Te dou um sinal, agora vamos!
As duas se aproximaram mais da Japa e da Anne que davam risada.
- Ai, eu simplesmente adorei essas festas universitárias! São bem animadas!- Falou Julie empolgada.
- Você ainda não viu nada, meu amor! É cada uma melhor que a outra.- Comentou Japa.
- Imagino!... E você Anne, conheceu meu irmão como mesmo?
- Foi nos primeiros dias de aula na faculdade, ele veio falar comigo.
- Que milagre! O Ryan quase não se aproxima de garotas.- Juh estranhou.
- Comigo ele é diferente... Bota diferente nisso!- Anne deu risada- Mas eu gosto do jeito do Ryan.
- Hum...- Juh olhou para a Eliza, mas ela não falou nada.
Disseram mais algumas banalidades até que a Japa avisou que precisava urgentemente ir no banheiro, mas que o salão estava girando, então Anne a acompanhou.
- Era para você ter perguntado, criatura!- Falou Julie nervosa.
- Era? Você não deu sinal nenhum.
- Eu pisquei para você!
- Ah, então você dá sinais 24 vezes por minuto!- Falou Eliza revirando os olhos.
- Para de ser tão CDF! Eu pisquei assim, ó!- Juh piscou de novo.
- Ata... Achei que tinha caído rimel no seu olho.
Juh a olhou com cara de tédio. As outras duas voltaram e a Japa falou:
- Ainda bem que o banheiro não estava congestionado! Vamos voltar ao assunto, estavamos falando de boys, certo? Que pergunta, é um dos assuntos mais populares entre nós. Mas voltando ao foco, que olhares eram aqueles com que você estava dando para o tal Ryan, gata?- Japa falou isso com um sorrisinho malioso para a Anne.
- Está louca? Não estava com olhar nenhum.- Se defendeu Anne.
- Estava! Fala a verdade, Anne... Está gostando do loirinho tentação?
- Não... Quer dizer, gosto... Mas não desse jeito.
- Sei!
- É sério, Hillary! Você sabe que eu quero passar longe de paixões... Tenho minhas razões.
- Sei que você está tentando se esconder do amor... Mas talvez ele acabe achando você. Agora eu quero que admita! Anda!- Japa ficou insistindo e a cutucando até Anne dizer:
- Ok! Ryan mexe um pouquinho comigo... Mas não estou gostando dele.
- Já é um começo! Logo o love começa a nascer...- Hillary sorriu cantarolando.
- Espera... Você tinha comentado sobre o jeito dele... Que jeito é esse?- Perguntou Eliza preocupada e tentando descobrir de quem Anne estava começando a gostar, de mim ou do Ryck.
- Acho que da parte atenciosa dele. Por mais que ele também tenha uma parte bipolar e meio atrevida as vezes!- Deu risada - Gosto do Ryan mais "sensivel" porque ele se mostrou diferente dos outros garotos. Sei lá, gosto de pessoas sinceras e que mostrem como se sentem de verdade, sabe? Ryan realmente é aquele tipo de pessoa que se importa, que você sempre quer ter ao lado...
Anne sorriu e olhou para o lado pensativa.
Geralmente as pessoas não davam adjetivos como sensível e atencioso para o Ryck, então a resposta estava um pouco clara.
Eliza tentou disfarçar durante um tempinho e continuar conversando, mas ficou desconfortável.
- Eu... Vou pegar minha blusa, acho que já vou embora.
- Mas já, amiga?- Perguntou Juh.
Eliza apenas concordou e deu uma despedida rápida para as garotas. Foi até onde eu e os garotos estavamos e pegou sua blusa que estava no sofá junto de nossas coisas. Vi ela passando a caminho da saída e me aproximei rápido.
- Hey! Onde vai, Lizi?
- Vou embora, Ryan.
- Tão cedo?
- Sim...
- Aconteceu algo? Parece estar aérea...- Falei segurando sua mão e fazendo ela parar.
- Não.
- Lizi... Não me faça ter que usar o meu incrível poder de ler mentes para descobrir o que há de errado com você.- Falei brincando, quem me dera ter esse poder.
Ela revirou os olhos sorrindo de leve, mas não deu risada. Olhou para mim pensativa durante um tempo, então decidiu tomar coragem e perguntar o que estava a incomodando:
- Você gosta da Anne?
Parei um pouco surpreso.
- Gosto, ela é minha amiga...
- Você sabe que não é desse tipo de gostar que eu estou falando... Gosta da Anne, Ryan?
Olhei para ela pensativo e me sentindo muito confuso, estava me fazendo essa mesma pergunta sem parar desde o dia anterior e o pior... era que ainda não tinha chegado na resposta dessa questão.
- Eu não sei...- Falei olhando nos olhos dela. Fui sincero, eu realmente não sabia o que estava sentindo.
Eliza olhou para mim e soltou a minha mão, pronta para ir embora sem dizer mais nada. Mas a puxei de novo mais para mim e falei:
- Não vai, Lizi...
- Eu preciso! Eu... Quero ficar sozinha.
Ela parecia bem chateada, quase com medo. Mas medo do que? De eu estar gostando realmente de outra pessoa?... Olhei para ela e consegui ver em seus olhos que tudo o que ela queria na verdade era o contrário do que estava dizendo. Ela queria era que eu não a deixasse sozinha.
A abracei com carinho e deixei que Eliza deixasse suas preocupações sumirem ali no nosso abraço. Ela fechou os olhos com força e falou baixinho escondendo o rosto na minha camisa.
- Seu chato... Por que é tão difícil deixar de gostar de você?
Ela falou tão baixo e em junção da música alta que com certeza achou que eu não tinha escutado.
Mas escutei...

***Rychard***

Eu precisava fumar, me desestressar um pouco. Nem sei porquê estava me importando tanto com toda aquela besteira.
Se controla, Rychard! Vai deixar uma garota te deixar para baixo? Esse não é você... O plano é ficar, fazer a Anne mudar de ideia de ter te dado um fora e depois seguir em frente... Simples! Já fez isso tantas vezes. Por que essa seria diferente?
Não vai ser.
Voltei para a festa, bebi mais uns três copos e vi Anne se aproximando de mim quando me sentei no sofá.
- Vejo o quanto você não queria "beber tanto".
- Beber é legal...- Falei rindo um pouco mole.
Ela se sentou ao meu lado e olhou para mim confusa.
- Está com cheiro de cigarro...
- Ah... Fumei um pouco.
- Você falou que não fumava, na verdade falou que odiava o cheiro.
- Ryan odeia cheiro de cigarro!- Falei rindo e apontando para mim mesmo, parecia que eu estava falando na terceira pessoa. - Mas as vezes é necessário por questão de... Relaxamento!
- Relaxar?
- Sim, claro que sexo ajuda, mas você não colabora.- Ao menos foi isso que tentei dizer, mas na realidade devo ter resmungado algo tipo "Sim, claque sexajud... masocê nãcolabora". Me embananando todo nas palavras por causa do álcool, já estava bem bêbado.
- O que?- Anne fez uma careta, não entendeu nem uma sílaba.
- Nada não...- dei uma risadinha.
- Acho que você devia ter cuidado com esses exageros.
- Sei.
- Vício é coisa séria.
- Uhum.
- Faz mal para a sua saúde.
- Mamãe? És tu? Veio para a balada também?- Perguntei brincando e passando a mão no rosto dela. Estava parecendo minha mãe mesmo nos sermões.
Anne deu um tapinha na minha mão.
- Ai ai...- Reclamei.
Ela revirou os olhos, parou olhando para mim e falou bem séria, colocando a mão sobre a minha enquanto nos olhavamos:
- Sério, Ryan. Sem brincadeiras... Ninguém se joga nos vícios sem motivo e pelo que conversamos essa noite percebi que você costuma fazer isso direto e que também deve ter os seus próprios motivos. Mas tente parar e tome cuidado para não beber demais. Se estiver com problemas, desabafe com alguém... Comigo, quem sabe. - Ela sorriu para mim de uma maneira tão bonita, que mesmo meio tonto fez eu focar totalmente nela - Sei que você está bêbado e que provavelmente nem entendeu o que eu disse, mas espero que consiga achar uma forma melhor de lidar com os problemas do que com bebidas e cigarros em excesso... Antes que esses seus vícios se tornem seus verdadeiros problemas.
Anne se levantou e foi se juntar com sua amiga que estava chamando ela.
Eu estava bêbado e quase sem raciocinar. Mas o engraçado é que não só entendi tudo o que ela falou, como também senti uma estranha vontade de seguir seus conselhos.
Mas o que era mais estranho mesmo era não saber o porquê da Anne mexer tanto comigo...

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