Capítulo 9

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- Rychard?- Falou uma garota loira um pouco a sua frente, ela o olhava totalmente surpresa.
- Ai... Ferrou!- Falou ele fazendo uma careta de espanto. Deu meia volta e saiu correndo.
- Ei! Ryck, espera!- Gritou a garota e também saiu correndo atrás dele.
Ryck decidiu ir correndo pelo meio, mas deu de cara comigo.
- Rychard! Você vai embora! Nem que eu tenha que te arrastar até o apartamento!- Falei olhando para os lados para me certificar de que ninguém nos veria.
- Tá! Eu preciso mesmo dar no pé!- Falou ele olhando assustado para trás.
Foi mais fácil do que pensei.
Ele me olhou e sorriu.
- Faz um favor e fica paradinho aí! Não fala que não sou eu, só se livra dela. Se ela perceber que estou morando por aqui vai bater de porta em porta tentando me achar. Fui!
- Espera aí... O que? Quem?
E saiu correndo feito o Flash. Me virei para a frente confuso e quase caí no chão com uma maluca pulando em cima de mim.
- Ryck! Ai, meu Deus! É você mesmo! Eu não acredito!
- Ai ai! Perai! Eu não sou...
- Senti tanto sua falta! Não sabe como fiquei louca de saudade!- Falou e já começou a beijar meu rosto e tentar beijar minha boca.
- Opa! Parou! Beijo não! Ah!- Eu esperneava tentando me livrar dela.
A garota, de um segundo para o outro, já mudou de cheia de amores para cheia de raiva.
- Seu cretino! Cachorro! Sem vergonha!- Falava furiosa enquanto me dava vários tapas e eu tentava me defender- Por que terminou comigo? Você disse que me amava! E de um dia para o outro decide terminar? Nem veio falar na minha cara, seu covarde! Terminou por celular!
- Foi?- Perguntei, porque dessa do meu irmão eu não sabia. Mas essa pergunta só fez ela ficar ainda mais furiosa.
- Seu idiota!- E atacou a bolsa pesada em mim várias vezes.
- Ai! Espera! Ai! Me deixa explicar... Ai! Eu não sou o...
- Não fala nada ou eu sou capaz de explodir!- Falou como se já não estivesse explodindo.
Um pouco depois ela parou a agressão alheia e me olhou.
- Sinto tanta falta dos seus beijos, Ryck. Do seu toque... Você é um idiota, mas não consigo ficar longe da sua idiotice...
E já começou a querer me agarrar de novo. Ô que garota bipolar, cara!
- Para com isso!- Falei tentando afastar as mãos dela de mim.
- Podemos encontrar um lugar para nos divertir como antes... Não está com saudade do que faziamos? Lembra da gatinha manhosa? Miau...- Falou com o jeito dela de ser sensual e ficava tentando se esfregar em mim, tipo um gato mesmo, mas acho que naquele momento eu era alérgico a felinos porque só queria me afastar daquela doida.
- Ei, cabeção! A aula de literatura, mano!- Falou Chris vindo até mim.
- Ai, é mesmo! Vamos perder!- Falei assustado e já dei um jeito de me desprender do agarra-agarra da garota.
- Mas... e a gatinha?- Perguntou a garota parecendo confusa.
- Literatura, me salva!- Falei e já saí apressado puxando o Chris que estava boiando. Ela ainda ia vim atrás de nós, mas a diretora chegou bem na hora.
- Mocinha! As aulas já estão começando.
- Mas...
- Nada de mas! Se apresse, ande!
Depois que Ryck correu durante um tempinho, sorriu e parou quando viu que tinha se safado da sua ex.
- O que está fazendo aí?- Perguntou Arthur se aproximando por trás.
- Ai, cara! Não me assusta. Parece que todo mundo está atrás de mim hoje!
- Como assim?
- Deixa quieto...
- Vamos? Está na hora da aula de literatura.
- Literatura? Tô fora! Isso é um porre. Falou Ryck fazendo uma careta.
- Está doente?- Perguntou Arthur confuso- Você quase falta me bater quando falo isso!
- Ah, pois é...- Disfarçou Ryck- É que eu mudo rápido de opinião. E acabei de lembrar que esqueci uma coisa na minha última aula, Arnaldo.
- Arthur!
- Meros detalhes. Fui!- E já saiu apressado de novo.
Arthur deu de ombros e andou por volta de dois minutos até que viu eu e o Chris.
- Mas já? Você se teletransportou ou o que?
- Eu?- Perguntei.
- Sim! Já buscou o que esqueceu?
- Hã... Já, claro! Eu sou o Usain Bolt.- Disse disfarçando.
- Percebi!- Falou ele surpreso.
- Vamos logo para a aula de literatura? Não quero me atrasar para essa aula!- Falei sorrindo.
- Vish, cara! Vai se tratar que essas mudanças de opiniões podem ser perigosas.- Falou me olhando como se eu fosse uma criatura estranha e acabamos indo sem comentar mais.
Depois de mais um dia na faculdade fomos embora.
Chegando no nosso apartamento, Ryck já se jogou no sofá tirando as botas e falou:
- Que louco! Sinto como se tivesse corrido uma maratona hoje.
- Também não é para menos, parece que você está fugindo de todo mundo!- Falou Christian colocando sua bolsa no chão.
- É, principalmente da sua ex! Que ideia foi aquela de me deixar com ela?
- Eu sei! Foi uma ótima idéia, né? Espero que não tenha falado nada sobre mim.
- Nem tive chance! Ela praticamente ficou me agarrando e perguntando se eu lembrava de uns negócios estranhos de gatinha e sei lá o que sem parar.
- Hum... - Ryck se encostou no sofá e concordou com a cabeça, com um sorrisinho malicioso no rosto- É, me lembro disso. Miau...
Ryck estava com cara de bobo e com os pensamentos bem longes dali. Apenas olhei para ele estranhando.
- Na verdade só pedi ela em namoro porque era a forma mais fácil de chegar ao nível que eu queria e depois terminar, só durou duas semanas! Realmente era incrível ficar com ela, pena que a mina era muito grudenta e tinha um temperamento muito instável, sabe?
- Nem percebi!- Eu disse revirando os olhos- Mas por que falou que amava ela então se ia terminar?
- Eu estava bêbado quando falei isso! Todo mundo sabe que não pode me levar a sério bêbado!
- Bom, acho que esqueceram de avisar isso para ela...
Falei e fui tomar meu banho.

Eu estava na aula de História, Chris e Arthur estavam em outra.
Ficava prestando atenção no tema que eu já havia lido bastante a respeito, mas que com a explicação do professor as informações estavam ficando mais claras.
- Com licença, professor. Posso entrar? Fui procurar a professora de filosofia para entregar um trabalho.
Olhei para a porta e vi aquela mesma garota que deu um fora no meu irmão nos primeiros dias de aula.
- Pode entrar, mas procure não se atrasar mais senhorita Rey.
- Obrigada.
Ela entrou e procurou um lugar para se sentar, a sala estava cheia naquele dia.
Parece que ela meio que me "reconheceu", tinha um lugar ao meu lado, mas ela ainda ficou procurando outro. Não encontrou, então se sentou ao meu lado mesmo.
Me senti um pouco estranho. Fica um clima esquisito quando você dá um fora em alguém? Pois também é muito esquisito tudo apontar que você que tomou o fora, mesmo não sendo verdade.
Fui olhar para o rosto dela por um breve momento e ela também estava fazendo o mesmo, nossos olhares se cruzaram mas desviamos rápido.
Disfarça!
Pensa...
E sente vontade de falar com ela.
Essas foram as três coisas que eu fiz, estava em um dilema por querer puxar assunto com aquela garota desconhecida do nada, era difícil eu querer me aproximar de alguém.
Talvez eu tenha ficado curioso com relação a essa garota, para negar o Ryck é porque era pelo menos um pouco diferente das outras.
- E foi assim que tudo aquilo começou.- Falou o professor.
- Na verdade falam que teve muitos outros motivos envolvidos, mas que esse foi o que mais se popularizou.- Comentou a garota levantando a mão.
- É... Isso é verdade senhorita Rey. Boa observação! Vamos comentar um pouco sobre esses outros motivos...
Olhei para ela surpreso.
- Achei que só eu havia notado que ele não falou sobre os outros motivos...- Comentei baixinho.
Ela olhou para mim e falou:
- Gosto bastante de História, então já havia lido um pouco sobre esse tema.
- Eu também gosto, as vezes eu fico surpreso com o tanto de coisa que aconteceu. E olha que muitos fatos ainda estão esperando para serem descobertos!- Sorri de leve.
- Exatamente!- Falou ela sorrindo surpresa- É surpreendente como tudo se encaixa e vai evoluindo. Uma frase que eu gosto muito e que cai perfeitamente é "A leitura de todos os bons livros é...
- Uma conversação com as mais honestas pessoas dos séculos passados."- Falei a frase de Descartes junto dela e rimos.
Mas o professor olhou para nós, o que nos fez ficar calados.
Olhei para ela mais uma vez e sussurrei:
- Seu nome é Anne?
- Sim... Você falou que o seu é Ryan naquele dia, certo?
- É... Desculpa por aquilo. Vi que você não gostou.- Falei meio envergonhado pelas atitudes do meu irmão.
- Tudo bem... Talvez eu tenha sido um pouco grossa. Eu só não gosto de que as pessoas se aproximem de mim pensando em ter algo a mais. Não estou aqui para isso, sabe?
- Sei como se sente! As vezes as pessoas acham que só existe isso no mundo, sei que namorar e ficar deve ser ótimo. Mas não vejo só esse lado...
Ela parou um pouco confusa.
- Está tentando ser legal só para se aproximar de mim de novo?
- O que?- Perguntei surpreso- Claro que não! Não faço essas coisas.
Acho que ela viu que eu estava sendo sincero, mas finalizou dizendo:
- Gosto de pessoas sinceras, Ryan. Então se vamos nos aproximar, ou até ser amigos, não minta para mim... Existem muitas pessoas falsas nesse mundo, estou tentando manter distância delas.
- Claro... Eu entendo.- Comentei um pouco nervoso.
Eu mentia quando me envolvia nos segredos do meu irmão, mas não queria ser um mentiroso...

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