Capítulo 25

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A primeira reação que o desespero e o medo me fizeram ter foi a de correr como um louco e me fechar no banheiro.
Tranquei a porta e me encostei nela apavorado. Coloquei as mãos na cabeça, temi que mais alguém pudesse descobrir que aquilo rolou. Ia abaixar meus olhos para ter certeza, mas não queria e de certa forma não precisava. Já era claro a resposta.
Meu corpo sempre foi tão difícil para essas coisas, estaria mentindo se dissesse que nunca fiquei excitado, mas era algo raro e daquela vez foi tão do nada!
Minha respiração ainda estava acelerada, me olhei no espelho do banheiro sem saber direito o que estava vendo. Eu parecia diferente, sabia que eu estava diferente... Só não queria admitir.
Eu sabia que não estava com frio daquela vez... Christian foi o motivo do meu arrepio. Quando ele me tocou foi como se sentisse uma onda de energia me tocar junto dele. Todas as vezes que meu coração disparou não foi por tensão ou atividade física, foi porque Chris estava me olhando, me abraçando ou simplesmente sorrindo para mim.
Sabia disso desde que começou a acontecer, mas queria continuar negando, porque eu sabia que admitir estar ficando tão mexido por causa do meu amigo era...
Não! Ainda tinha que ser impossível! Por que aquilo estava acontecendo? Parecia... Errado!
Minhas costas estavam encostadas na porta, deixei minha cabeça também se escontar nela e me permiti escorregar aos poucos até me sentar no chão. Só conseguia pensar em tudo, uma grande preocupação misturada com espanto me invadiu... O que era aquilo que estava sentindo por Chris?
Não sei quanto tempo fiquei sentado ali, me sentindo confuso, sem reconhecer 100% eu mesmo. Só sei que foi tempo suficiente para Chris recuperar sua toalha, socar um pouco o Ryck, apagar o vídeo e se vestir.
- Ryan? Está aí dentro?- Me assustei ao ouvir a voz de Christian vinda do lado de fora. Olhei para o chão e escutei meu coração responder ao som da voz dele acelerando novamente.
- Sim... Estou.- Falei.
- Já estamos prontos para o cinema!
Fiquei quieto, com a mão próxima ao lugar do meu peito onde sentia pulsar.
- Você está bem?- Ele perguntou preocupado.
Pensei e falei:
- Estou sim... Já vou sair.
Dessa vez só fomos eu, Ryck, Juh, Eliza e Chris para o cinema. Relembrar um pouco os velhos tempos de ensino médio quando éramos só nós. Eu sempre sentava entre Christian e Eliza para poder comentar com os dois conforme o filme, mas olhei para Chris e senti medo de mim mesmo, me sentei do outro lado de Eliza.
- Não vai se sentar aqui, Ryan?- Perguntou Chris, confuso.
- Não... Desse lugar eu não vou conseguir ver direito!- Dei uma desculpa.
Me sentei e ele falou:
- Ah, de boa! Então a gente muda de lugar.- Chris sorriu e saiu do lugar dele, vindo para meu outro lado para se sentar.
Socorro...
Para dizer a verdade, nem me lembro o nome ou sobre o que era o filme que estávamos assistindo. Porque na minha mente, durante todo o cinema, ficou apenas passando vários pensamentos meus e do Chris, questões que eu estava desesperadamente tentando achar uma resposta. Tinha praticamente um mês que comecei a ficar estranho perto dele. Quando o filme estava quase para acabar, eu realmente juntei todas as peças e falei a verdade para mim mesmo... Seria possível eu estar sentindo algo... não só por um garoto, mas pelo meu melhor amigo?
Tentei não pensar mais naquilo, pelo menos por enquanto... Estava tenso de admitir.
Olhei para a tela querendo muito poder relaxar um pouco, estava prestes a passar a cena final. Chris, talvez percebendo um pouco minha inquietação decidiu fazer o que ele fazia de melhor, fazer eu me sentir bem. Se aproximou do meu ouvido e falou algo sobre o filme, ele falou uma coisa muito nada haver na hora que do nada eu não me controlei, momentaneamente saí dos devaneios e nós dois caímos na gargalhada, somente ri! E aquilo, por incrível que pareça, foi o suficiente para me fazer esquecer pelo menos um pouco dos meus problemas.
Apenas sorrir com ele...
Eliza ficou rindo também e zoando a gente falando que pareciamos dois retardados, já a Juh e o Ryck ficaram jogando pipoca na gente.
Eu não sabia o que estava acontecendo, muito menos se era uma coisa errada, mas tinha certeza que ver Chris, com seus olhos cheios de vida que iam de encontro aos meus, enquanto sorriamos, curtindo aquele instante e sentindo meu coração dizer mil coisas de novo... Era uma sensação muito boa.
Na noite daquele mesmo dia, depois que jantamos, Juh e Eliza estavam arrumando os cochões para se deitarem na sala, Ryck e Chris estavam terminando de acabar com a pizza que pedimos. Já eu falei que ia me deitar e fui para o quarto, deixei a porta escorada. Continuava confuso, então decidi pesquisar! Era o que eu sempre fazia quando me sentia em dúvida, então por que não fazer isso agora?
Pesquisei em vários sites que tinham como tema explicar um pouco mais sobre... a homossexualidade.
Eles começaram exclarecendo que fantasiar com membros do mesmo sexo não indicava, necessariamente, homossexualidade. Agora algo repetitivo ou mais forte como um sentimento romântico significava que estava mais inclinado para o lado homossexual, mas que era importante ver tudo antes de se rotular, se é que se rotularia.
Dizia que para descobrir um pouco mais sobre minha sexualidade era bom pensar nas minhas experiências românticas ou fantasias com o mesmo sexo.

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