Capítulo 49

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Eu estava me apaixonando de novo? Sério?
Foi muito do nada que o Thomas se aproximou de mim, nunca tive um garoto que além de meu amigo, se aproximasse assim, mostrando que também podia estar interessado. E, cá entre nós, é um pouco difícil não sentir nada por uma pessoa como Thomas, engraçado, romântico, muito inteligente, talentoso, um ótimo amigo e ainda por cima lindo... O grande porém era a namorada que ele dizia tanto ter, já até tinha mostrado fotos deles juntos agarrados... Então o que estava acontecendo, afinal? Ele estava se aproximando de mim mesmo tendo uma namorada? Que tipo de cara Thomas era, então? Ele podia ser um príncipe encantado ou um sapo disfarçado.
De noite eu estava deitado na cama lendo a história que ele me indicou e estava gostando bastante, aquele livro já estava entrando na minha lista de preferidos, talvez o fato de ter sido ele que tinha indicado estivesse deixando o livro um pouco mais especial...

"Eu não sabia o que pensar, apenas vi ele se afastando e quanto mais se afastava, mais meu coração se apertava e queria que ele ficasse. Então eu simplesmente perdi o controle, não podia mais mentir para mim mesmo nem para ele, tinha medo do que estava sentindo por um garoto, mas não escolhi me apaixonar... Apenas segurei sua mão antes que ele se fosse, nossos olhos se cruzaram e puderam dizer um ao outro o que mais queriam, antes dos nossos lábios se tocarem e se entregarem em um beijo completamente apaixonado, meu coração parecia ter um novo ritmo naquele momento. Não era um simples beijo, era como se uma explosão do sentimento que eu estava experimentando por ele se expandisse por cada centimetro de mim e tomasse conta de tudo ao redor..."

Nunca senti isso... Esse livro estava traduzindo tudo o que eu estava passando, eu apenas não tinha conseguido deixar o medo de lado e ver como realmente é esse sentimento que não te deixa escolher, ele escolhe por você.

***Eliza***

Todos nós estávamos nos arrumando para a festa, vi Ryan de frente para o espelho do banheiro arrumando os fios do seu cabelo loiro, Julie correu até a porta.
- Qual fica melhor, maninho? Essa saia ou essa?
- Elas são quase iguais.- Falou ele.
- Mas elas são tons de rosa diferentes. É uma grande decisão!
- Ok- Ryan revirou os olhos- Essa.
Apontou para a da direita e ela correu toda sorridente para se trocar.
Também sorri balançando a cabeça e me aproximei dele arrumando o vestido.
- Ryan, me ajuda com o colar?
Ele concordou e eu me virei de costas. Assim que terminou de por me virei de volta, Ryan sorriu me observando e falou com um sorriso no rosto:
- Você está linda, Eliza!
Naquele dia estava bem maquiada e com um vestido cinza e preto. Dei um sorriso tímido de volta, talvez corando um pouco. Mas eu sabia que essa frase não significava um "nossa, só tenho olhos para você!" e sim que ele tinha me achado bonita mesmo, mas como a amiga que sempre fui.
- Arthur vai estar lá...- Comentou ele olhando para o lado. Que safado, vi na sua cara que tinha falado aquilo de propósito, queria ver minha reação.
- Eu sei.
- Está se arrumando assim por causa dele?
Parei surpresa. Claro que não! Quer dizer, eu sabia que ele estaria lá e pensei na cara que Arthur faria enquanto estava escolhendo a roupa... Mas não! Acabei rindo exageradamente tentando esconder meu nervosismo.
- O que? Ah, claro que não, né Ryan?
- Não vejo problema nenhum nisso...
- Não estou, ok? Afinal, ele é... o Arthur!
- E o que tem ele ser o Arthur?- Perguntou cruzando os braços.
Me fiz essa pergunta várias vezes...
- Bom, nada. Não posso negar que ele é bonito, bondoso e... engraçado. Me faz rir bastante, mas... Arthur é o oposto do que eu quero.
Arthur era o oposto do Ryan... O cara por quem sempre fui apaixonada e que descobri que só me via como amiga. Eu estava seguindo em frente, mas não conseguia me imaginar gostando de uma pessoa tão diferente do que costuma me atrair.
- Já pensou que as vezes é desse oposto que você está precisando?
Me calei olhando para o Ryan, realmente não sabia o que dizer nem se ele estaria certo.
- E aí, estão todos prontos? Falando em todos, cadê o Rychard?- Perguntou Chris vindo do seu quarto e colocando uma toca.
- Ele tinha ido no centro com o Felipe para comprar os novos instrumentos e equipamentos que vão precisar para o show de dezembro. Acho que não vai na festa dessa vez.- Comentou Ryan arrumando sua jaqueta jeans, ele também estava bem produzido aquele dia.
Chris foi ver se a Julie estava pronta e assim que ela terminou, uma eternidade depois já que a Juh demora o triplo que eu para se arrumar, nós fomos para a festa.
Lá na boate do centro era bem grande e estava animado como nunca com o povo da faculdade fazendo suas loucuras e curtindo bastante, enquanto os neons coloridos não paravam e as caixas de som pulsavam com o som contagiante.
Nos encontramos com o resto da nossa turma e ficamos conversando e rindo bastante. Logo vi Thomy se aproximar com a Anne, ele me abraçou dando um beijo no meu cabelo. Adorava o jeitinho carinhoso dele, vai ver por isso conquistou minha amizade. Teve um momento em que vi ele e o Ryan se encararem de uma forma um pouco diferente, acho que foi impressão minha, mas Ryan parecia nervoso em ficar perto dele.
O tempo foi passando e a gente curtindo bastante, os dois realmente estavam um pouco estranhos. Ryan dava respostas curtas, sabe? E fazia o máximo para manter distância dele e conversar com outras pessoas do nosso grupo... Provavelmente estavamos na mesma situação, porque eu estava fazendo o mesmo com o Arthur.
Eu não consegui fingir que estava tudo bem, ok?
O chato do Ryan conseguiu mesmo fazer eu ficar me questionando... E se era mesmo do oposto do que queria que eu estava precisando? Mas eu e o Arthur? Será que a gente chegaria a combinar?
Ah, eu estava surtando... Como eu conseguia dar conselhos e ajudar todo mundo, mas quando se tratava de um problema meu, principalmente amoroso, perdia a cabeça?
Teve uma hora em que nem consegui conversar e curtir com meus amigos por causa dessas paranoias. Me afastei e fui sentar na banquinho do bar que tinha na balada e fiquei tomando meu coquetel, não queria ficar bêbada... Só parar minha mente de me perturbar!
E quem eu vejo se aproximando?Ele mesmo! Arthur se aproximou aos poucos como se não quisesse nada e se sentou à dois bancos de mim. Fingi que ele não estava lá e continuei bebendo.
- Eu sei. Linda, né?- Comentou olhando para seu copo de tequila e depois para mim, como se estivesse conversando com a bebida. Escutei mas fingi que não, mesmo no fundo gostando dos olhares que ele estava me lançando.
- Sim, mas ela não me dá bola! Eu sou gatinho, não sou? Não sei porque ela é tão má comigo... Acho que talvez seja pelo que aconteceu no banheiro excitante. Ah, eu não vou te contar o que aconteceu lá! É segredo... mesmo todo mundo já sabendo.
Revirei os olhos disfarçadamente. Todo mundo mesmo... Eu sei que não foi culpa dele aquilo vazar, mas, sei lá, é difícil fingir que nada rolou entre nós assim.
- O que disse? Acha que eu devo falar com ela mesmo correndo o risco dela me matar?- Arthur pensou bastante, eu olhava para ele vez ou outra disfarçando- Hum... Ok, confio em você, vou chegar nela... Saúde!
Bebeu a tequila em um gole e se aproximou de mim. Fiquei um pouco tensa de estar sozinha com ele, mas tentei fingir que não.
- Oi, gata. Todos me chamam de Arthur, mas hoje você pode me chamar só de Thur, porque quando te vi essa noite perdi o Ar...- Falou ele sorrindo e me olhando de cima a baixo, conseguia ver só pelo seu olhar que eu estava mais que aprovada.
- Essa foi péssima.- Comentei sem nem olhar para ele e brincando com o canudinho, mas no fundo estava orgulhosa por ter feito ele me achar bonita.
Arthur se encostou no balcão ao meu lado e olhou para o pessoal dançando, eu sabia que ele estava chateado pelo gelo que eu estava dando... Mas não sabia o que fazer!
- Eu sei, hoje está difícil... Se eu soubesse tinha trazido um garfo para te dar.- Falou Arthur.
Estranhei e olhei para ele.
- Um garfo? Para que?
- É porque eu estou te dando sopa.- Arthur fez um biquinho... e eu me amaldiçoei por achar ele fofo fazendo isso. Mas ainda fiquei sem entender:
- Sopa... não se come com garfo.
- Ah, mas isso é porque eu sou difícil!- Falou Arthur passando a mão no cabelo, fazendo charme.
Naquele instante não consegui segurar e acabei rindo e dizendo irônica depois:
- Muito difícil!
Arthur já se animou ao me ver rir e falou sorrindo e se aproximando mais:
- Até que enfim consegui ver esse sorriso lindo...
Tentei parar de sorrir e corei um pouco.
- Nem sei porque dei risada, você deve usar essa com todas.
- Tecnicamente com todas não, porque a maioria delas me deixam falando sozinho nas primeiras palavras.
- Sei, nem se finja de inocente que você consegue ficar com algumas garotas sim sendo engraçado.
Na verdade esse fato me incomodou.
- Poucas! Não me esforço para isso, não quero ser do tipo pegador.
Olhei para ele.
- Por que?
- As vezes cansa apenas ficar, mas hoje em dia é o que todo mundo faz. E as garotas também não tendem a gostar de caras piadistas para relacionamento sério... Faça as contas e vai resultar em um Arthur solteiro!
Me voltei para a frente. Cheguei a pensar a mesma coisa... Não por ele gostar de brincar, mas tinha medo de Arthur acabar não levando nada a sério com esse jeito dele.
- Você é um exemplo disso.
Nós dois nos olhamos. Arthur sorriu de leve e continuou:
- Sabe que eu gosto muito de você, mas também sabe que eu nunca vou chegar a ser um Ryan da vida, certinho e intelectual... Eu entendo que você não goste de mim por eu ser o contrário dele.- Falou dando de ombros, mas vi nitidamente que aquilo o chateava...
Abaixei meus olhos pensativa.
- Eu nunca disse que não gostava de você, Arthur...- Acabei soltando.
Eu gostava. Sabia disso.Talvez até mais do que achava que deveria, mas não sabia o que fazer.
Arthur olhou para mim surpreso.
- Eu só... estou confusa! Sempre fui apaixonada pelo Ryan e tive casos em que gostei de caras com jeitos parecidos, mas não iguais a ele e por isso não deram certo... E agora você apareceu, o oposto dele! Será mesmo que isso daria certo?
Nós ficamos quietos olhando para o nada. Na verdade nem Arthur sabia se daria realmente certo.
- Eu ainda me sinto muito vazia. Quero esquecer de vez o Ryan porque sei que ele nunca vai me ver além de uma melhor amiga, mas tenho medo de voltar a me iludir... Só queria que as coisas fossem mais simples e que eu soubesse controlar meus sentimentos. Gostar de alguém que também possam sentir o mesmo por mim...
Olhei para Arthur novamente me perguntando se ele poderia ser essa pessoa.
- Te entendo. Você não tem como saber o quanto eu queria ter algo com você, Lizi. Eu não sei se vai dar certo no final, mas eu tentaria de todas as formas fazer dar certo, porque você é uma garota incrível, Eliza! Falo muito sério quando digo que nunca conheci alguém como você... perfeita em vários sentidos.- Os olhos de Arthur me diziam tanto. Percebi que quando ele dizia que eu era perfeita ou linda realmente me via assim, como se só tivesse olhos para mim naquele momento. Arthur continuou- Ou em minhas palavras... Caramba, seu pai é advogado? Porque ele fez direito!
Acabei dando risada novamente, nossos olhares ainda conversavam um com o outro enquanto ficavamos em silêncio, até ele dizer:
- Já tem um tempo que eu... estou apaixonado por você, Eliza. E o que mais queria era poder ser o cara certo para você... Mesmo sendo o oposto do seu certo.- Ele deu de ombros e sorriu pensativo.- Mas seria difícil com você pensando em outra pessoa.
Corei sorrindo de leve pelas declarações que ele me fez, mas percebi que Arthur estava preocupado de eu ainda estar apaixonada por outro alguém. Ergui meus olhos verdes para ele, pensei em tudo naquele instante... Mas quis acreditar que ele era mesmo o certo para mim.
- Acho que podemos tentar, quero te conhecer... e que me mostre o quanto posso me apaixonar por você, Arthur... Não estou mais apaixonada pelo Ryan.
- Tem certeza?
- Sim, acredite em mim.- Falei e vi que Arthur estava pensativo, parecia querer muito fazer aquilo, mas estava em dúvida.
- Acho que posso tentar te convencer...- Sorri tomando coragem e o puxei mais para mim, fui o envolvendo e beijando demoradamente, dessa vez Arthur não relutou como da primeira vez e me correspondeu com ainda mais vontade.
Vi ele sorrir quando aquele beijo terminou, olhando para meus olhos verdes.
- Bem que você poderia me convencer a noite inteira...
Sorri e disse brincalhona:
- Talvez esse seja o plano.
Arthur sorriu e voltou a envolver ainda mais meus lábios, demonstrando o quando gostava de mim, nós queriamos repetir isso desde a primeira vez e dessa, não precisávamos parar... Continuamos naqueles momentos intensos de beijos cheios de vontade por um bom tempo, aproveitando juntos, conversando, nos conhecendo bastante e tirando o atraso dos beijos e toques que não pudemos dar antes. Mas em um momento da noite, quando os beijos e carícias já estavam ficando bem mais atrevidos, Arthur perguntou descendo por meu pescoço:
- Ainda me acha sexy?
Dei risada, revirei os olhos sorrindo pois não queria admitir, mas acabei fazendo isso mesmo:
- Acho...
- Vem comigo?- Ele fixou nossos olhos.
- Aonde?
- Encontrar um banheiro excitante. O que acha de resolver isso de você nunca ter transado em outros lugares que não fosse no quarto?- Perguntou sorrindo travesso.
Tentei segurar mais uma risada do que ele estava me propondo, era loucura mas ainda assim muito tentador... Sorri maliciosa e dei um beijo cheio de desejo nele antes de sairmos de mãos dadas. Era errado? Pois agora aquilo era o meu certo...
Passamos juntos tentando ser discretos.

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