Capítulo 41

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Acordo cedo, a casa toda ainda está dormindo. Não tenho problema nenhum para me mover, é como se eu conhecesse tudo isso. Na cozinha não tem nenhum empregado. Olho a geladeira e tem algumas frutas, eu pico elas e faço uma salada de frutas. Pego o iogurte, faço suco com as laranjas que encontro. Volto ao andar de cima com cuidado e vou para o quarto de João Miguel.

Ele está apenas de cueca em meio aos lençóis. Fico olhando seu peitoral definido, suas veias grossas em seus braços, as tatuagens que o deixam mais sexy. E falando nisso, me chama muito atenção uma tatuagem que ele tem no braço esquerdo, eu sei que já vi ela em algum lugar. Um flash muito rápido passa em minha cabeça. O dia em que eu fiz a minha tatuagem, que por sinal é igual a dele. É recomeçar!

Muitas dúvidas se fazem na minha cabeça, porque eu a fiz? Ele esteve comigo?
Acordo ele com calma, abro as cortinas clareando todo o quarto.

- Amor, deixa eu dormir mais um pouco.

- João acorda, trouxe café pra você. Ele age como se fosse a coisa mais normal.

Também não falo nada, posso ver em seus olhos, que está feliz. Só não sei porque mas tem uma sombra que o deixa retraído. Comi junto com ele e foi divertido, acho que acertei na escolha. Nem pensei muito, foi algo automático.

Fico muito mau com o que vejo, parece coisa de quem já tem intimidade. Patrícia entra com trajes de dormir no quarto.

- Senhor o bebê acordou, a Maryah não ta no quarto. Ela me vê e tenta disfarçar.

- Deixar ele aqui e pode se retirar por favor. Não sei gosto de como ele fala, mas parece um tanto grosseiro. Ela me olha como se quisesse pular em meu pescoço, mas eu não entendo qual é o problema.

- Eu quero te mostrar uma coisa, depois te levar a um lugar. Mas antes quero que veja essas fotos. Ele pegou uma caixa preta em cima do guarda roupa. Dela tira algumas coisas e me mostrou uma foto dele mais jovem e duas mulheres.

- Essa é Luíza, minha primeira namorada. Conheci ela no colegial, eu era completamente apaixonado por ela. Paixão, não amor. Essa é Hellena, mãe de Luíza, ela foi abandonada grávida e sempre batalhou muito para dar tudo do bom e do melhor para Luíza. Hellena sempre foi bonita, e mesmo sabendo da paixão que eu tinha por sua filha, jogava seu charme para cima de mim. Quando meus pais morreram, eu deixei tudo para trás e comecei do zero em Londres. Apenas queria esquecer tudo que tinha acontecido, queria esquecer a minha vida, minha dor. E como Luíza era mimada, acabou se envolvendo com pessoas erradas, usou muitas drogas. Não tinha como recomeçar com alguém assim, que não queria mudar, ela se viciou no crack e na cocaína. Não tinha mais volta, se curar exigia muito dela. Hellena sempre me procurava, acreditava que eu era a única pessoa que poderia mudar Luíza. Eu tentei algumas vezes mas desisti pois todas as vezes ela voltava a usar drogas. Em uma dessas idas e voltas, Vanessa me disse que estava grávida e isso era tudo que eu precisava para enterrar de uma vez todo o meu passado. Luíza sumiu por um tempo e quando pensei que ela tinha me esqueci recebi um carta, a última. Ela dizia estar grávida então voltei ao Brasil na mesma semana, foi a pior coisa que eu fiz. Alguma coisa na conversa me é familiar, não é estranho. Sua aparência fica triste, ele me entrega a outra foto com ele e a moça grávida, que deve ser Luíza.

- Conversei com ela, tentei mudar os pensamentos dela pela criança que iria nascer. Ela até concordou mas quando contei sobre Vanessa e que não tinha intenção de abrir mão da minha nova vida, ela ficou decepcionada. Deixei claro que nunca deixaria de ajudar ela e a criança, tiramos essa foto mas depois ela sumiu, desapareceu sem dar notícias. Eu não queria ir embora sem a ver, quando a encontraram ela estava morta, teve uma overdose e infelizmente o bebê não resistiu. Sabe eu... Quero te levar ao jardim. Tenho a impressão que ele queria falar outra coisa. Ele pede para Patrícia ficar em casa com o bebê, porque vamos dar um passeio. Como ele disse antes, paramos no jardim em frente a um vaso.

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