45. quatro patas

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Tayra.


Cezar insistiu em ficar comigo no galpão, então assim que ficamos a sós, tentei dormir.
Ele se remexeu a noite toda fazendo barulho no feno, provavelmente não está acostumado a ficar longe da sua mordomia, oque só provou o quanto ele pode ser leal e atencioso.
Eu queria poder conversar com ele, falar alguma coisa pra puxar assunto ou ao menos agradecer o gesto dele.
Mas como estaria na pele de pantera até o amanhecer, fechei os olhos e adormeci.

Na manhã seguinte, levantei um pouco antes dele e procurei pelas peças de roupa que haviam sido deixadas.
Eram peças masculinas, provavelmente dos Belfort, eu me vesti e quando estava terminando de vestir a blusa, ouvi a voz dele.

— bom dia panterinha..

O olhei por cima do ombro e não respondi, mas me lembrei que devia agradecimentos a ele e então falei.

— olha, eu sei que a gente mal se conhece.. Mas oque você fez ontem foi importante pra mim. Valeu.

Ele sorriu e se levantou batendo o feno da roupa.

— sem problemas.. Sempre que precisar, é só chamar.

Nós saímos do galpão e andamos de volta até o colégio, durante o caminho ele ficava me olhando de um jeito estranho, então resolvi perguntar se ele sabia de algo que eu não me lembrava.

— aconteceu alguma coisa ontem?

Cezar disfarçou na mesma hora e segurou um riso.

— não.

— tem certeza? Porque você parece mais estranho que o normal.

Ele me olhou de canto e riu.

— okay.. É que quando você estava na forma de pantera...

— eu oquê? Eu te mordi? Eu mordi alguém? Eu MATEI alguém?- o encaro desesperada.

Ele volta a olhar pra frente e balança a cabeça rindo.

— não, na verdade eu duvido muito que fosse..você pode parecer durona Tayra, mas no fundo eu sei que é só uma gatinha indefesa.- provocou.

Abri a boca incrédula e antes que respondesse, ele continuou.

— eu confesso que fiquei com um pouco de receio por estar trancado com você, em especial porque a gente mal se conhece.. Mas falando sério, você é muito fofinha.- ele ri alto.

Fechei a cara e cruzei os braços.

— do que você está falando?

Cezar parou de andar e virou pra mim rindo.

— Tayra, você ronronou..- ele gargalha.

Continuei o encarando sem entender a graça daquilo e ele saiu andando na frente morrendo de rir.

— e oque isso tem de tão engraçado? Deixa de ser idiota. Quer saber, na próxima eu vou mesmo te morder!- ameacei.

— vou esperar então.. Gatinha..- ele ri outra vez.

Bufei e passei esbarrando no ombro dele, mas ele me alcançou e continuou o caminho todo me provocando até chegarmos na escola.
Passamos pela Hailey e assim que entrei, fui direto para o alojamento tirar a roupa com cheiro de lobisomem.

Enquanto tomava banho e me livrava do odor felino na minha pele, planejei uma noite bem mais interessante para a próxima lua.

Ele vai ver só quem é a gatinha hoje a noite.

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Jake.

Nós estávamos deitados na clareira a algumas horas, ela ria quando eu tentava me coçar na grama e ver o sorriso dela amenizava a tortura que era ficar ao lado dela sem poder toca-la de verdade.

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