Capítulo 2

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Do outro lado da cidade

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Do outro lado da cidade...

-Perdeu cara, já era! - Rafael me zoava rindo da minha cara de cansado.
-Eu não tive culpa. Aquele lugar é o inferno, as ruas fedem, as pessoas tanto quanto. - Me lembrei do infeliz acidente com aquela garota mal-educada e desbocada. - Sem contar o quanto são mal-educadas e boca sujas! Caramba eu tive que colocar a mão na poça de água para pegar os documentos e salvei o que deu.
-Assim você me decepciona Enzo, não consegue nem ser um boy, como acha que nossos pais irão confiar a nós a presidência?
-Nossa, como você está preocupado. - zombei - E isso não foi um teste, eu só perdi a aposta.
-Claro, não consegue ficar sem mulher do lado. Eu disse que não conseguia passar a noite de ano novo sem pegar uma mulher e você pegou três!
-Tem coisas que para um homem é quase impossível, ficar longe de beldades é uma delas. - Sorri ao lembrar como foi fácil levar as três para o motel.
-Deu conta das três?
-Dei meu jeito! - O sonho veio novamente a cabeça. Quem ser a á mulher que eu peguei que não me lembro? Ah! Deixa isso pra lá... a primeira gostosa que passar eu traço e esqueço esse sonho doido. - Mas me fala, e o seu namoro? Ainda está pensando mesmo em pedir a Cecília em casamento?
-Não tenho nenhuma dúvida quanto a isso. - Falou sério com um olhar perdido.
-Meus pêsames então! Por isso que eu falo, nada melhor que curtir a vida, na boa, pegar e não se apegar!
-Já passei desta fase meu amigo, isso não está mais nos meus planos. Agora vou sossegar, a Cecília é diferente de todas que já conheci, não sinto necessidade de mais nada além dela.
-Você é um bocó! Todas são iguais, só o que as difere é o tamanho do silicone.
-Tá bom, chega desse assunto pois nisso não poderíamos discordar mais. Me passa as coisas do Renato, amanhã ele vai precisar delas e você me deu mais trabalho do que trabalhou.
-Ao menos não fechamos sociedade com a loja naquele lugar. Deus me livre, nunca mais quero voltar lá! Ainda estou indignado por causa daquela baixinha petulante. - E estava muito mais quando tudo aconteceu. Estava naquele lugar contra minha vontade só por que perdi uma aposta idiota que nem sei por que concordei, a derrota era certa. Aqueles documentos eram importantes para a abertura de mais uma filial, e enquanto tentava localizar a rua uma maluca trombou comigo derrubando todos os documentos na água. Ela devia ter por volta de 1,65 de altura, mas causou um estrago de um elefante. Entreguei o capacete, o documento da moto e o rádio.
-Enzo, esse não é o rádio dele!
-Não? - Peguei o rádio na mão. - Me parece o mesmo que me entregou. Eu nem o usei.
-Você deve ter deixado em cima de algum balcão, e certamente foi trocado. Nossos rádios são padronizados em todas as lojas e esse é um dos nossos, você deve ter trocado em uma das lojas que visitou.
-Tenho certeza que não tirei do bolso a não ser... - colocando a mão no queixo lembrei-me da cabeçada que tomei e da hora que nossos rádios caíram. Espera, então aquela desbocada faz parte do nosso quadro de funcionários? Como puderam contratar alguém como aquela menina?
-Já sabe onde foi?
-Sim! Foi com a infeliz que esbarrei. - Falei vendo o sorriso no rosto dele. - É até bom que só assim me vingo a raiva que passei e a demito! - Brinquei. - Me passa aqui que vou passar um rádio pra ela. Qual o número dele? - Rafael pegou o rádio da minha mão.
-Daqui a pouco, primeiro precisamos conversar. Desde que você voltou de Boston que estamos pra ter essa conversa.
-Está bem, então vamos ao que interessa. - apoiei os cotovelos na mesa atento a ele.
-O meu pai me passou alguns dados de umas lojas e uns um tanto preocupantes. Eles usam um método muito antiquado e quero modernizar isso.
-As lojas não estão dando resultados? - Perguntei olhando o caderno acima, uma das coisas antiquadas que nossos pais ainda preservavam. Não gostavam do computador e anotavam todas as contas em cadernos.
-Algumas sim, outras nenhum. Pensei em uma renovação de quadro, mudança de abordagem ou qualquer coisa do gênero.
-Renovação? Demissão? - Falei já me preocupando.
-Isso! Pensei em tirar os acomodados e colocar sangue novo, pessoas motivadas.
-Rafa, na boa, sabe o quanto sou contra demissão, existem pessoas ali que trabalham há anos e em quem nossos pais tem muita confiança. Podemos pensar em um meio de motiva-las, talvez uma reciclagem, benefícios.
-É Enzo, mas também tem muita gente acomodada. Pessoas que colocam atestados e faltam sem motivos.
-Então o ideal seria verificar o histórico de cada um e então fazer uma seleção. A começar pelas gerências.
-Por que a gerência? Desconfia de algo?
-Não, mas na pós-graduação de economia que fiz em Boston aprendi que a safadeza começa por lá, então antes de olhar os operários, olhe a realeza.
-Bom argumento! Bem só temos que ver como faremos. Nossos pais deixaram tudo em nossas mãos antes de viajarem, mas eu sei que aos olhos dos funcionários somos apenas os filhos dos patrões. Precisamos ganhar a confiança e o respeito.
-E eu preciso de um belo pedaço de carne, deus do céu, que fome estou!
-Então, vamos almoçar, você fala com a pedra do seu sapato desbocada para recuperar o rádio e depois tentamos achar um meio de conciliarmos nossos objetivos!

Sabrina Onde histórias criam vida. Descubra agora