Capítulo 14

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Na mesma sala...


Assistia a tudo apavorado. Ela desabou no chão,  em choque e aquela mulher a mandava não chorar. Me abaixei, a ajudando.  

 Vamos lá!  Ele vai ficar bem. Venha, vou estar com você.  - Ela me olhava desconfiada, mas estava pouco me fodendo para o que ela achava. Não se dá uma notícia assim.  

Ela entrou no carro ainda em choque. As lágrimas presas aos seus olhos, não caiam.  Começou a roer a unha quando finalmente falou. 

 O que aconteceu Samara? - pela primeira vez a ouvi chamar a madrinha pelo nome. - Como ele levou o tiro? Por que o Sandro não assinou? 

 Ele não assinou por que também estava ferido. Eles invadiram o morro e... 

 O que o Fernando fazia no morro na hora de confronto?  - Ela gritou, ecoando sua voz por todo o carro.  

 Não sei! Pergunte a ele. Não tem que ficar nervosa comigo. Não fiz nada.  

Chegamos ao hospital e as duas se calaram. Sabrina havia se fechado por completo, entrou no hospital em modo automático, indo até a recepcionista.  

 Onde meu irmão está? Fernando... 

 Ninha, aqui! - Isaque apareceu a chamando. Estava com um médico grisalho ao lado. 

 Isaque, como ele esta?

 Boa noite sou o médico de plantão, Fábio Araújo.  O quadro do seu irmão é delicado, a bala que se alojou na cabeça compromete os... 

 Cabeça. - Um fiapo de voz saiu da sua garganta, ela estava pálida. Apoiei suas costas, então o médico continuou.

 Se ele não for operado rapidamente não posso garantir que ele sobreviva. 

 Então opera! - gritou. 

 Não podemos. Não temos condições para realizar este procedimento, e nenhum neuro cirurgião está presente.  Estamos tentando em outros hospitais, só precisamos de paciência e um pouco de sorte. 

 Sorte? - Ela quase grita novamente. - Não pode ser sorte, não acredito em sorte e sim em incompetência. Como não tem nenhum médico? Como não tem condições?
Na hora me lembrei da Cecília. O pai dela era neurocirurgião. Saí de perto um pouco ligando para ela.  

 Cecília.  

 Oi Enzo, o que houve, está com uma voz estranha. 

 Seu pai está no Rio? - Falei apressado. 

 Sim, ele está em casa agora. Esta tudo bem? 

 Nada bem. O irmão de 10 anos da Sabrina levou um tiro na cabeça. Estamos no hospital e não tem nenhum neuro cirurgião de plantão. Ele não tem muito tempo.  

 Vou mandar uma mensagem com o número dele. Liga para ele. Também vou ligar para casa para avisar. 

 Obrigado! - desliguei logo recebendo a mensagem. Apertei em discar. - Oi, boa noite, sou Enzo, amigo da Cecília. Ela me deu seu telefone, é uma emergência.  

Expliquei tudo o que eu sabia, ele me pediu que ligasse para o hospital particular mais próximo, me deu o nome e já estaria a caminho com a equipe. Eu teria que pedir a transferência dele para lá.  Voltei a tempo de segurar Sabrina que parecia querer bater no médico. 

 Senhorita eu entendo seu desespero, mas não tenho culpa. Estou rendido como médico.  

 Vamos pedir a transferência dele para um hospital particular. A ambulância já já estará aqui. Não podemos perder tempo de forma nenhuma.  

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