Na mesma sala...
O quê estava acontecendo? Meu mundo parou de repente, todos pareciam se mover ao meu redor em câmera lenta. O olhar de todos para ele e para mim, Gustavo ao chão. Enzo? Como era possível?
"Ele não pode fazer nada contra você!"
"Você não vai ser demitida, eu garanto!"
"Digamos que minha clarividência está muito apurada este ano!".
Esse era o motivo pelo qual sempre esteve seguro que nada me aconteceria. Esse era o segredo que tanto queria me contar. Gustavo permanecia ali, caído no chão enquanto Fabi e Cláudia tentavam o reanimar, ela me olhava com assombro, aliás quase todos. Menos Clay.
"Ele ainda vai te surpreender!"
Ele sabia, mas como eu não. Senti que o ar me faltava, precisava sair dali, ou a próxima ao chão seria eu. Pulei o corpo estatelado de Gustavo e corri para a porta. Renato.... Não, Enzo, esse é o nome do homem que me olhava como se quisesse falar tudo. Ignorei a todos saindo correndo pela porta, precisava chegar do lado de fora, me sentia presa. Quando finalmente alcancei a saída, minhas pernas travaram. Sentia o peito apertado, minha cabeça rodando. Senti que iria cair quando uma mão me envolveu.
- Ei. - Me puxou para junto dele. - Não foge.
- Preciso respirar. Me deixa respirar. - Ele afrouxou um pouco a mão.
- Eu tentei te contar, várias vezes tentei. Você sabe que sim.
- Eu sei, mas, não é fácil. Você não é você. Eu imaginei tanta coisa, menos isso. Como pode?
- Descobrimos que a empresa estava sendo desfalcada, e que os relatórios sua loja não batia, ainda teve o episódio de quando nos conhecemos. Nunca pretendi te enganar, mas a situação pediu o disfarce, e eu era o único a quem ninguém conhecia por ter estudado boa parte do tempo em Boston. Por favor entenda.
- Eu entendo, só não sei se eu posso, não sei se posso namorar com meu patrão. Isso não é... Não é correto.
- Mas você não é minha namorada até onde eu saiba. Pelo que me lembro não temos algo com um nome definido. - Me olhou daquele jeito que derretia tudo dentro de mim.
- Eu não quero nem preciso discutir status. Você entendeu. Não podemos ficar juntos.
- Por que? - Me olhou com incredulidade. - Me de apenas um motivo convincente e desisto de você agora.
- Já dei, você é meu chefe? - Por que era tão difícil de ele entender?
- Só isso? Bom então continuo sendo o motoboy? Próximo ponto.
- Para de brincar com coisa séria!
- Para de procurar urubu em cisnes. Não há um só motivo que me faça desistir de você. E para provar isso vou te levar daqui para minha casa e grudar em você até te convencer que seu lugar é ao meu lado.
- Enzo isso não tem graça! – Ele parou me olhando sério.
- Repete!
- Isso não tem graça!
- Não, meu nome, repete. - Olhei para ele que me olhava com expectativa.
- Enzo... seu nome.
- Isso, é meu nome, finalmente em sua linda boca! – Desceu o rosto me beijando e me desarmando por completo. - Não sabe quanto esperei... quanto ansiei para ouvir... você dizer ele e não Renato. - Me dizia entre um beijo e outro. - Meu nome e só meu nome.
- A culpa não é minha se quando transamos foi outro nome que... - Então, como um clarão me veio à mente o dia em que bruscamente se afastou de mim. - Enzo, na semana passada, na minha casa, você me largou na cama por causa do nome que te chamei? - Ele parecia sem jeito, ao menos isso.
- Foi estranho, quando chamou era como se estivesse chamando outro homem.
- Meu Deus! - Exclamei quase as gargalhadas em uma mistura de desespero e alívio. - Eu fiquei toda neurótica, passei dias tentando entender o que fiz para ser desprezada daquele jeito.
- Desculpa, não quis te fazer se sentir assim.
- Eu quase surtei. - Sorri agora mais tranquila, ergui minha cabeça o beijando. - A loja deve estar virada de cabeça para baixo.
- Vamos voltar, pegar suas coisas e dar parte daquele imbecil.
- Deixa isso para lá, ele não me agrediu.
- Não, não vamos deixar. Ele te ofendeu, falou coisas absurdas e quase te bateu. Só não o fez por que eu estava aqui. Não vamos deixar isso para lá coisa nenhuma.
- Re... Enzo. Eu não quero ficar indo na delegacia. Só ia aumentar os problemas que temos.
- Sabrina. - Ele pegou meu rosto com as duas me fazendo o encarar. - Você não pode simplesmente ignorar essas coisas. Por isso ele sempre faz o que faz. Por que sabe que não vai dar em nada. Vamos voltar para a loja, pegar suas coisas e partir para a primeira delegacia que tiver na região.
- Está bem. – Então a imagem do Gustavo mais banco que uma vela olhando para ele ao descobrir quem era me veio à mente. Comecei a rir novamente.
- O que foi agora? - Me olhou intrigado.
- Quero saber qual será agora reação do Gustavo quando você voltar para a loja. A cara dele foi cômica demais. - Ele começou a rir.
- Verdade. Ele perdeu a pose de vez. Quero ver ele posar de inocente agora.
Voltamos para a loja, me sentia mais aliviada. O segredo dele sempre me preocupou. Já haviam passado várias coisas na minha cabeça, inclusive ele ser casado, mas nunca, nunca mesmo isso.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Sabrina
RomanceSabrina é uma menina problemática com uma família cheia de problemas e por essa motivo foge de romances... até agora