Sabrina

Capítulo 20

Enquanto isso...

O caminho para a loja de onde estávamos era curto, ela abraçada a mim, me conhecendo finalmente. Enzo... meu nome em sua boca, em sua voz soou tão bem. Eu passei dias estudando como falaria, como me apresentaria de verdade e no fim foi da forma mais escrota. Mas enfim deu certo e isso é o que importa. Quando ela saiu da loja em pânico, confesso que achei que tudo tinha terminado de vez, por mais que ela soubesse que eu tinha um segredo, a maneira bruta como descobriu me deixou apavorado, e quando a abracei, vendo que ela perdia o equilíbrio, quando ela disse que precisava respirar, como se me pedisse para solta-la, sabia que se a soltasse ela fugiria. Mas ela me compreendeu, e ainda denominou nosso relacionamento como namoro, pela primeira vez. Realmente as coisas agora estão caminhando, enfim poderemos seguir, acabou as mentiras, o medo, os problemas.

Entramos na loja, Gustavo já havia acordado, estava sendo atendido pelo posto de atendimento no shopping. Ele nos olhou com o canto dos olhos, mas permaneceu com a cabeça baixa. Sabrina entrou sem graça, parecia envergonhada.

- Está melhor Sabrina? - Rafael perguntou educado como sempre.

- Estou sim, obrigado por perguntar.

- Que isso, tenho noção de como foi pega de surpresa com tudo isso. – Se voltou para mim. – Enzo, precisamos conversar, e decidir o que faremos.

- Bom não tenho dúvida alguma do que faremos. Para começar vou levar a Sabrina na delegacia para ela abrir uma denúncia de agressão verbal e física contra ele, e temos que agilizar a demissão dele.

- Bom, antes de mais nada precisamos conversar, poderíamos ser nós três, não me importo. Ela também precisa decidir umas coisas.

- Preciso? – Perguntou confusa, e eu também fiquei.

- Sim, precisamos, os três. Podemos conversar do lado de fora. Gustavo permanecerá aqui, não deve sair da loja até que tenhamos resolvido. Caso ele saia, estará certo que sua demissão por justa causa será feita e todos estarão como testemunha do ocorrido na loja, estamos entendidos Gustavo? – Ele fez que sim com a cabeça. Estava calado, muito calado. Pior do que quando teve que pedir desculpas para ela.

Seguimos até a sala que reservaram, Cecília nos aguardava, certamente sabia de tudo já, pela cara de espanto. Ela abriu a porta e logo estávamos no escritório improvisado.

- Bom, aqui poderemos conversar melhor sem que ninguém nos ouça.

- Seu Rafael, ainda acho que não há necessidade de eu estar aqui. Essa conversa teria que ser feita por vocês apenas.

- Sua presença aqui neste momento é mais fundamental que a minha e a do Enzo. Vai depender da sua decisão o que iremos fazer na empresa de agora em diante. – Eu olhava para ele sem entender. Ela parecia mais confusa e perdida que eu.

- Por que eu?

- Por que você foi a mais prejudicada desde o começo, tem todo o direito de querer justiça. Mas uma vez feito isso, nossa investigação quanto ao desfalque estará prejudicada e ele sairá bem em tudo. Se realmente ele for o culpado, e eu tenho praticamente certeza que é, ele sairá com mais de 130 mil reais nosso no bolso. – Comecei a compreender onde queria chegar. – Porém não podemos pedir que desista. Desde que assumi essa posição, e que o Enzo se passou pelo Renato, que tenho acompanhado a perseguição, maus tratos e falta de respeito dentro da nossa loja. Não estou preocupado com processo, você merece muito mais que uma indenização, e acho mais que justo que o faça, mas agora, se ele sair, podemos perder a chance de colocá-lo na cadeia como ladrão que é. Então nosso próximo passo depende apenas de você.