Capítulo 33

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 Enquanto isso no quarto.

Acordei com o peso do Enzo sobre mim e um calor fora do comum. Ele parecia exausto, dormia profundamente. Me levantei dando um jeito no cabelo e na cara amassada e fui procurar alguém, já estava perto da hora do almoço e eu poderia ser útil em alguma coisa. Não demorei para achar a cozinha pelo falatório. Ao entrar, encontrei Flávio descascando legumes, uma moça que não conhecia no fogão e Juliana lavando as hortaliças. Foi quando ela me avistou na porta.

- Nossa, já acordou! Achei que ia dormir até mais tarde.

- Eu dormi um pouco no carro, estou bem descansada. Posso ajudar com alguma coisa?

-Nada disso, você é nossa visita. - Ela falou carinhosa.

- Mas eu não tenho nada para fazer, se eu ajudar ao menos vou me sentir mais útil.

- Bom, já está praticamente tudo pronto, senta aí na mesa que quando for para montar ela você ajuda.

- Sua cozinha é muito linda! - Falei a observando, era uma mistura de rústico e moderno muito bem harmonizado. A mesa e os armários eram de madeira bruta bem feitos, assim como as prateleiras. A luz era uma imitação de lamparina, já o fogão e a geladeira eram de última geração assim como os outros eletrodomésticos. Tudo muito bem decorado, com enfeites de galinha d'angola em cima do armário, uns paninhos de croché sobre outros, os potes com os alimentos.

- Obrigada! Mas me conta, como você e meu irmão se conheceram? - Eita pergunta difícil.

- Nossa Ju, quanta discrição sua não?

- Ah, eu estou curiosa desde que ele falou que tinha namorada. Se ela não se importar em contar... - Me olhou com os mesmos olhos pidões que o irmão dela faz.

- Não me importo, mas já digo que não é nenhum conto de fada cheio de romances.

- Vindo do Enzo não esperava menos! - Ela disse rindo. - Então conta por que já estou me roendo de curiosidade.

- Nós nos conhecemos por acidente, literalmente. Ele entrou na minha frente bem na hora que eu saltei de uma poça de água. Ele estava vestido de motoboy, nos brigamos, nos xingamos e por acaso trocamos os rádios. - Ela olhava atenta, aliás, todos olhavam. Virei o centro das atenções. - Combinamos de nos encontrar no centro da cidade para destrocar, era óbvio que um não suportava o outro naquele momento. Por causa da trombada eu perdi todo meu tcc e ele os documentos da empresa. Quando nos encontramos foi aquela "troca de elogios". Mas então percebemos que estávamos no meio de um confronto de uma manifestação. Ele me arrastou para o banheiro do posto de gasolina e ficamos lá até tudo acabar. Eu estava com um envelope pardo que meu gerente havia me pedido para entregar dizendo que eram documentos, mas ali, sem querer quando caiu no chão e molhou descobri que havia dinheiro, muito dinheiro então ele me levou de volta para minha segurança. Ele se apresentou para mim como Renato.

- Renato? Motoboy? Isso está ficando interessante. - Ela puxou a cadeira sentando de frente para mim.

- Por que ele fingiu ser outra pessoa? - Flávio perguntou me deixando em maus lençóis. Não sei o que posso ou não dizer.

- Isso depois ele explica. - Respondi.

- Mas continua, até então pelo que entendi vocês não se suportavam. - Ela falou animada. Vi a tal Gabriela parar na porta.

- Acho que odiar se encaixa melhor.

- Eita! Conta... e aí?

- Ele começou a trabalhar como motoboy na empresa como Renato, e vivíamos implicando um com o outro e armando as piores vinganças para a implicância até que um dia, por conta de uma situação de perigo nos beijamos.

Sabrina Onde histórias criam vida. Descubra agora