Ainda no quarto...
As palavras dela me trouxeram conforto na alma. Não sei explicar. Mesmo sem ela saber sobre a tempestade emocional que acabei de passar ela conseguiu me trazer paz. Fomos conversando rindo e abraçadas para a cozinha, o sentimento que tinha era como se já fossemos amigas, e eu nunca senti isso em toda a minha vida com ninguém. Clay e Fabi demoraram para conquistar minha confiança e ela invadiu minha alma de forma que não consigo explicar. Quando entramos na cozinha, Enzo me olhou estranhando a situação, e Gabriela, como sempre fazia, me olhou com cara de nojo da cabeça aos pés.
- Pronto, já teve o suficiente dela, agora devolve minha namorada! – Enzo falou me puxando para seu colo.
- Não sabia que era ciumento maninho! – Juliana implicou. – Isso é medo de que hein? Pode ficar tranquilo que ainda amo meu marido. – Gargalhou.
- Palhaça!
- Como todos os Paiaçãs... Você sabe que na nossa veia corre a implicância com os da família. Preciso te perturbar irmão, se não nossos ancestrais pegam no meu pé a noite.
- Ainda bem que sabe que isso vem de berço. Quero imaginar quando tiver mais filhos e eles começarem a implicar com o outro. Vou amar ver você louca se descabelando.
Logo depois do café da manhã nos despedimos. O sentimento de saudade ficou e ao se despedir de mim, Juliana me chamou de irmã. Pegamos estrada caminho de volta para casa onde não faço ideia do tamanho da repercussão disso vai chegar, mais ao mesmo tempo, me importando bem menos por isso. Ele sabe de todo meu passado e o aceita, e falou, gritou e quase esculpiu isso para que enfim minha fixa caísse. Ele estava calado, dentro da casa não me perguntou nada sobre a conversa com sua irmã, e também não fez pergunta nenhuma a ela, pois permanecemos todos no mesmo cômodo o tempo todo. O que será que ele está pensando? Já haviam se passado mais de meia hora de viagem e ele estava muito quieto, não aguentando mais quebrei o silêncio.
- Estou ficando muito preocupada contigo! – Falei o encarando. Ele porém me deu uma olhada de relance e voltou o olhar para a pista.
- Não vejo o porquê! – sorriu.
- Você, desde que eu te conheci, nunca foi calado.
- Só estou pensando em algumas coisa, nada de mais.
- Coisas, que coisas? – Ai meu Deus, eu aqui tranquila que ele aceitou tudo em minha vida, será que ele está repensando?
- Acho que não vou mais precisar ficar colado ao celular! – Falou e só então me dei conta que ele não havia pego nele o final de semana inteiro.
- Mas afinal de contas o que você tanto fazia com ele. Pois sendo bem sincera por várias vezes pensei em jogar ele longe.
- Eu precisava comprar umas coisas, já te disse, mas finalmente encontrei, comprei e já foram recebidas pela Odete.
- Nossa, devem ter sido obras de arte antiquíssimas, não? Pois o tempo que demorou para achar! – falei com deboche.
- Quase isso. Algumas já não estavam mais no mercado, outras não vendiam por aqui.
- Vai ficar falando por enigma ou me falar o que comprou? – Disse irritada. Deus, ele comprou o santo graal?
- Você vai ver quando chegarmos em casa, faço questão de te mostrar.
- Em casa que você diz é na sua casa ou na minha, pois você sabe que tenho que ir para casa.
- Na minha. Vamos na sua casa deixar as coisas, ver como tudo está, depois quero que vá até minha casa comigo. Mesmo que eu te leve depois para sua casa.
- Esse suspense é mesmo necessário? – Perguntei com medo do que ele tinha para me mostrar.
- Sim, sem momentos de surpresa o que seria a vida? Agora mudando de assunto, o que você e minha irmã tanto conversaram que fez você sair sorrindo daquele quarto?
- É isso mesmo? Você vai mudar de assunto só para não me contar o que está aprontando?
- Não! Vou mudar de assunto por que estou curioso desde que vocês saíram pela porta da cozinha. Agora será que pode me dizer?
- Também não digo! Só depois que me mostrar a "surpresa" que tanto te fez perder tempo com esse celular! – Disse emburrada me virando para a janela. Ele soltou uma gargalhada e ficou quieto olhando para a pista aumentando o som do carro.
Chegamos ao Rio de Janeiro no comecinho da noite. Ele parou na minha porta pegando minha bolsa enquanto eu saia do carro. Meus vizinhos nos olhavam com interesse. Fofoqueiros como eram com certeza já tinham visto nas revistas a matéria sobre nós dois. Ignorei, não valia a pena me aborrecer por isso. Mais o que encontrei em casa sim, aquilo me faria perder todo bom humor conquistado na fazenda.
- Até que enfim a dondoca chegou! – Samara falou com ar seco encostada na parede da sala com os braços cruzados. Saco! – Estava só esperando o casalzinho apaixonado chegar para poder começar a reunião em família... se é que ainda faz parte dessa família.
- Samara, por favor, não começa. Tive um final de semana ótimo, meus irmãos estavam sendo vigiados de perto, minha mãe se comportou, então não tem motivos para esse showzinho agora.
- Quer falar de Show Sabrina, mesmo? – Nessa hora Enzo entrou olhando para ela. – Então vocês dois me falem sobre esse! – Ela jogou sobre a mesa a revista com a reportagem de nós dois. Uma das muitas que vimos lá em Minas. Na sala só havíamos nós três, não ouvi a voz de mais ninguém pela casa e isso me preocupou.
- Onde está todo mundo? – perguntei olhando para os corredores.
- Calma Sabrina! – Enzo colocou a mão no meu ombro.
- Agora está preocupada?
- Cadê todos? – Falei séria.
- Foram passear com sua mãe, e o Sandro foi trabalhar. – Ela respondeu sentando no sofá e cruzando as pernas. Bateu com a mão no lugar vago ao lado. – Sentem aqui vocês dois que quero ter uma conversa muito séria.
- Vamos, sem estresse! – Enzo sussurrou no meu ouvido me segurando pela cintura e me guiando para o sofá. Sentei a encarando.
- O que você quer? – Perguntei seca.
- Bom, acho que esse relacionamento de vocês é mais sério que realmente eu acreditei, então temos que colocar alguma ordem nisso! – Ela disse tranquila para minha surpresa. – Enzo, não sei se sabe, mas amo Sabrina como se fosse minha filha, e se fui contra esse relacionamento, é por que eu sei exatamente sobre seu passado...
- Me desculpa te interromper, mas você usou o termo certo, meu passado.
- Eu sei disso, por isso estou aqui. Sua atitude em mostrar em rede nacional sobre o relacionamento de vocês dois foi uma prova de que realmente você quer algo com ela. Um solteirão pegador jamais admitiria namoro em rede nacional. Embora não ache apropriado pois...
- Eu sei, já estou consciente do que fiz e prometi a Sabrina que vou evitar que investiguem sobre a vida da família. Infelizmente ela vai se tornar alvo de fotos e perguntas, mas podemos abafar algumas coisas.
- Você sabe? – Ela o olhou espantada seguindo o olhar para mim.
- Sim dinda, ele sabe. Eu contei, e se não o fizesse com certeza ele ia acabar sabendo caso investigassem.
- Não me importo com isso. Somos humanos dispostos a erro. Não vou julgar ninguém por nada que tenham feito. Já disse e vou repetir para a senhora, estou aqui para ajudar a Sabrina a ter uma vida, coisa que até agora ela não pode ter. – Ele disse sério me emocionando mais.
- Nesse caso vocês tem minha benção nesse namoro. – Ela disse séria e não me contive em gargalhar.
- Benção dinda, sério isso mesmo?
- Claro que sim. Já disse... segunda mãe, então vai ser como manda o figurino. E a partir de agora, nada de colocar colegas ou estranhas que nunca vi dentro de casa, se precisarem fazer qualquer coisa só me chamarem que venho ficar.
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Sabrina
RomanceSabrina é uma menina problemática com uma família cheia de problemas e por essa motivo foge de romances... até agora