Capítulo 13

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Enquanto isso no hospital...

Que noite! Ou melhor, que dia! Não consigo entender como aceitei aquilo. Mas sendo bastante honesta comigo mesmo, não conseguia mais conter o que estava sentindo por ele. Estar ao lado dele era perturbador, me fazia ter pensamentos dos quais queria distância. Talvez, se eu deixar isso acontecer depois todo esse desejo, essa coisa diminua e acabe. Talvez toda essa luta que travava me fizesse ver as coisas de uma forma ampliada. Mas a verdade é que não conseguia parar de pensar em cada minuto no que aconteceu naquele lugar. Meu corpo, em especial meu coração, reagiam uma simples lembrança dele acelerando, me deixando com um frio na barriga.
Dentro de umas horas ele estaria comigo, ele insistiu tanto em vir me buscar, e eu queria isso. E esse fato me perturbou ao ponto de eu não conseguir dormir.

Sa-Sabri-na -  a voz rouca do meu pai ressoou no quarto. Me levantei em um pulo parado ao lado da sua cama.

Pai! - Ele estava desperto, olhos abertos, me olhava e olhava o quarto. – O senhor está em um hospital. Se lembra do que aconteceu?

Eu estou ... no hospital? - Falou com dificuldades e a boca torta.

Sim, você está. Teve um derrame, mas graças a Deus não precisou operar. Parece que a veia não rompeu. Mas precisa de tratamento. - Ele ficou me olhando, com um olhar estranho. - Vou chamar o médico. - Sai as pressas da sala, em direção a recepção do andar, quando esbarrei em uma enfermeira que saía de um quarto. Ela me olhou assustada e tive a sensação de dejavu.

O que houve? Está tudo bem? - Ela me perguntou afetuosa.

Meu pai acordou. Ele falou comigo torto. O lado da boca dele não se mexe.

Quando for assim não precisa correr, tem uma campainha atrás da cama, nós vamos no mesmo instante. Vou chamar o médico. Já ele estará com vocês. - Ela foi tão amável, talvez não saiba que estamos ali de favor.

O médico em alguns poucos minutos estava no quarto, fez umas perguntas a meu pai, uns exames ali mesmo e logo o levou para fazer exames mais detalhados. Já eram 5:40 quando voltaram para o quarto.

Sabrina, seu pai não teve nenhuma complicação até então, mas como suspeitado ele perdeu os movimentos do lado esquerdo do corpo. É possível que ele se recupere, mas vai exigir força de vontade e compreensão dos familiares mais próximos. Vamos mantê-lo em observação para ter certeza que a lesão não vai progredir e se tudo correr bem ele logo estará em casa.

Ele vai ficar acamado? - Não estava preparada para isso.

 Temporariamente sim. Ele vai precisar fazer fisioterapia todos os dias para não ganhar feridas no corpo. Com o tempo os músculos voltam a funcionar. Mas se deixarem ele na cama sem movimento nenhum ele vai acabar atrofiando todos os músculos e ficando na cama para sempre. - Bateram na porta e eu fui atender.

Bom dia! - Renato me cumprimentou com um beijo. Mas logo percebeu meu rosto tenso. - Está tudo bem?

Meu pai acordou. Estava conversando com o médico.  Parece que em breve ele vai ter alta.

Mas isso não é bom? Então por que essa cara? – Percebi que ele começava a ficar preocupado.

Ele perdeu o movimento de parte do corpo. Só isso. - Não vou inteira-lo dos nossos problemas. Ele não precisa se envolver mais nisso. - Mas o médico disse que ele vai conseguir recuperar. - Para minha sorte minha dinda chegou, me salvando de mais explicar mais qualquer coisa. - Renato, me faz um favor? - Ele me olhou atento. - Eu não dormi nada bem essa noite e preciso de um café bem forte, você me compraria um?

Compro sim! - Ele olhou para minha dinda. - Aceita um também? - Ela o olhou atravessado, na verdade que ela desconfiava das boas intenções dele.

Não obrigado. - Ela falou e ele saiu. - Por que você queria que ele saísse?

Sabrina Onde histórias criam vida. Descubra agora