Capítulo 32

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Na porta da fazenda...

Vi meu irmão abrir o carro, e em seguida Sabrina saiu. Ela era linda, parecia sem jeito e ele estava cheio de atenções a ela como nunca vi com ninguém. Ela vestia uma blusa azul clara, saia até um pouco abaixo da coxa e sapatilhas, tem a pele dourada, e um corpo cheio de curvas com uma cintura fina. É o completo oposto do que meu irmão costumava aparecer nas minhas revistas. Todas magrelas e sem graça. Estava tão feliz, passei a madrugada ansiosa desde que ele ligou dizendo que viria com ela. Queria que mamãe estivesse aqui, ela estaria nas nuvens com o neto e com primeira nora. Minha mãe sempre se preocupou com Enzo por causa do seu jeito mulherengo, tinha medo que fizesse escolhas erradas. Bom, ainda não a conheço, mas pelo pouco que meu irmão me contou, (e que fuxiquei com Cecília escondido, óbvio) ela é uma pessoa muito boa, ideal para ele.

Enzo a abraçou pela cintura dando um beijo carinhoso em seu pescoço e falando algo em seu ouvido. Pela forma que mexia na ponta da blusa estava nervosa e provavelmente ele estava tentando acalmar. Cecília me contou que foi um choque pra ela a fofoca que saiu (até pra mim seria, Fábio não sairia inteiro dessa). Mas não posso culpa-la, o passado do meu irmão não ajuda a trazer confiança alguma. Meu irmão era a espécie mais imbecis de mulherengo, pegou todas as minhas amigas (não que elas não tivessem dado mole primeiro), pegou a professora, mas nunca se apegou a ninguém, eu dizia que ele tinha uma pedra no lugar do coração com respeito às mulheres, apenas as mulheres por que com a família e amigos ele sempre teve um coração enorme. Meu avô, pai da minha mãe, sempre dizia que a alma dele ainda estava perdida no mundo e que eu nasci com a minha no lugar. Por isso eu sempre fui mais madura e decidida do que ele. Talvez ele tenha encontrado a alma dele e esteja agora começando a se achar.

Quando ela chegou perto, antes que ele nos apresentasse senti uma enorme vontade de abraça-la e o fiz, separando ele dela.

- Você não tem noção do prazer que sinto em conhecer você! - Falei emocionada com o se ela me fosse familiar.

- Também é um prazer conhecer você. - Falou sem graça. A segurei pelo ombro mantendo a distância de um braço e encarando. Ela tem um rosto com traços delicados mais um olhar forte. Uma beleza única.

- Até que enfim alguém conseguiu aturar meu irmão, você merece o prêmio Nobel da paz!

- Posso te garantir que ele tem que me aturar também! - Me respondeu com um sorriso no rosto.

- É isso mesmo cunha, não se facilita as coisas para homem não, ainda mais para meu irmão! - Respondi aos risos junto com ela.

- Agora você vai saber o que eu sinto na pele cunhadinho! - Fábio falou abraçando Enzo.

Entramos e tomamos um belo café da manhã. A mesa repleta e todos se serviam a vontade. Conversávamos animados sobre a infância do Enzo, claro que não deixando de envergonha-lo, falamos sobre recuperação do irmão da Sabrina, sobre minha bebê, mas em nada Gabriela parecia satisfeita. Enzo e Sabrina foram deitar um pouco depois da longa viagem que fizeram e aprovei para ligar para os meus pais e contar as novidades.

- Oi minha vida, como vão as coisas por aí?és

- Estão bem mãe, eu sei que prometemos só ligar em último caso para não atrapalhar a viagem mais tenho notícias tão boas que não resisti.

- Então fala que essas quero sempre.

- A primeira e mais importante: Eu vou ser mãe!

- Nossa filha! Que maravilha, eu vou ser avó. Mal posso acreditar. Vou contar para seu pai e vou encurtar nossas férias, quero acompanhar bem de pertinho. E qual a segunda?

- Enzo está namorando!

- Não acredito! - Ela disse dando ênfase as palavras.

- Pois é, um amor de menina, e ele parece tão feliz!

- Mais um motivo para eu voltar, essas garotas com que ele sai são exploradoras e...

- Eu andei conversando com a Ceci e sondando sobre ela, ela não parece ser assim não, e digo mais, parece ter o mesmo gênio forte do meu irmão.

- Não sei não. Quero ver com meus olhos, nunca me enganei com ninguém, reconheço no primeiro olhar.

- Mãe, não vai pegar no pé da garota como você ficou pegando do Flávio.

- Você é minha vida, meu mundo assim como seu irmão, qualquer um vai ter que passar pela minha aprovação, e se eu achar que tenho que pegar no pé eu pego!

- E meu pai? - Vamos mudar de assunto... melhor antes que ela implique sem conhecer.

- Foi com o outro para o casino e nos largou no SPA. Sinceramente não sei se me aborreço ou agradeço.

- Mãe, a senhora em um SPA é novidade para mim. Nunca gostou dessas frescuras.

- E não gosto, mas é o menos chato daqui e ao menos seu pai está se divertindo e relaxando. Mas isso vai durar pouco, quero passar cada segundo da sua gravidez ao seu lado.

Depois de muito me paparicar pelo telefone desligamos. Minha mãe é uma mulher excepcional, não tem muitas vaidades e mesmo assim consegue ser a mais linda. Ela é simples e tudo o que sei sobre a terra, sobre o campo é graças a ela. Esse amor pelo ar livre vem dela e das minhas raízes. Meu irmão igualmente tem a paixão por tudo isso, mas tem também um lado urbano que já eu não tenho.

Fui até a horta colher as verduras e os legumes para preparar o almoço. Sebastião, que trabalha para nós desde ontem matou um cordeiro e Elise está me ajudando a preparar. Elise é esposa de Sebastião que moram na fazenda e nos ajudam a manter tudo em ordem.

Peguei tudo que precisava e na volta encontrei Gabriela a beira do riacho jogando pedras. Estava aborrecida, conheço essa garota até disfarçada. Me aproximei.

- Não vai ajudar com o almoço não? Vamos precisar de ajuda.

- Para paparicar a cunhadinha? Eu estou fora. Além do mais, não acho justo eu trabalhar enquanto ela dorme. - Eu sempre soube que ela tinha uma quedinha pelo meu irmão, coisa de adolescente, mas acabo de perceber que isso vai trazer problemas.

- Gabriela, vamos ser sinceras, você está cheia de ciúmes, e isso está visível. Meu irmão não é homem para você e parece gostar muito dela para a trazer até aqui. Não quero problemas então por favor, se coloque no seu lugar de concunhada e a deixe em paz. Quanto a ela ajudar, eles viajaram a noite toda, precisam descansar, e são minhas visitas!

- Então faça o almoço você! - Disse cheia de petulância indo em direção ao estábulo.

Isso vai dar trabalho, vou ter que falar com Flávio!                        

Sabrina Onde histórias criam vida. Descubra agora