Capítulo 3

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Sem Revisão

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Luna

Eu estava no meio de um sono tão bom, sem sonhos ou pesadelos, um sono tranquilo, quando meu celular despertou anunciando que mais um dia de rotina havia começado. Eu abri os olhos ainda sonolenta e procurei pelo aparelho no criado mudo. Tateei em busca do bendito e quando eu o encontrei, a primeira coisa que eu fiz foi coloca-lo no modo soneca. Voltei a me virar para o lado e devo ter repetido a mesma coisa umas seis vezes, até que uma batida na porta e uma voz muito conhecida me chamou.

-Luna...Luna, já são seis horas, a gente vai perder o ônibus...Luna...- uma voz feminina soava abafada, parecia vir de fora do apartamento.

Eu me levantei da cama a contragosto e fui até a janela do quarto. Quando olhei para fora, vi a Carol parada do lado de fora da porta da sala. Assim que a vi, arregalei os olhos. Eu havia perdido a hora.

-Luna, você ainda não está pronta?!- a Carol exclamou quando me viu na janela.

-Ah meu Deus! Eu já vou Carol, espera um minutinho só.- eu pedi.

Sai da janela, corri para o guarda roupa e peguei meu uniforme. Tirei minha camisola, vesti a camisa e a calça do buffet, calcei as chinelos e sai do correndo do quarto, deixei minha mãe dormindo. Não deu tempo nem mesmo de tomar um café.

Sai pela porta e a Carol ainda estava me esperando.

-Desculpa, vamos correr que dá tempo de pegar o ônibus.- eu falei afobada.

Nós descemos os dois lances de escada, saímos do meu prédio e subimos o morro correndo. Demos tanta sorte que quando chegamos no ponto, o ônibus havia acabado de parar. Eu e a Carol entramos, nos sentamos uma do lado da outra nas cadeiras do fundo e fomos conversando durante o trajeto.

A Carol era sem duvidas a melhor amiga que eu tinha. Morava no conjunto fazia onze anos, se mudou para lá um ano depois de mim. Infelizmente ela tinha perdido os pais e o irmão mais velo em um acidente de carro quando tinha apenas dez anos e foi obrigada a morar com a tia e a prima Sabrina, duas najas. A Sabrina era uma verdadeira piranha, já tinha dado de cima do meu namorado e tinha um filho do ex namorado da Carol, um traste chamado Yuri. Acredita que a Sabrina transava com o namorado da Carol enquanto o safado ainda namorava com ela? Os dois até tinham um filho, um menino, que felizmente tinha puxado a Carol na personalidade.

Nós chegamos no buffet meia hora atrasadas, colocamos o avental e fomos diretamente para a cozinha. Sendo bem sincera: trabalhar na cozinha de um buffet não era meu sonho, mas até que eu gostava, principalmente depois que arranjei uma vaga para a Carol e passamos a trabalhar juntas. Diferente de mim, a Cacau amava o serviço, porque ela amava cozinhar. Dava para ver a alegria dela enquanto preparava algum prato. Ela gostava tanto de cozinhar que havia estudado sozinha e ganhado uma bolsa de estudos em uma escola de bacana para fazer gastronomia. A Carol era muito esforçada, me enchia de orgulho. Já eu nunca tive muita cabeça para estudos, principalmente depois da morte do meu pai. Depois que terminei o ensino médio não fiz mais nada. Quando meu pai era vivo sempre quis que eu fizesse direito e eu até tinha gostado da ideia, cheguei até a pesquisar sobre o curso e alguma faculdade em conta que eu pudesse pagar, mas agora meus sonhos estavam tão distantes. Sem meu pai a única renda que mantinha a casa era a minha, minha mãe até recebia uma pensão, mas o valor era tão baixo que mal dava para as despesas básicas. Se eu fosse fazer faculdade meu salario ia todo na mensalidade, livros e passagem. Eu me preocupava mesmo era com o Fael, queria dar a ele oportunidade de ser alguém na vida, por isso mesmo eu trabalhava, para ele não precisar se preocupar com as despesas e focar no estudo.

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