Capítulo Dois.

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Meus olhos percorrem as linhas dos últimos e-mails que recebi de Axel, fazia um bom tempo que não pensava nele. Porém, quando tive que procurar uma autorização em um e-mail antigo, acabei me deparando com esses e-mails que me trouxeram um sentimento que não me lembrava: saudade.

-Por que não manda um e-mail de volta?- Davi perguntou ao meu lado.

-Por que eu mandaria? - Perguntei.

-Porque está fitando a tela do computador a mais ou menos vinte minutos, acho que isso quer dizer alguma coisa...

-Isso não quer dizer nada. – Respondo, descendo ainda mais os e-mails impedindo Davi de vê-los.

-Sabe que era só pedir desculpas, certo?

-Não preciso pedir desculpas se não fiz nada de errado. - Respondo sem fitá-lo.

-Clara, fazem sete anos!

-Exatamente Davi, sete anos. Ele nem deve se lembrar de quem eu sou.

-Mas você lembra quem ele é. – Meu amigo comentou.

-Davi o Axel é passado, passou, não volta, museu, conhece? Pode considerar uma idiotice o que aconteceu, mas passou e pronto.

-Se você diz... Só acho estranho alguém ficar tão mexida com algo que "já passou". -Diz se levantando, não me dando assim uma chance de resposta.

Fazia um bom tempo que não pensava em Axel, na verdade muito tempo, contudo como das outras vezes que isso aconteceu, parte de mim se entristeceu. Talvez eu devesse mesmo enviar um e-mail, talvez eu deveria mesmo ligar, mas talvez eu poderia ter feito muitas coisas diferentes, mas isto é passado.

A tarde decorreu tranquilamente e assim que o relógio apontou seis horas, deixei minha mesa, ao lado de Davi e peguei o elevador.

O trânsito de volta estava intenso, entrei na via que dava acesso a casa de meu irmão. Demoro cerca de uma hora até estacionar em frente ao seu prédio. O porteiro liberou minha entrada e subi pelo elevador até o sétimo andar onde o mesmo mora.

Assim que sai do elevador toquei a campainha.

Andressa, minha cunhada, abriu a porta, revelando seus cabelos negros em conjunto com seus lindos olhos verdes.

-Oi, Clara, tudo bem?- Ela pergunta animadamente.

-Sim e vocês?- Pergunto abraçando-a.

-Estamos bem, entre. – Andressa acena com a cabeça para o lado de dentro.

Eu a acompanhei até a sala, onde meu irmão está sentado no sofá e na televisão passa um clássico carioca Flamengo contra Fluminense.

Ele não se parece muito comigo, puxou mais ao nosso pai, seus cabelos são escuros, seus olhos são azulados, e claro, ele mais é mais alto do que eu, algo que não é muito difícil.

-E aí maninha? -Ele me cumprimenta com um abraço.

-E aí, Gui.

-Como vão as coisas?

-Bem, um pouco mais estressante do que imaginei que estaria, mas está bem.

Me sentei no sofá ao seu lado e minha cunhada também.

-Por que tanta correria?- Guilhermo pergunta desviando o olhar da televisão para o meu.

-Os preparativos do casamento estão me deixando louca. –Eu respondi o vendo soltar um suspiro.

-Eu sei que suspiro é este, é o de quem ainda não se conformou com o casamento da irmã mais nova. -Andressa conclui minha suspeita.

-Não me leve a mal, eu te amo, e você sabe que nunca morri de amores por Erick, mas o aceitei, só que casamento? Tem certeza disso? – Meu irmão se sentia apreensivo com minha escolha.

-Por que estou ouvindo esta pergunta com uma frequência assustadora? Eu tenho certeza, gente. – Eu indago com um pouco de indignação na voz.

-Só me preocupo com você, independente do que você escolher estou com você nessa. Sabe disso, não é? – Ele me manda um sorriso afetivo.

-Sei.- Dessa vez, eu quem suspirei.

Nos sentamos a mesa, minha cunhada havia feito uma lasanha divina, este sem dúvidas era o meu consolo para os dias de mal humor.

-E no jornal, as coisas estão bem?- Andressa pergunta enquanto corta um pedaço da lasanha.

-Sim, estão sim. - Respondo.

-A mãe te ligou? -Gui pergunta.

-Não, aconteceu algo? – Já pergunto preocupada.

-Não, nada demais, ela ligou apenas para contar as novidades. – Ele deu de ombros.

-E quais são? - Pergunto rindo, já que ele apenas jogou no ar.

-A mãe finalmente foi ao Beto Carrero.

-O que? - Pergunto fazendo-o rir.-Quando morávamos lá ela sempre se negou a ir. – Me senti surpresa e chateada por não ter visto esta cena.

-Pois é, Cíntia a convenceu a ir.

-Cintia, mãe do Axel?

-Uhum. – Meu irmão confirma com a boca cheia. Mas que guloso!

-Isso sem dúvidas foi uma novidade. – Eu constato.

-Elas foram para comemorar algo... - Ele continua.

-Comemorar o que?- Pergunto fitando tanto minha cunhada quanto meu irmão, eles pareciam mais tensos do que o normal.

-Axel conseguiu um prêmio na academia de Ciências do sul. -Andressa responde me deixando com a boca aberta. Sorte que não tinha comida nela. Ufa!

-Oh... Parabéns pro Axel, então. –Respondo, praticamente sem palavras.

-É, ele está se tornando um químico renomado. -Gui diz. -Foi por isso que mamãe foi ao Beto Carrero.

-Que bom que cada um está vivendo intensamente. -Respondo sentindo algo estranho dentro de mim.

Droga Axel, o que você está fazendo? Precisava vir à tona depois de sete anos? Isso é tão desnecessário que mal entendo o porquê dele ressurgir neste estágio da minha vida.

-Clara. -A voz de minha cunhada me traz de volta de meus devaneios.

-Sim.

-Tem certeza de que está tudo bem?

Só então percebo que estamos sozinhas na mesa, não sei dizer quando meu irmão saiu, apenas que estamos só.

-Tenho. Pode ficar tranquila. -Respondo forçando um sorriso e tentando tranquiliza-la.

O único problema é que estou sendo atolada por mim mesma, por meus pensamentos e pelos meus deveres. Parte de mim queria apenas adiar este casamento até ter tempo o suficiente para pensar no que realmente quero, gostaria de ter a ousadia de quando entrei na faculdade e publicar aquelas matérias sobre o deputado Sanches, há tantas coisas contra ele, droga! 
Eu só queria parar de pensar tanto em Axel, acho que estou começando que querer coisas demais... E parece que todas são inalcançáveis.

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Hello, meus amores!!
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Espero que tenham gostado!
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