Capítulo Vinte

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O ar está frio, minhas mãos estão soando e meu coração acelerado. Estamos voando em direção ao Rio, foi mais difícil do que imaginei me despedir de Axel. Contudo, era preciso.

Júlia se encarregou de cuidar dele, e seu olhar desconfiado gritava por alguma informação, não tivemos tempo para conversar. Deixei-o a mercê do próprio bombardeio da irmã.

Antes de embarcar Davi me ligou dizendo que me esperaria no aeroporto e que iríamos junto ao T. C, apenas concordei.

Coloquei meus fones de ouvido na intenção de desviar o foco da minha ansiedade e expectativa.

Existem tantas possibilidades, de Flávio ter encontrado minhas reportagens e me demitir, por mais que Davi tenha reforçado o fato delas não serem o problema. Pode ter ocorrido de Sanches ter descoberto sobre minhas reportagens e simplesmente ter ido tirar satisfações com meu chefe, contudo, algo que não compreendo é porquê Flávio citou o deputado Travolta.

Ele nunca foi o alvo de minhas investigações, nunca.

E isso me leva a uma outra linha de pensamento, o que o Travolta teria haver com tudo isso? O que teria ocorrido de tão urgente que seria preciso até minha volta para o Rio? Dúvidas, e mais duvidas, tais que só se cessarão quando colocar meus pés no jornal, porém até lá preciso me contentar com a expectativa me corroendo.

Não consegui dormir muito bem a noite, primeiramente pelo fato de que Axel e eu conversamos a noite toda, relembrando o passado e até mesmo pensando no futuro que está a nossa frete. Devido a isso sinto meus olhos pesarem.

Sinto uma pressão em meu ombro, e uma voz distante.

-Senhora... Nós já pousamos. -A aeromoça me acorda.

Agradeço um tanto sem jeito. Recolho minha blusa de frio e me levanto.

Quase todos os passageiros já haviam deixado o avião.

Com passos apressados deixei o assento... Acelerei no corredor que dava acesso ao desembarque.

Meus olhos varreram o ambiente atrás dos cabelos ruivos de meu amigo. E quando os encontrei um sorriso o acompanhava.

Abracei-o.

-Acredita que você faz falta naquele jornal?-Pergunta retoricamente me fazendo sorrir.

-Eu sei... Você também fez falta.

Ele passou seu braço por meus ombros e seguimos aeroporto a fora abraçados.

Por mais que desejasse ardentemente questioná-lo espero até adentrarmos ao carro para tal.

-Davi.-Minha voz ecoou mais rouca que o normal. -O que houve?

-Flavio me contou muito por cima. Mas devo dizer que seu sexto sentido estava mais do aguçado este tempo todo.

-Tem algo haver com Sanches?

-Vamos esperar até chegarmos, ele vai te explicar e me explicar melhor... Vamos compreender o que está acontecendo juntos.

Assinto.

O percurso todo foi feito em silêncio. Minha respiração ofegante, minhas mãos trêmulas e meu olhar disperso dentro de meus próprios devaneios.

Quando Davi estacionou o carro respirei fundo. Recolhi minhas expectativas que estavam como cartas jogadas a mesa e sai do carro.

Caminhamos lado a lado.

O típico caminho feito por mim todos os dias me pareceu mais longo. Demorado. Quase cogitei ir pelas escadas, porém Davi recusaria prontamente.

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora