Capítulo Seis

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Chegamos em casa, meu pai nos esperava sentado em sua típica poltrona na sala de estar. Seu Antônio é dono de um carisma inegável, olhos negros, cabelos castanhos, altura de atleta e um coração maior do que ele próprio.

Seus braços me envolveram, e neste instante me peguei pensando o por que não fiz isto mais vezes, era muito bom abraçá-lo, talvez fosse o clima de hospital que ainda pairava no ar, ou talvez fosse a saudade.

Nos sentamos e ele começou a me contar as novidades, de como havia se adaptado ao novo estilo de vida, aposentado, segundo ele preferiria trabalhar. Se estivesse no lugar dele não teria o mesmo desejo, isso é mais do que certo.

-Clara, você trouxe alguma mala? -Minha mãe perguntou, e só então percebi que teria alguns problemas causados por minha espontaneidade.

-Não.

-Ainda tem algumas roupas antigas suas, veja se serve, caso não servir pedirei algumas roupas de Júlia. – Minha mãe opinou.

-Okay.-Respondi me levantando.

Desejo boa noite aos meus pais e sigo para meu antigo quarto. Ele estava como me lembrava, as paredes pintadas por um rosa claro, a cama por um tom mais escuro de rosa e um guarda roupa branco, simples, mas aconchegante.

Abri uma das gavetas deparando-me com alguns pijamas antigos, pego um aleatório, me dirijo ao banheiro da suíte que dívida meu quarto com o do meu irmão, há uma porta de cada lado, ligando ambos os quartos... é necessário dizer que houveram variados momentos de vergonhas? Acho que não. Sorrio com a breve lembrança.

Tomo uma ducha rápida. Assim que termino eu me troco, volto ao meu quarto e me deito. Fito o teto branco, meus olhos ficam marejados. O som do toque do meu celular ecoa pelo quarto, sem ao menos ver quem seria atendo.

-O que você tinha na cabeça quando resolveu pegar um voo para Santa Catarina? -A voz de Erick ecoa pelo auto falante.

Sou calma, tranquila demais para a maioria das pessoas, porém existe um problema, poucas foram as vezes em que explodi, e quando ocorrer te aconselho a sair de perto.

-Um cérebro, coisa que apenas penso que você não tem. -Respondo sentindo a ira me dominar.

-E por que não me avisou, Clara?

-Porque essa é a minha vida!!! MINHA, eu decido, eu quero, eu escolho! Você não tem poder sobre a minha escolha, Erick. – Eu levanto meu tom de voz.

-Mas eu sou seu noivo! Vamos nos casar.

-Não, você era meu noivo, já que sabe sobre muitas coisas, estou te informando que não haverá mais casamento, conviva com isso. -Encerro a ligação e praticamente, jogo meu celular no banco de plástico ao lado da cama.

Talvez tal audácia se deva ao fato de não estar conversando com ele pessoalmente, e também sei que de algum modo me sinto segura.

Viro-me na cama.

Desligo meu celular apenas para não correr o risco de ter outra conversa com Erick.

Sinto o sono me dominar.

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A claridade do quarto fez com que abrisse meus olhos lentamente, espreguiço-me na cama.

Pego meu celular ligando-o.

Há algumas chamadas perdidas de Davi.

Retorno a ligação.

Três toques depois ele atende.

-Alô? -A voz dele soou um tanto preocupada.

-Oi. -Digo, minha voz está rouca devido ao fato de ter acabado de acordar.

-Está acontecendo algo? O Erick te ligou? – Meu amigo pergunta com uma voz preocupante.

-Sim ele me ligou. Por que?

-Porque ele veio até aqui procurando você.

-Desculpe Davi, eu realmente não sabia que isto aconteceria. –Lamento pela péssima escolha que eu fiz há alguns anos...

-Tudo bem, Clara. -Ouço suspirar. -Por acaso saberia como ele descobriu que você dormiu em minha casa? Pois só isto explicaria o fato dele saber onde eu moro.

-Não sei... Será que ele rastreou meu celular? -Pergunto.

-Dele? Não espero mais nada. E não duvido que isto tenha realmente acontecido.

-Droga! Vou trocar de número hoje mesmo, e te passo o número novo.

-Okay. Aliás, como está o cara dos emails?

-Ah, Davi, não sei, ele está na UTI em coma. -Respondo com pesar.

-Sinto muito, Clara.

-O que devo fazer? -Pergunto.

-Como assim?

-Fico aqui e espero ele acordar ou volto e deixo tudo isso pra trás, quieto no passado?

-Clara, viva pra você! Onde está a Clara do início da faculdade que se amava e se priorizava? Se você quebrar o coração é só pegar um voo de volta que irei te consolar. Se der certo estarei pronto para ser padrinho de casamento. Mas em ambas as questões quero te ver bem, feliz e se arriscando. Viva, Clara, por favor! – Davi me pede.

-Tudo bem. Vou mandar uma mensagem para Flávio dizendo que usarei das minhas horas extras para ficar esta semana no Sul, depois vejo o que farei. -Digo e o imagino sorrir do outro lado da linha.

-Ótimo, depois de uma semana a gente pensa em algo, viva o presente.

Com um sorriso casto nos lábios encerro a ligação.

Me levanto e me direciono a cozinha, meus pais estão sentados à mesa.

-Bom dia, Clara. -Seu Antônio me deseja.

-Bom dia. – Digo em resposta, bocejando.

Sento-me junto a eles. Na mesa o café está posto. Decidida a começar este dia da melhor forma que consigo imaginar, agora tomo meu café da manhã, um tanto esperançosa com as possibilidades do futuro a minha frente, espero que tudo dê certo. Espero que Axel acorde, e por mais que eu queira, temo por sua reação, afinal não nos vemos há sete anos. Tempo demais.

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