Capítulo Quatorze.

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Dei uma breve passadinha no centro antes de seguir para o hospital.

Meus passos ritmados soaram assim que adentrei no local...cumprimentei a recepcionista e segui para o quarto de Axel. 
Não havia ninguém além dele.

-Seu perfume se tornou algo fácil de detectar. -Ele disse, assim que entrei.

-Como você está? -Pergunto pegando sua mão para que ele saiba o quão próxima estou.

-Bem, cansado da comida de hospital, mas bem.

-Quando sair daqui prometo te levar no Let's pra gente comer assim, como fazíamos quando pequenos.

Vejo um sorriso surgir em seus lábios.

-Temos muitas lembranças naquele lugar, nossa adolescência inteira está lá.

-Sim, lembra do dia em que praticamente implorou pra te acompanhar em uma espécie de encontro falso, pois tinha uma garota que não saia do seu pé? – Eu ri ao lembrar.

-Ah se lembro, tive que ser extremista. -Respondeu sorrindo.

-Todos nosso momentos intensos foram lá .-Digo, sentindo a nostalgia me tomar.

-Sim, na verdade acho que da cidade inteira. Na época não se tinha tantas opções como hoje em dia...

-Verdade, todo mundo da cidade deu seu primeiro beijo no Let's.

-Ou em frente a ele. -Diz me fazendo rir com a lembrança. -Se bem que eu te ajudei com isso, não é?! De nada.

Rio.

Lembro-me deste episódio, eu tinha somente treze anos, e apenas a expectativa de dar o meu primeiro beijo me corroía deixando-me ainda mais nervosa. Axel percebendo meu nervosismo e me deu um selinho. Aquilo de alguma forma me acalmou.

-Foi um ótimo selinho. -Ele disse.

-Claro que foi, eu beijo bem.-Respondo, convencida.

-Claro que beija. – A seriedade tomou conta de seu lindo rosto.

Por um breve instante prendi minha respiração em meus pulmões, não foi algo extremamente calculado, apenas meu nervosismo mostrando seus sinais. Meu olhar pousou em seus lábios, tão bem desenhados.

Senti vontade de beijá-los.

De beijá-lo neste mesmo instante e me esquecer do mundo lá fora, ou até mesmo da consequência que este ato causaria. Eu o queria.

Esta era sem dúvidas uma afirmação que me negava a admitir, porém foi impossível ignorar os batimentos descompensados do meu coração, minha respiração ofegante e a vontade súbita de beijá-lo.

Tudo cooperava para a afirmação de que não havia esquecido Axel.

Por mais que desejasse agir, não podia. Não sabia se ele se sentia da mesma forma, afinal ele acabou de terminar o noivado, e isso seria precipitado demais.

-Clara? -A voz dele me trouxe novamente a realidade.

-Sim? -Minha voz saiu rouca devido ao excesso de sensações.

-Gosta do Rio?

-Mais do que imagina.

-E o trabalho, como vão as coisas?

-Ah, trabalhar no TC é sem dúvidas um grande passo pra minha carreira, é um dos jornais mais respeitados do estado carioca.

-Então fez jornalismo. -Ele conclui. -Lembro que na época estava em dúvida entre arquitetura e jornalismo.

-Graças a Deus fiz jornalismo, pois seria uma péssima arquiteta. -Digo fazendo-o rir.

-Não, você seria maravilhosa em qualquer coisa que fizesse.

-E você se tornou um químico de sucesso.

-Sim, espero continuar minha carreira, mesmo com essa situação.

-Você pode conseguir tudo o que quiser, Axel.

-Espero que esteja certa. -Responde sorrindo fracamente.

-Por que química?

-Sempre gostei de reações, você sabe que no fundo sempre fui um nerd.

-Claro que sei.

-Um nerd muito bonito, mas ainda sim um nerd.

Sorrio.

-E conheceu Valéria na faculdade? -Pergunto um tanto cautelosa

Ouço-o suspirar.

-Sim, ela era uma ótima química.

-Ela não exerce mais a profissão?

-Não, digamos que ela faz parte do um por cento da população que não precisa trabalhar.

-Então fez o curso apenas por hobby? -Pergunto confusa.

-Não, na época ela precisava. É complicado.

-Sinto muito pelo noivado. -Digo alertando levemente sua mão.

-Não sinta. Foi a decisão certa. Aliás, você está noiva, não?

Foi minha vez de suspirar.

-Não, não mais. Parece que ambos estamos na estaca zero.

-É um bom começo.

-Bom começo?

-Sim, um passo de cada vez, certo, Clara.

-Certo.

Nossa tarde se seguiu tranquilamente, não voltamos ao tópico “noivado”, algo que me agradou. Erick não havia descoberto meu novo número, e até agora isso estava me aliviando.

Ainda não me sentia pronta para vê-lo, este é apenas mais um fator que irá influenciar na minha decisão final.

Antes que o horário de visita se encerrasse, Júlia chegou.

Seu sorriso dessa vez chegava aos olhos, ela parecia finalmente estar se conformando com o estado do irmão.

Infelizmente sua mãe não pôde vir, ela estava trabalhando...

O horário de visita estava prestes a se encerrar quando o médico de Axel entrou na sala.

Sua expressão não estava séria, pensei ser um bom sinal.

-Boa tarde, Axel. -Ele saudou-o. -Tenho boas novas, se tudo ocorrer bem amanhã você terá alta.

Um sorriso tomou os lábios de Axel, consequentemente o meu e de Júlia também.

-Essa é uma ótima notícia, doutor. -Ela disse sorrindo enquanto apertava a mão do irmão.

-Sim, então amanhã passarei no seu quarto para ver seu estado e te dou o veredicto.

-Muito obrigado, doutor. -Ele agradeceu sorrindo.

O médico deixou a sala nos deixando ali. A mercê da nossa felicidade. Essa era uma ótima notícia.

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E aí meus amores??!!

Gente, e esse pequeno momento nostálgico/ com novas sensações que eles tiveram? Estou sentindo um cheirinho de coisas novas vindo!!!

Espero que tenham gostado!!

Não se esqueçam de comentar e deixar o like ❤️❤️❤️❤️❤️

Amo vocês...

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora