O horário de visita acabou e voltei a sala de espera. Por mais que soubesse que não poderia mais vê-lo permaneci ali.
A vontade de perguntar sobre Valéria me dominou, variadas vezes, porém me contive.
Era muitas coisas acontecendo, ele precisava se estabilizar e compreender o que ocorreu.
Permaneci sentada fitando a parede branca a minha frente e o vai e vem dos enfermeiros, pacientes e demais funcionários, apenas imaginando a vida de cada um fora daqui.
Uma mulher que aparentava ter uns vinte anos saiu em uma cadeira de rodas com um pequeno bebê em seus braços, foi impossível conter o sorriso que surgiu em meus lábios.
Isso me trouxe a memória as palavras de Erick, duras e frias. Engoli a seco na tentativa de segurar o choro que embargou minha garganta.
Não merecia ouvir aquelas palavras, entretanto elas foram ditas. Minha família não merecia tão poucas visitas, mas eu as fiz... O Axel não merecia um reencontro comigo justo quando sofre um acidente. Parece que não sou apenas a mocinha desta história, na verdade se parar para pensar talvez tenha sido vilã em algumas partes.
Contudo, é idiotice tentar mudar o rumo disso tudo dê tudo isso? Talvez realmente seja, talvez não.
Será que Guilhermo tem tantos arrependimentos quanto eu? Meu irmão e eu sempre fomos tão diferentes que seria capaz de dizer que todo este drama em qual me encontro é algo apenas meu. Ele sempre foi melhor em lidar com situações difíceis como estas, ele sempre sabe o que dizer. Diferente de mim que sempre me perco em minhas próprias palavras.
Tentando mudar o foco dos meus pensamentos, através de uma prece silenciosa agradeço pela vida de Axel, e que por mais que exista sequelas ele ainda está vivo.
Lembro- me da nossa infância, ele sempre foi mais positivo do que eu. Na verdade, Axel sempre foi o típico melhor amigo de todos que sempre tinha um bom conselho guardado na manga... E foi por isso que ficou tão difícil quando comecei a ter sentimentos por ele, afinal não tinha como seguir seus conselhos quando se tratava dele mesmo.
Ele sempre arrancou suspiros por onde ia, e contrapartida sempre fui alvo de olhares raivosos e burburinhos pela cidade. Foi uma boa época, a nostalgia me toma e a vontade de simplesmente voltar ao passo veem sem previsão de ida. Gostaria de que as coisas tivessem sido diferentes entre nós.
Como desejava.Aos poucos sinto o sono se intensificar e lentamente me sinto dominada por ele.
-Moça... -Abri meus olhos lentamente deparando-me com uma enfermeira que me encarava.
-Sim? -Perguntei reparando que já era dia, realmente havia pego no sono.
-A senhora tem certeza de que não quer ir embora? O horário de visita só irá abrir na parte da tarde.
Pego meu celular vendo que são sete horas.
-Obrigada. -Agradeço sorrindo.
Ainda um tanto sonolenta pego minha bolsa, a chave do carro de meu pai e caminho hospital a fora em direção ao carro estacionado.Dirijo tranquilamente até a casa de meus pais, adentro. Tudo está silencioso.
Me direcionei ao meu antigo quarto. Deitei-me sentindo o macio do colchão contra minha pele. Por mais que desejasse permanecer acordada o sono me toma, foi uma noite difícil na sala de espera daquele hospital.
Acordei de um breve cochilo, nove horas, ainda não havia dormido o suficiente, entretanto minha mente se recusava a descansar. A se desligar.
O som do toque do meu celular ecoou pelo quarto. Peguei-o na escrivaninha.
-Alô?
-Oi, Clara. Tudo bem? -A voz de Júlia ecoou do outro lado da linha.
-Sim, está tudo bem.
-Desculpe não ter voltado, digamos que minha mãe não reagiu muito bem. Meu pai teve que buscar alguns calmantes na farmácia e agora ela está dormindo...quer dizer, ela está dormindo desde ontem, acho que você entendeu, certo?
-Entendi sim. Mas ele ficou bem.
-Não entendo, ele não me permite entrar, Clara. Ele não quer falar comigo! Por que? Por que ele está me afastando desse jeito? -Seu tom de voz se torna trêmula.
-Julia, ele está tão apavorado quanto você, e precisa de um tempo a sós pra se acostumar com essa situação.
-Mas eu posso ajudar!
-Ele não quer ser ajudado agora, ele precisa entender o que está havendo. Júlia, ele não quer te magoar, ele não quer ouvir você chorar ou tentar consolá-lo, ele quer passar pelo primeiro processo sozinho.
-Acha que um dia ele voltará a ter uma vida normal?-Pergunta preocupada.
-Claro que sim, ele só precisa de tempo.
-Obrigada, Clara. De verdade. Muito obrigada.
-Estou aqui pra isso, Júlia.
Encerro a chamada e levanto-me.
Vou ao banheiro, abro o chuveiro e permito que a água caia sobre mim e lavo meu cabelo.
Após o banho me troco, e me direciono a cozinha. Meus pais não estavam mais em casa, não sei onde eles estão, eles devem estar no centro ou algo do tipo.
Preparo meu café da manhã, uma torrada com a boa e velha manteiga e um café com leite. Pego meu celular e começo a ver as variadas notícias do dia, nada de anormal. Respirei fundo, sentido uma tranquilidade me invadir, desde que cheguei aqui é a primeira vez que me senti realmente leve, como não me sentia a muito tempo.
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E aí meus amores?
Espero que tenham gostado!!!
Até sábado que vem ❤️
Amo vocês ❤️❤️
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Sob Um Novo Olhar
RomansaO que você faria se sua vida fosse mudada drasticamente de uma hora para outra? Axel, costumava amar o que fazia, ser químico sempre foi seu sonho, até que uma tragédia o fez repensar a mais importante decisão de sua vida. Clara, tem a vida em ordem...