Capítulo Doze

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O horário de visita acabou e voltei a sala de espera. Por mais que soubesse que não poderia mais vê-lo permaneci ali. 

A vontade de perguntar sobre Valéria me dominou, variadas vezes, porém me contive. 

Era muitas coisas acontecendo, ele precisava se estabilizar e compreender o que ocorreu. 

Permaneci sentada fitando a parede branca a minha frente e o vai e vem dos enfermeiros, pacientes e demais funcionários, apenas imaginando a vida de cada um fora daqui. 

Uma mulher que aparentava ter uns vinte anos saiu em uma cadeira de rodas com um pequeno bebê em seus braços, foi impossível conter o sorriso que surgiu em meus lábios. 

Isso me trouxe a memória as palavras de Erick, duras e frias. Engoli a seco na tentativa de segurar o choro que embargou minha garganta. 

Não merecia ouvir aquelas palavras, entretanto elas foram ditas. Minha família não merecia tão poucas visitas, mas eu as fiz... O Axel não merecia um reencontro comigo justo quando sofre um acidente. Parece que não sou apenas a mocinha desta história, na verdade se parar para pensar talvez tenha sido vilã em algumas partes. 

Contudo, é idiotice tentar mudar o rumo disso tudo dê tudo isso? Talvez realmente seja, talvez não. 

Será que Guilhermo tem tantos arrependimentos quanto eu? Meu irmão e eu sempre fomos tão diferentes que seria capaz de dizer que todo este drama em qual me encontro é algo apenas meu. Ele sempre foi melhor em lidar com situações difíceis como estas, ele sempre sabe o que dizer. Diferente de mim que sempre me perco em minhas próprias palavras. 

Tentando mudar o foco dos meus pensamentos, através de uma prece silenciosa agradeço pela vida de Axel, e que por mais que exista sequelas ele ainda está vivo. 

Lembro- me da nossa infância, ele sempre foi mais positivo do que eu. Na verdade, Axel sempre foi o típico melhor amigo de todos que sempre tinha um bom conselho guardado na manga... E foi por isso que ficou tão difícil quando comecei a ter sentimentos por ele, afinal não tinha como seguir seus conselhos quando se tratava dele mesmo.

Ele sempre arrancou suspiros por onde ia, e contrapartida sempre fui alvo de olhares raivosos e burburinhos pela cidade. Foi uma boa época, a nostalgia me toma e a vontade de simplesmente voltar ao passo veem sem previsão de ida. Gostaria de que as coisas tivessem sido diferentes entre nós.
Como desejava.

Aos poucos sinto o sono se intensificar e lentamente me sinto dominada por ele.

-Moça... -Abri meus olhos lentamente deparando-me com uma enfermeira que me encarava.

-Sim? -Perguntei reparando que já era dia, realmente havia pego no sono.

-A senhora tem certeza de que não quer ir embora? O horário de visita só irá abrir na parte da tarde. 

Pego meu celular vendo que são sete horas. 

-Obrigada. -Agradeço sorrindo.
Ainda um tanto sonolenta pego minha bolsa, a chave do carro de meu pai e caminho hospital a fora em direção ao carro estacionado. 

Dirijo tranquilamente até a casa de meus pais, adentro. Tudo está silencioso. 

Me direcionei ao meu antigo quarto. Deitei-me sentindo o macio do colchão contra minha pele. Por mais que desejasse permanecer acordada o sono me toma, foi uma noite difícil na sala de espera daquele hospital.

Acordei de um breve cochilo, nove horas, ainda não havia dormido o suficiente, entretanto minha mente se recusava a descansar. A se desligar. 

O som do toque do meu celular ecoou pelo quarto. Peguei-o na escrivaninha.

-Alô?

-Oi, Clara. Tudo bem? -A voz de Júlia ecoou do outro lado da linha.

-Sim, está tudo bem.

-Desculpe não ter voltado, digamos que minha mãe não reagiu muito bem. Meu pai teve que buscar alguns calmantes na farmácia e agora ela está dormindo...quer dizer, ela está dormindo desde ontem, acho que você entendeu, certo?

-Entendi sim. Mas ele ficou bem. 

-Não entendo, ele não me permite entrar, Clara. Ele não quer falar comigo! Por que? Por que ele está me afastando desse jeito? -Seu tom de voz se torna trêmula.

-Julia, ele está tão apavorado quanto você, e precisa de um tempo a sós pra se acostumar com essa situação. 

-Mas eu posso ajudar!

-Ele não quer ser ajudado agora, ele precisa entender o que está havendo. Júlia, ele não quer te magoar, ele não quer ouvir você chorar ou tentar consolá-lo, ele quer passar pelo primeiro processo sozinho.

-Acha que um dia ele voltará a ter uma vida normal?-Pergunta preocupada.

-Claro que sim, ele só precisa de tempo. 

-Obrigada, Clara. De verdade. Muito obrigada. 

-Estou aqui pra isso, Júlia.

Encerro a chamada e levanto-me.

Vou ao banheiro, abro o chuveiro e permito que a água caia sobre mim e lavo meu cabelo. 

Após o banho me troco, e me direciono a cozinha. Meus pais não estavam mais em casa, não sei onde eles estão, eles devem estar no centro ou algo do tipo.

Preparo meu café da manhã, uma torrada com a boa e velha manteiga e um café com leite. Pego meu celular e começo a ver as variadas notícias do dia, nada de anormal. Respirei fundo, sentido uma tranquilidade me invadir, desde que cheguei aqui é a primeira vez que me senti realmente leve, como não me sentia a muito tempo.

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E aí meus amores?

Espero que tenham gostado!!!

Até sábado que vem ❤️
Amo vocês ❤️❤️


Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora