Capítulo Dezenove

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-Clara.

Rolo na cama ignorando a voz distante.

-Clara. - Abro os olhos lentamente.

O quarto está iluminado apenas pela luz do corretor que adentra pela porta aberta.

Ajoelho-me no colchão que está no chão.

-O que foi, Axel?-Pergunto preocupada.

-Acho que estou com um pouco de febre. -Diz, o mesmo está sentado na cama um tanto desorientado.

-Calma, onde está o termômetro?

-Seguro porta do guarda-roupa quarta gaveta. -Responde.

Levanto-me, acendo a luz. Achei facilmente o termômetro, ajudei Axel a se deitar.

Coloquei o termômetro, e apenas aguardei o "bip".

Peguei meu celular, três e quarenta da manhã... Poxa, dormimos muito, que bom que ele conseguiu descansar.

O "bip" surge, retiro o termômetro, trinta e oito de febre.

-Quanto está?-Pergunta.

-Trinta e oito. Tem dipirona aqui?

-Tem sim, na cozinha. Senão me engano no armário ao lado da geladeira.

-Já volto.

Cruzo o corredor e sigo para a cozinha. Abro o armário, após alguns segundos de procura o encontro. Verifico a validade, graças a Deus ainda está válido.

Volto ao quarto com um copo de água.
Axel estava sentado na cama, entrego-o copo e o remédio já retirado da embalagem.

-Obrigado. -Agradece me estendendo o copo.

-De nada. Acho melhor tirar um pouco dessas cobertas.

-Mas estou com frio, Clara. -Diz se encolhendo na cama.

-Eu sei, querido, mas será melhor.

Tiro todo o excesso de cobertas.

-Isso se parece com quando éramos pequenos. -Fala com tom nostálgico.

-Você sempre cuidou de mim, acho que isso era o mínimo que poderia fazer por você. Está se sentindo mal, ou apenas com frio?

-Apenas com frio. -Responde.

-Quer tomar um banho gelado? -Pergunto tentando esconder o riso ao ver sua expressão de negação.

-Não, sem banho frio. -Diz por fim.

-Certo.

-Que horas são?

-Três e quarenta.

-Obrigado.

Com um sorriso depósito um breve beijo em seus lábios.

-Boa noite, Axel.

Volto a me deitar no colchão sorrindo.

-Clara?

-Hm?

-Nós estamos tentando recomeçar do zero?

Levanto-me novamente, me sento ao seu lado.

-Eu gostaria de recomeçar.-Falo.

Vejo-o esbanjar um breve sorriso.

-Não vai fugir para o Rio?

Meu sorriso morre.

-Hmmm... Na verdade, precisarei voltar pro Rio na segunda, mas será coisa breve, estarei em Santa Catarina  novamente no mesmo dia.-Digo, cautelosamente.

-Oh, terá de voltar para o Rio?

-Volto na segunda mesmo. Meu chefe me ligou, até disse que pagaria minha passagem.

-Tem certeza de quer realmente começar algo comigo, Clara?

Chego mais perto dele, sinto o roçar dos nossos lábios um ao outro. Beijo-o. Uma de suas mãos se encaixa em meu pescoço me puxando para mais perto de ti.

Afastamos-nos ofegantes.

-Isso responde sua pergunta? -Pergunto sorrindo.

-Foi uma boa resposta. -Responde com um sorriso. -Tem certeza do que quer?

-Tenho. Você tem?

-Sempre tive.

Dou-lhe mais um beijo e torno a me deitar.
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A claridade toma conta do ambiente. Lentamente, abro meus olhos. Procuro por meu celular encontrando-o debaixo de meu travesseiro. Dez e meia.

Espreguiço-me.

Direciono meu olhar para a cama encontrando-a vazia. Onde Axel está? Levanto-me.

Caminho pelo corredor até a cozinha, fito tudo ao meu redor, Axel está sentado no sofá.

-Axel. -Chamo-o.

O mesmo se vira em direção onde o som ecoou.

-Hmm?

-Por que não me acordou quando se levantou?-Pergunto enquanto caminho até o mesmo, me sento ao seu lado. Seguro sua mão para que ele sinta minha aproximação.

-Não queria encomandar, aliás, consegui chegar até a sala, caso não conseguisse te chamaria.

-Ainda está com frio?-Pergunto me recordando de que o mesmo tivera febre durante a noite. -Sou uma péssima cuidadora, não?

O riso dele preenche o ambiente.

-Não, você não é. Era apenas uma cuidadora cansada. E não, não estou com frio. O remédio fez efeito e como esperado a febre passou.

-Desculpe, mais um vez. Vou preparar um bom café da manhã como um pedido de desculpas.

-Aceitarei com prazer. -Responde sorrindo.

Beijo o dorso de sua mão antes de me levantar. Assim que chego na cozinha verifico os ingredientes disponíveis nos armário.

Decido fazer tapioca. E em questão de minutos tudo está pronto, fiz uma de queijo, outra de peito de peru e uma pra comer com manteiga mesmo.

Preparei um café para acompanhar.

Quando pronto chamei Axel, e o guiei até a mesa. Nos sentamos.

-Então irá pro Rio amanhã?-Pergunta.

-Irei. Mas como disse voltarei amanhã mesmo, não se preocupe. -Respondo cautelosa.

-Tudo bem. Acho que isso não deve interferir em nada.

-Sabe que fui sincera ontem, certo? Quero realmente recomeçar, sem pensar no que aconteceu.

-Clara, éramos imaturos. Crianças comparado aos dias de hoje. Eu fui imaturo de fazer o que fiz e você por ter fugido... Mas não somos os mesmos. Eu não sou.

-Também não sou. Eu só quero viver daqui pra frente, sabe? Apenas construir uma história da qual quero me lembrar. Quero enxergar a vida sob um novo olhar.

Vejo-o sorrir.

-Então aprenderemos juntos a vê-la sob um novo olhar.

Selo nossos lábios com a certeza de que fiz uma boa escolha.
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Vomitando arco-íris? Estou!!

Esses dois me encantam,sério!

Espero que tenham gostado!!

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