Capítulo Nove

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Deixei o quarto de Axel. Júlia e Valéria estavam sentadas na sala de espera, ambas com a expressão fechada.

Assim que o olhar de Valéria recai sobre mim a mesma se levanta e passa por mim apressada.

Sento-me ao lado de Júlia.

-Odeio essa mulher.-Murmura ao meu lado. Um pequeno sorriso surge ao meu lado ao ver que não estou sozinha.-Não sei o que meu irmão viu, pois nem bonita a acho.

-Desde quando eles namoram?-Pergunto.

-Eles se conheceram na faculdade e por algum motivo desconhecido pelo homem, ele se apaixonou por ela.

-Espera, ela é química?-Pergunto.

-Nuclear. -Completa.

-Isso sem dúvidas é inacreditável. -Respondo surpresa.

-Pois é. Na verdade ainda torço para que eles terminem. Meu irmão é bom demais para ela.

-Até parece uma história que conheço.-Comento.

-Mas você também está noiva, não?

-Não sei. -Respondo.

-Pergunto ou não?-Diz confusa.

-Melhor não... Explicar algo que nem eu entendo não é tão fácil quanto parece. -Respondo fazendo-a sorrir. -Julia, acho melhor eu ir, não quero causar mais nenhum incômodo.

-Você não causa, Valéria causa.

-Mesmo assim... Ela chegou antes, certo?-Pergunto me levantando.

-Eu cheguei antes.-Responde me fazendo rir.

-Tchau.

-Tem certeza que não quer uma carona de volta?

-Não, eu me viro, fique com seu irmão ele precisa mais de você do que de mim.

Assente.

Deixo o hospital tentando encontrar um táxi. Tarefa difícil, porém não impossível.

Assim que adentrei ao carro passei o endereço da casa de minha mãe, por mais que o silêncio reine não me importei estava perdida em meus pensamentos.

O som do meu celular me despertou.

-Alô?

-Você queria saber o que o Sanches estava fazendo aí, correto?!-A voz de Davi ecoou por meus ouvidos.

-Sim, conte-me tudo.

-Parece que a filha dele estava com sério problemas, pelo que entendi envolvia até droga.

-Espera. Ele não tem filha.

-Não no casamento atual... Fui mais a fundo, e descobri que ele tem uma filha dos variados casos extras conjugais  que já teve.

-E por que ela não foi explanada pela imprensa?-Pergunto.

-Porque um a mãe dela é famosa e optou por não ser exposta, e dois porque ele não queria que isso viesse a tona, então sempre escondeu a menina.

-Quantos anos ela tem?

-Vinte e cinco.

-Ela sabe de quem é filha?-Pergunto.

-Sabe. Para ela Sanches é o pai exemplar.

-E porque ela não revelou isso a imprensa?-Pergunto confusa.

-Porque o papai perfeito pediu que não falasse, e comprar o silêncio da filha é mais fácil do que de vários políticos.

Engulo à seco.

-Tem o nome dela?-Pergunto.

-Ainda não... Mas até o final de semanas farei o possível para conseguir esta informação.

-Certo. Obrigada Davi, já disse que te amo?

-Já, sei que é só interesse, eu sei... Clara tenho que desligar, beijo.

-Beijo.

Encerro a ligação.

A pergunta que martela minha mente é o por quê de Sanches esconder esta filha... Será que ele teria ainda um caso com a mãe dela? É uma ótima pergunta.

Se ele está em Santa Catarina, significa que ela mora aqui, já tenho localização e idade, só preciso do nome. Algo que não se encaixa é o fato da droga.

Em uma das variadas matérias que já escrevi sobre ele uma aborda exatamente o fato dele ser um dos principais pontos de auxílio não apenas do tráfico carioca, mas do tráfico internacional também.

Ele conseguiu auxiliar a exportação mais de trezentos quilos de cocaína para o exterior.

Eu sei o quão extremo é esta minha investigação e que  Davi está certo estou levando isso a sério demais, porém é impossível dizer não a meu instinto jornalístico.

Assim que o carro desacelera frente a casa de meus pais pago pela corrida e deixo o táxi.

Adentro a casa encontrando-a vazia.

Provavelmente todos saíram.

Pego o notebook que está na sala e ligo-o. Por mais que não seja o ideal neste momento prefiro me concentrar nas reportagens e investigações sobre Sanches ao invés  que pensar na noiva insuportável de Axel.

Primeiro abro meu e-mail, há alguns, mas nada de importante. Abro a aba do Google, digito "escândalos de 1996" na esperança de encontrar alguma matéria publicada sobre este tal caso extra conjugal. Porém nada.

Pesquiso a família do governador, contudo obtenho informações sobre sua mulher, Renata. Não existe uma filha, não no site mais popular de busca.

Suspiro frustrada.

O som da porta se abrindo chama minha atenção. Minha mãe adentra acompanhada por Cíntia.

-Clara, achei que estivesse no hospital com Júlia.-Minha mãe diz.

-Preferi deixá-los a sós.-Respondo.

-Não verdade Júlia já chegou.-Cintia diz com a expressão um tanto triste.-Valeria estava no hospital, acho que já a conheceu.-Diz me fitando.

-Sim.

-Quem nos dera se ele estivesse acordado e te visse com outro olhos, menina, alegraria a família toda.

-Mas a Clarinha está noiva.-Minha mãe diz.

-Não verdade, não estou mais mãe.-Respondo cuidadosamente.

-Como não? -Pergunta surpresa.

-Você tinha razão Erick não é tão bom pra mim quanto eu pensava. -Respondo.

Por mais que possa finjir estar um tanto decepcionada sei que parte dela está feliz.
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E aí meus amores?

Espero que tenham gostado!!

Essa Clara ainda vai dar o que falar, viu!

Amo vocês ❤️

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora