Após o desembarque, Júlia estava a minha espera, fora um caminho tranquilo de volta para a casa de Axel.
Pedi a ela, que me levasse primeiro até ele, pois queria vê-lo.
E coincidindo com meu desejo, ela me informou que hoje também estaria de plantão, terminado com um pedido para auxiliá-lo essa noite novamente.
Quando o carro desacelerou em frente ao seu apartamento, me despedi de Julia, e adentrei ao prédio.
No pequeno espaço de tempo que passei no elevador mandei uma mensagem a Davi, e aos meu pais, dizendo que havia chegado.
A porta do apartamento dele estava apenas encostada. A abri.
-Axel?-Chamei.
-Na cozinha. -Responde.
Encosto a porta atrás de mim. Deixo minha mala na sala, e me direciono até a cozinha, encontando-o sentado na mesa, com um suco de laranja a sua frente.
-Suco?-Pergunta.
-Você quem fez?
-Sim, sou um excelente cozinheiro, se lembra?-Claro.
Me aproximo. Toco em seu ombro pra o mesmo sentir minha aproximação.Suavemente, selo nossos lábios em um breve beijo.
-Como foi no Rio?
-Hm, foi interessante, e cansativo. -Responde me sentando ao seu lado.
Sirvo um copo do suco.
-Mas, sua ida tinha algo haver com o fato de você ter vindo para o Sul?
-Não, quer dizer, não diretamente. Mas não vou voltar para o Rio durante um bom tempo. Então, acho bom se acostumar com a minha presença, senhor Axel.
Sua expressão demonstra parte de sua surpresa.
-Como assim?
-Meu chefe me ofereceu o cargo de editora chefe no jornal do sul.
-E você aceitou?
-Sim... Além de me tornar editora chefe, estaria perto de você. Uni o útil ao agradável.
Um sorriso é esboçado em seus lábios.
-Então, voltou definitivamente?-Sim, ainda não sei como vou fazer com o contrato que tinha com meu prédio, muito menos com minhas coisas... Mas isso é problema pra me preocupar depois. E como você passou?
-Bem. Estou me adaptando, mas estou encontrando os cômodos com mais facilidade.
-Que bom. Preciso ver se há algum apartamento perto daqui.
-Não vai morar com seus pais?
-Acho que não seria justo, e além do mais, me acostumei a morar só.
-Entendo.
-Já jantou? Estou faminta.
-Ainda não. Júlia estava atrasada e saiu correndo.
-Ótimo, o que quer pedir?
-Não tenho preferência hoje. Pode escolher.
-Comida japonesa, gosta?-Pergunto.
-Sim.
Abro o aplicativo que tenho em meu celular selecionando o melhor pedido para ambos.
-Vou tomar um banho e já volto pra te fazer companhia. -Digo vendo-o assentir.
Levo minha mala para o quarto de hóspedes, separo meu pijama.
Tomo uma ducha rápida. Troco-me.
Antes que pudesse sair do quarto ouço um barulho, como se um vidro fosse quebrado.
Abro a porta em um solavanco correndo pelo corredor até chegar a cozinha onde havia deixado Axel.
Suas mãos estão pingando sangue e há uma travessa de vidro estilhaçada ao chão.
-Axel! O que houve?-Pergunto, tirando-o com cuidado de perto dos cacos.
-Ela escorregou das minhas mãos.
-Venha, vamos dar um jeito em sua mão. Depois cuido disso.
Guiei-o até o banheiro. O auxiliei ao se sentar no vaso. Como ele havia dito o pequeno kit de primeiros socorros estava no armário.
-Ahhh. -Ele reclamou quando encostei o algodão com um pouco de álcool.
-Aguente. Foi um corte um pouco fundo, por isso o álcool. -Expliquei.
Sua expressão se retraiu denunciando que o mesmo não havia aprovado a ideia.
Após alguns minutos sua mão está devidamente enfaixada.
-Por que não me chamou pra te ajudar?-Pergunto enquanto guardo o kit.
-Porque um dia precisarei fazer as coisas sozinho. -Diz parecendo um pouco irritado.
-Eu sei que é difícil...
-Não, nem você, nem Júlia e nem ninguém sabe como é difícil. Vocês apenas estipulam. -Intrrompe-me.
Ele se levanta, e com certa dificuldade deixa o banheiro.
Permaneço parada no mesmo lugar, pensando no que fazer... Por fim, acabo retornando a cozinha.
Antes que tenha a chance de me pronunciar o som do interfone ecoa pelo ambiente.
Axel se assusta um pouco.
-Eu atendo. -Digo.
Era nosso pedido que havia chego. Aviso-o que irei buscar e o mesmo apenas murmura um "Uhumm".
O elevador demora um pouco até chegar ao térreo.
-Obrigada por receber, seu Jorge. -Digo ao porteiro que tem um sorriso simpático nos lábios.
-De nada. É um prazer ajudar.
Aceno para o mesmo é torno ao elevador com a bandeija em minhas mãos.
Abro a porta do apartamento com certo receio.
Axel permanece sentado na mesa. Em silêncio.
-Entendo que seja difícil, e que eu nunca serei capaz de compreender o que você está realmente passando, mas me excluir vai ajudar em quê? -Pergunto.
Ouço-o bufar.
-Só estou irritado. Só isso, não é nada com você.
-Tudo bem. Vamos comer?Vejo-o assentir.
Abro a embalagem.
Preparo tudo, para que fique mais fácil para ele. Assim, em silêncio, começamos a comer.
Axel está reflexivo, até demais... Foco-me em meu prato, tentar compreender o que ele está sentindo não irá mudar a situação. É inevitável, ele precisa desse tempo, a sós consigo mesmo.
E não há algo que possa fazer para interromper tal, nem tenho tal direito. Com tal pensamento, permaneço em silêncio no decorrer do jantar.
____________________________________E aí meus amores?
O que acharam?
Espero que tenham gostado, não se esqueçam de comentar e deixar o like ❤️❤️❤️❤️
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Sob Um Novo Olhar
RomanceO que você faria se sua vida fosse mudada drasticamente de uma hora para outra? Axel, costumava amar o que fazia, ser químico sempre foi seu sonho, até que uma tragédia o fez repensar a mais importante decisão de sua vida. Clara, tem a vida em ordem...