Capítulo Vinte e Dois

1.2K 106 1
                                    

Após o desembarque, Júlia estava a minha espera, fora um caminho tranquilo de volta para a casa de Axel.

Pedi a ela, que me levasse primeiro até ele, pois queria vê-lo.

E coincidindo com meu desejo, ela me informou que hoje também estaria de plantão, terminado com um pedido para auxiliá-lo essa noite novamente.

Quando o carro desacelerou em frente ao seu apartamento, me despedi de Julia, e adentrei ao prédio.

No pequeno espaço de tempo que passei no elevador mandei uma mensagem a Davi, e aos meu pais, dizendo que havia chegado.

A porta do apartamento dele estava apenas encostada. A abri.

-Axel?-Chamei.

-Na cozinha. -Responde.

Encosto a porta atrás de mim. Deixo minha mala na sala, e me direciono até a cozinha, encontando-o sentado na mesa, com um suco de laranja a sua frente.

-Suco?-Pergunta.

-Você quem fez?

-Sim, sou um excelente cozinheiro, se lembra?

-Claro.

Me aproximo. Toco em seu ombro pra o mesmo sentir minha aproximação.

Suavemente, selo nossos lábios em um breve beijo.

-Como foi no Rio?

-Hm, foi interessante, e cansativo. -Responde me sentando ao seu lado.

Sirvo um copo do suco.

-Mas, sua ida tinha algo haver com o fato de você ter vindo para o Sul?

-Não, quer dizer, não diretamente. Mas não vou voltar para o Rio durante um bom tempo. Então, acho bom se acostumar com a minha presença, senhor Axel.

Sua expressão demonstra parte de sua surpresa.

-Como assim?

-Meu chefe me ofereceu o cargo de editora chefe no jornal do sul.

-E você aceitou?

-Sim... Além de me tornar editora chefe, estaria perto de você. Uni o útil ao agradável.

Um sorriso é esboçado em seus lábios.

-Então, voltou definitivamente?

-Sim, ainda não sei como vou fazer com o contrato que tinha com meu prédio, muito menos com minhas coisas... Mas isso é problema pra me preocupar depois. E como você passou?

-Bem. Estou me adaptando, mas estou encontrando os cômodos com mais facilidade.

-Que bom. Preciso ver se há algum apartamento perto daqui.

-Não vai morar com seus pais?

-Acho que não seria justo, e além do mais, me acostumei a morar só.

-Entendo.

-Já jantou? Estou faminta.

-Ainda não. Júlia estava atrasada e saiu correndo.

-Ótimo, o que quer pedir?

-Não tenho preferência hoje. Pode escolher.

-Comida japonesa, gosta?-Pergunto.

-Sim.

Abro o aplicativo que tenho em meu celular selecionando o melhor pedido para ambos.

-Vou tomar um banho e já volto pra te fazer companhia. -Digo vendo-o assentir.

Levo minha mala para o quarto de hóspedes, separo meu pijama.

Tomo uma ducha rápida. Troco-me.

Antes que pudesse sair do quarto ouço um barulho, como se um vidro fosse quebrado.

Abro a porta em um solavanco correndo pelo corredor até chegar a cozinha onde havia deixado Axel.

Suas mãos estão pingando sangue e há uma travessa de vidro estilhaçada ao chão.

-Axel! O que houve?-Pergunto, tirando-o com cuidado de perto dos cacos.

-Ela escorregou das minhas mãos.

-Venha, vamos dar um jeito em sua mão. Depois cuido disso.

Guiei-o até o banheiro. O auxiliei ao se sentar no vaso. Como ele havia dito o pequeno kit de primeiros socorros estava no armário.

-Ahhh. -Ele reclamou quando encostei o algodão com um pouco de álcool.

-Aguente. Foi um corte um pouco fundo, por isso o álcool. -Expliquei.

Sua expressão se retraiu denunciando que o mesmo não havia aprovado a ideia.

Após alguns minutos sua mão está devidamente enfaixada.

-Por que não me chamou pra te ajudar?-Pergunto enquanto guardo o kit.

-Porque um dia precisarei fazer as coisas sozinho. -Diz parecendo um pouco irritado.

-Eu sei que é difícil...

-Não, nem você, nem Júlia e nem ninguém sabe como é difícil. Vocês apenas estipulam. -Intrrompe-me.

Ele se levanta, e com certa dificuldade deixa o banheiro.

Permaneço parada no mesmo lugar, pensando no que fazer... Por fim, acabo retornando a cozinha.

Antes que tenha a chance de me pronunciar o som do interfone ecoa pelo ambiente.

Axel se assusta um pouco.

-Eu atendo. -Digo.

Era nosso pedido que havia chego. Aviso-o  que irei buscar e o mesmo apenas murmura um "Uhumm".

O elevador demora um pouco até chegar ao térreo.

-Obrigada por receber, seu Jorge. -Digo ao porteiro que tem um sorriso simpático nos lábios.

-De nada. É um prazer ajudar.

Aceno para o mesmo é torno ao elevador com a bandeija em minhas mãos.

Abro a porta do apartamento com certo receio.

Axel permanece sentado na mesa. Em silêncio.

-Entendo que seja difícil, e que eu nunca serei capaz de compreender o que você está realmente passando, mas me excluir vai ajudar em quê? -Pergunto.

Ouço-o bufar.

-Só estou irritado. Só isso, não é nada com você.

-Tudo bem. Vamos comer?

Vejo-o assentir.

Abro a embalagem.

Preparo tudo, para que fique mais fácil para ele. Assim, em silêncio, começamos a comer.

Axel está reflexivo, até demais... Foco-me em meu prato, tentar compreender o que ele está sentindo não irá mudar a situação. É inevitável, ele precisa desse tempo, a sós consigo mesmo.

E não há algo que possa fazer para interromper tal, nem tenho tal direito. Com tal pensamento, permaneço em silêncio no decorrer do jantar.
____________________________________

E aí meus amores?

O que acharam?

Espero que tenham gostado, não se esqueçam de comentar e deixar o like ❤️❤️❤️❤️

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora