Epílogo

1.4K 106 18
                                    

Cinco anos depois

-Vamos Maria Luiza!-Peço enquanto tento, inutilmente, fazer a garotinha a minha frente vestir seu vestido.

-Não quero, mamãe!-Resmunga cruzando os braços, até parece a cópia de Axel.

Seus olhos verdes, seus cabelos louros demonstram a grande mistura que é de meu marido e eu... Maria Luiza está com quase cinco anos, mas tem uma determinação invejável.

-O João não precisa se vestir assim, por que eu preciso?-Pergunta.

-Porque meninas são mais estilosas do que meninos. -João diz adentrando ao quarto de sua irmã. Ele tem doze anos, o adotamos quando o mesmo tinha sete anos, seus olhos são castanhos, sua pele negra e seus cabelos encaracolados. -Você vai ficar linda, Malu.  É só colocar o vestido. -Diz tentando me ajudar, agradeço-o com o olhar.

-Papai já está pronto?-Pergunto para ele.

-Sim.

Malu me permite terminar de arrumá-la e logo caminhamos os três para a sala do quarto de hotel. Axel está com um terno feito sob medida, está lindo com a barba por fazer, e o cabelo em um topete. Dou-lhe um breve beijo nos lábios, visto um vestido cumprido da cor vermelha, ele tem um decote generoso em minhas costas, porém nada que chegue a ser vulgar.

Meu pequeno homenzinho vesti um terno muito parecido com o do pai, e sei o quão feliz ele está por estar parecido com Axel, João diz que quer se formar em química também, porém ele tem muito tempo para decidir.

Deixamos o hotel, não estamos no Brasil, na verdade estou muito feliz por conhecer a Suécia, mas acima de tudo estou extremamente feliz pelo motivo que nos trouxe até aqui. Foi anunciado que meu marido estava concorrendo a receber o prêmio Nobel de química, o único brasileiro na categoria, e quando fomos notificados de que o mesmo fora eleito o vencedor a alegria nos tomou a um nível único.

Me lembro de ouvi-lo dizer aos prantos que nunca havia imaginado algo do tipo, e que muito menos que em sua situação seria capaz de conquistar o prêmio Nobel. Acho que nunca senti tanto orgulho dele.

Até mesmo Malu o fitava com os olhos brilhantes, e João inflava o peito de ar para dizer que o pai havia conquistado o Nobel.

O trajeto até o local onde será realizada a cerimônia não demora muito, Axel está nervoso, estala os dedos a cada cinco segundos.

-Se acalme. -Sussurro em seu ouvido.

-Estou tentando. -Responde.

Quando o carro parou, descemos. Haviam tantos reportes, e por um segundo me senti estranha por estar no lugar oposto, afinal o normal seria eu ser a repórter. De mãos dadas, com a Malu do meu lado e João ao seu adentramos. Não foi difícil guiar Axel, na verdade raramente ele precisa de minha ajuda.

A cerimônia foi fantástica, e quando seu nome foi anunciado não me contive, as lágrimas apenas rolaram. Vê-lo receber um dos mais desejados prêmios me levou a um nível único de agradecimento à Deus.

-Quero agradecer aos meus pais...-Ele começa dizer. -Sempre me apoiaram a seguir a carreira científica, agradecer a academia brasileira de química do Sul que me proporcionou grandes aprendizados... E agradecer a linda mulher que me acompanha quase a vida toda, se posso assim dizer. Obrigada por ser minha estrutura, querida.

-Mamãe porque está chorando?-Malu perguntou ao meu lado.

-Porque estou feliz, filha. -Respondo.

João mal desvia os olhos do pai, seguindo até o mesmo retornar a mesa e o abraçar fortemente.

Sim, a vida é uma caixinha de surpresas, e temos que desvendá-la aos poucos. Precisamos viver cada etapa intensamente, seja ela boa, ou não. Precisamos nos entregar, e agradecer, precisamos apenas viver como se não houvesse o amanhã. Com este pensamento fito minha família ao meu redor, e em uma prece silenciosa agradeço à Deus por eles, e por cada momento que vivi e viverei ao lado deles.

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora