Capítulo Vinte e Oito

1.1K 101 7
                                    

Encerrei a ligação e segui o caminho até minha casa...este era um caminho sem volta, por mais que parasse por aqui já havia me envolvido demais, não existia mais volta. 

Sanches sabia sobre minha existência, sabia quem eu era e também que não residia mais no Rio. Por mais que esteja com medo, a mínima chance de fazer algum tipo de justiça me toma ao ponto de não me importar com o que virá, apenas aceitar viver essa etapa da minha vida. 

Com tal pensamento estaciono o carro frente à casa de meus pais. Davi chegaria em algumas horas, e precisava ir até meu apartamento para limpá-lo, na verdade já estava planejando dormir lá hoje, caso não desse, tudo bem. 

Adentrei em casa vendo meus pais sentados no sofá, eles viam algum programa sobre reformas de casas...cumprimentei-os e segui até o banheiro. 

Tomei um banho demorado, a água quente parecia varrer toda a tensão acumulada em meu corpo. 

Saí, vesti uma roupa confortável. Já eram sete horas, sem adiar mais me despedi de meus pais e segui para a casa de Axel para o mesmo me acompanhar até meu apartamento, que era no mesmo prédio que o dele, só mudava o andar. 

Em cerca de vinte minutos estava estacionado o carro na garagem, em minha nova vaga...estava tão feliz. 

Em questão de horas meu carro estaria aqui, e finalmente teria minha casinha novamente.

Deixo o estacionamento e pego o elevador até o andar de Axel. Toco a campainha e adentro, ele está sentado no sofá, o rádio está ligado. 

-Hmm. Apreciando a boa e velha música? -Pergunto me sentando ao seu lado. Dou-lhe um breve beijo nos lábios. 

-Música é sempre bom, não? 

Aconchego-me em seu abraço, é tão confortante tê-lo, tão natural que poderia ficar aqui, durante horas.

-Clara?

-Hm?

-Sua mudança chega hoje, certo? -Pergunta enquanto acaricia meus cabelos.

-Sim, por que? – Eu olho para meu noivo.

-Estava pensando, poderíamos marcar nosso casamento para daqui uns...dois meses? – Ele pergunta e sorrio.

-Acho que minha agenda estará livre. –Digo, o fazendo gargalhar. -Amo sua risada. -Acabo por beijá-lo.

-E eu amo você. -Ele sorri. 

Tiro meu celular do bolso para verificar algo.

-Então pode ser o segundo final de semana de setembro? -Pergunto fitando o calendário do meu celular.

-Pode. 

-Axel, nós vamos nos casar.

-Ótimo saber que você está ciente... -Rio, nervosa pelo assunto que vou abordar.

-Então acho justo nós não termos nenhum tipo de segredo entre nós. 

-Justo. -Diz. 

-O que vou te contar é algo que não pode ficar entre nós e eu preciso que você fique calmo. -Peço. 

-Pode contar. 

-Antes de vir para o sul eu investigava um governador do estado do Rio, por inúmeros crimes, entre eles corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico... Meu chefe acabou se envolvendo nas investigações e descobriu às matérias que escrevia a respeito dele. Porém, meu chefe me apoiou e tinha variados relatórios que incriminam o de governador. 

-Então você tinha o apoio dele? 

-Isso, mas Flávio, meu chefe, foi afastado do cargo e optou por me deixar em seu lugar como editor chefe, mas...

-Você quis vir pro sul por minha causa.

-É... Então ele deixou Davi em seu lugar e eu vim para o Tribuna Catarinense, e nós três estamos reunindo provas o suficiente para conseguir incriminar este governador. 

-E o que está acontecendo agora?

-Recebi uma ameaça. 

Seu semblante muda completamente, ele está com raiva e ao mesmo tempo preocupado. Isso me faz repensar se foi realmente uma boa ideia contá-lo tudo o que aconteceu. 

-Quero que fique calmo... -Começo a dizer, porém ele me interrompe. 

-Calmo? Você é ameaçada e quer minha calma? – Axel começa a falar desesperadamente e franzi sua testa.

-Axel, eu liguei para o meu chefe contei o que aconteceu e ele disse que ficará tudo bem, que pode providenciar seguranças... 

-Você vai embora de Santa Catarina hoje mesmo. Ligue pra este tal de Davi e diga que ele pode voltar, porque aqui você não fica. 

-Axel, não adianta me mudar. Morava no Rio e o governador sabe que estou no sul. A ameaça se tratava do que contém em minhas matérias, e meu chefe me garantiu que não vou fazer nenhuma matéria a mais. Não precisamos nos preocupar.

-Não se preocupar...-Ironiza. -Essa foi a única ameaça?

-Sim.

-Como foi?

Relato tudo, desde minha saída de meu andar até a chegada ao carro com o bilhete. Vejo-o engolir a seco e cerrar os punhos. 

-Clara, perder a visão foi uma das coisas mais dolorosas que já passei, mas te perder doeria muito mais. Eu não posso te deixar ficar aqui sabendo de tudo isso. 

-Eu não vou a lugar algum... Vou pedir ao meu chefe para providenciar a segurança, vou morar no mesmo prédio que você até nos casarmos. Não haverá motivos pra ele suspeitar de mim, não vou escrever mais nenhuma matéria sobre ele ou sobre corrupção. 

Ele respira fundo, passa as mãos por seus cabelos o bagunçando. 

-Você fica, mas se esse cara ao menos te der oi você não fica no sul, e sua vontade não vai influenciar nisso. -Seu tom de voz é tenso.

-Tudo bem. Justo. – Eu suspiro, concordando.

-Eu não quero te perder, mas se for preciso você vai para o outro lado do mundo. Eu não preciso ficar com você, preciso de você viva. 

-Eu não vou a lugar nenhum sem você, Axel. -Digo. Trago seu rosto perto ao meu. -Demorei muito pra voltar e só saio daqui ao seu lado. 

Por mais que sua expressão esteja tensa vejo um sorriso surgir em seus lábios.

-Você me desarma, Clara. -Axel sussurra antes de tomar meus lábios. 

Beijo-o intensamente, demonstrando todo meu sentimento e desejo. Quando nos desvinculamos ambos estamos ofegantes, sorrindo.

_____________________________________

E aí meus amores??

O que acharam do capítulo???

Espero que tenham gostado! Não e esqueçam de comentar e deixar o like ❤️

Amo vocês! Até sábado que vem ❤️

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora