Capítulo Vinte e Três

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Clara?

-Hm?

Estou lavando a louça, enquanto Axel permanece sentado no mesmo lugar.

-Quero ver o céu.

Interrompo meus afazeres.

-Como assim?

-Quando fico estressado, gosto de ver o céu.

-Tá bom.

Enxugo minhas mãos.

-Tem terraço seu prédio? -Pergunto.

-Sim.

Com certa insegurança o guio. A única forma de se alcançar o terraço era pela escada, então, demoramos um pouco, mas conseguimos chegar.

Por algum motivo o céu estava mais estrelado do que o normal.

-Vamos deitar? -Pergunto.

Apesar de tudo, nos deitamos.

-Me descreva, o que vê?

Fito o imenso acima de nós. Tão belo, e único.

-O céu está aberto, sem nenhuma nuvem. As estrelas perderam a vergonha, estão todas a mostra. A maioria são pratas, mas uma ou outra é azul ou vermelha.

-Amo as vermelhas. -Diz me fazendo sorrir.

-A luz está cheia, como não a vejo há bom tempo. Seu brilho provavelmente foi o que instigou as estrelas a aparecerem.

-Dá pra notar uma pequena sombra envolta dela? Como se fosse possível ver o sol iluminando o outro lado da terra?

-Sim, está exatamente assim.

-Então está lindo.

O silêncio paira sobre nós, aos poucos sinto suas mãos entrar em contato com a minha. Ele entrelaça nossos dedos.

-Desculpe por gritar com você, estou apenas confuso. -Diz com a voz rouca.

-Tudo bem. Você tem todo o direito de se sentir assim.

-Eu te amo, Clara. E eu preciso saber o que você sente por mim, preciso saber de onde recomeçarei minha vida. -Suas palavras me causam certo choque. Mas logo um sorriso involuntário surge em meus lábios, e naquele breve instante tive a certeza dos meus sentimentos. Como nunca havia tido antes.

-Eu também te amo, Axel. -Respondo sorrido e virei-me para ver sua reação.

O mesmo sorria. Em uma tentativa de selar minhas palavras beijo-o.

Sua mão pousa em minha cintura me puxando para mais perto de si.

Tentando suprir essa distância deito-me por cima dele, sem descolar nossos lábios.

Ele me puxa para mais perto de si, como se de alguma forma isso fosse possível.

Desvinculo-me, descolando nossos lábios. Ambos estamos ofegantes.

-Estou tão frustrado por não te ver agora. -Diz com a voz rouca.

Pego suas mãos. Pouso-as em meu rosto.

Auxilio-o a tatear meus olhos, descendo para minha boca, pescoço, cintura e por fim minhas mãos.

-Você não precisa me ver, apenas me sentir.

Ele sorri. Com minha ajuda ele se levanta e voltamos para o apartamento.

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O sol iluminou o quarto. Lentamente, abri meus olhos. Dormi no quarto de hóspedes e qualquer coisa Axel me chamaria. Graças a Deus, ele tivera uma boa noite.

Ainda estava anestesiada por suas palavras, ele me amava. Axel não havia se esquecido de nós. Não se esqueceu do sentimento que carregávamos.

Com um sorriso me levanto. Troco-me, e logo me direciono a cozinha. São nove horas, Axel ainda não acordou, então preparo um bom café da manhã.

Com tudo pronto, vou até o seu quarto. Abro a porta devagar, o mesmo dorme tranquilamente.

Sutilmente deito-me ao seu lado.

Beijo suavemente seus lábios, sinto sua barba roçar contra minha pele. Sinto-o sorrir entre o beijo.

-Bom dia. -Digo.

-Bom dia.

Mesmo acordados, permanecemos ali. No abraço um do outro. Ele havia voltado a ser o meu Axel.

Era tão simples manter algo com ele, tão natural.

Não havia percebido o quão sentia falta de seu toque, sua voz, de suas manias até reencontrá-lo. Até beijá-lo novamente.

Como pude mentir para mim mesma todos estes anos? Não tinha a resposta.

Por mais que tenha passado quatro anos ao lado de Erick, ele nunca fez com que me sentisse dessa forma. Com este frio na barriga ao fim de cada dia por quer vê-lo, ou esperar ansiosamente apenas para sentir seu toque...parece tão surreal, mas se existisse a possibilidade me casaria com Axel hoje mesmo e simplesmente viajaria o mundo ao seu lado, porém a realidade não nos permite.

-Estou com fome. -Diz me tirando de meus devaneios.

-Então vamos tomar café.

Levantamos, ele veste apenas uma cueca samba canção, e mesmo que desejasse seria impossível negar que ele não tem um belo corpo. Seria mentir pra mim mesma.

Ajudo-o a se sentar e sirvo seu leite com café, passo doce de leite em seu pão, e por fim me sento ao seu lado.

Em um silêncio harmonioso concretizamos nosso café.

-Preciso ir ao médico hoje, teria como me levar? -Pergunta.

-Claro. Que horas?

-Duas e meia. -Responde.

-Tudo bem.

Antes de me levantar beijo-o rapidamente. Tiro a mesa depositando as louças sujas na pia.

Sua boca se abre para dizer algo, porém Axel é interrompido pelo som do toque do meu celular que ecoa pelo ambiente.

Pego-o em cima da bancada.

-Alô?

-Oi, Clara, tudo bem?- Davi pergunta do outro lado da linha.

-Sim, e com você?

-Também. -Ouço-o suspirar. -Guilhermo me ligou, acho melhor você conversar com seu irmão.

-O que houve?

-Isso é problema de vocês, e sabe qual o meu lema...

-Não se mete em problema de família. -Completo sua frase.

-Exato, e de qualquer forma ele não me explicou. -Ouço o som da porta se fechar. -Preciso desligar.

-Tudo bem. Tchau, e obrigada por me avisar.

Encerro a chamada já pronta para ligar para Guilhermo, temendo o que virá...meu irmão não é o homem mais sério do mundo, e é extremamente isso que me preocupa.

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E aí meus amores??

Tudo bem com vocês??

Espero que tenham gostado do capítulo, e não se esqueçam de comentar e deixar o like ❤️❤️

Amo vocês ❤️, até sábado que vem.

Ps: postei na sexta, pois amanhã não conseguirei postar, por isso adiantei 💕💕💜

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora