Capítulo Trinta e Seis

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Como ficaríamos uma semana na Capadócia, iríamos aproveitar ao máximo. 

Axel propôs passearmos de balão, e sei que parte disso é pra me agradar, logo me certifiquei de que também fosse realmente confortável para ele.

Acordamos bem cedo, quatro horas da manhã. O clima estava frio, e o tímido raiar do sol se iniciou as cinco e meia, enquanto subíamos no balão.

Agarrei-me a Axel por certo temor da altura, porém ao deslumbrar a vista divina me permito relaxar  em seu abraço.

Como o instrutor, e as demais pessoas falam outras línguas não nos importamos em conversar em voz alta.

Detalhadamente descrevi a visão, como as casas se assemelhavam a uma pintura, ou como as montanhas se misturavam em seu verde único a neblina da manhã com o nascer esplendido, em como os outros balões criavam um contraste com a pintura do horizonte... Lindo, simplesmente lindo.

Seus braços rodearam minha cintura puxando-me para si.

-Obrigada por ser meus olhos, e pelo que descreveu a vista deve ser realmente linda, só não se compara a você. -Sussurra ao meu ouvido fazendo-me arrepiar.

-Sempre galanteador. -Respondo virando, e enlaçando seu pescoço.

Dou-lhe um breve selinho.

Uma garotinha que aparenta ter uns oito anos nos fita de forma terna.

Pego meu celular em meu bolso e tiro uma foto de nós dois, com a paisagem incrível de fundo.

O passeio foi maravilhoso, incrível.

Tomamos um café após a viagem de balão em uma padaria no centro da cidade, a comida é diferente, estranha chegaria a dizer... Para quem é acostumada com o tempero carioca e o catarinense qualquer outro permanece notório. Durante a tarde passeamos pelo centro conhecendo as principais ruas e comércios.

Quando a noite caiu nos encontramos deitados no tapete frente a lareira conversando sobre amenidades como o frio... Com Axel é assim, simples, não há complicações, apenas sinto, apenas me permito esbanjar-me em seu amor... Nunca havia me sentido tão segura, tão em casa. Axel é o meu sinônimo de casa, me traz essa segurança e conforto único de sua pessoa... Então sim, nunca me senti tão bem ao lado de alguém, então a cada segundo que se passa posso concluir que fiz a melhor escolha.

°√°

Infelizmente teríamos de voltar, hoje seria nosso último dia, e por mais que meu coração pesasse por tal feito, não havia escolhas, já tinha faltado todos estes dias no jornal, não poderia mais. Além de que, o caso de Sanches e Travolta ainda está em andamento, logo preciso retornar para caso haja alguma novidade.

Como era o nosso último dia acordamos bem cedo, nos sentamos na sacada para tomarmos nosso café, juntos. A visão do sol nascendo, o frio da brisa matinal contra nossa pele, e as lindas montanhas nos oferecia uma incrível vista.

-Está animada para a mudança?-Meu marido pergunta.

-Nenhum pouco, tanto trabalho... O que me alivia é saber que minhas coisas estão no mesmo prédio que o seu. -Respondo vendo-o sorrir.

-Mas pelo menos não terá de pagar multa por sair do apartamento. -Diz.

-Sim, ainda bem que outra pessoa já se interessou... E tem noticias de Julia?

-Sim, minha mãe disse que ela fez um viagem rápida com as amigas para São Paulo, mas que já estava voltando. 

-Entendo. Aliás, ainda não descobri o que houve entre ela e Davi.

-Não entendo, minha irmã nunca foi de deixar coisas mal resolvidas... Provavelmente seu amigo realmente mexeu com os sentimentos dela.

-Possivelmente... Mas sabe o que foi estranho? Quando vim para cá Davi me disse que gostava de uma mulher, mas que nunca poderia ficar com ela. -Digo pensativa.

-Ele poderia estar se referindo a distância.-Pondera.

-Talvez.

Aos poucos o tom azul escuro foi dando lugar à uma incrível mistura de cores, laranja, azul e branco... Peguei meu celular e registrei aquela maravilhosa vista, com a certeza de que aquilo se tratava de uma pintura Divina, e que seria impossível tamanha beleza surgir do nada... Era uma bela obra de um Deus amoroso.

Sorri com o pensamento.

Desviei meus olhos para o homem a minha frente, ele sorria como se de alguma forma pudesse sentir tamanha perfeição. Vi os raios iluminarem sua pele, provavelmente se a aquecendo, pude ver que estava arrepiado pela brisa, assim como eu. Então sim, ele podia sentir, sabia que estava diante de uma pintura, mesmo sem ao menos ver, podia senti-la.

Foi então que percebi que alguns mesmo vendo nunca enxergariam a dádiva da vida, enquanto outros sem poderem ver, enxergariam muito mais... Aproveitaria paisagens que os demais nunca chegariam a ver. Me emocionei com esta conclusão, e observando cada detalhe do amor da minha vida pude ver o quão intensamente seria viver ao seu lado, ter sentimentos por Axel se tornou intenso desde o momento em que o olhei sob um novo olhar naquele lago em Orlando quando tínhamos quinze anos, e desde então venho vivendo uma montanha russa de emoções... Possivelmente tenha passado mais tempos em quedas do que em subidas,  contudo isso é a vida, não? Se arriscar mesmo que esteja apavorado com as incertezas. Ou se permitir caminhar por caminhos desconhecidos, acredito que a vida seja mais que uma simples sensação jogada ao vento... Não, ela é muito mais que isso. É uma viagem inesquecível, cheia de aventuras, medos e emoções, em uma prece feita há um tempo havia pedido à Deus que me levasse ao profundo, que não me permitisse morrer no raso, e então percebi que primeiro eu precisava chegar a praia. 

Claro, é uma metáfora, mas sei que Deus compreendeu que meu desejo era me aprofundar em todas as expectativas e experiências que pudesse, e senti-las independente do momento. Entendi que deveria voltar a ser aquela criança que sonhava sem medir sua capacidade, que por mais que tivesse medo do profundo não poderia apenas adentrar a este mar e achar que já havia o conhecido por completo... Não, eu deveria ter pavor de morrer no raso, sim. Jesus me concederia experiências únicas ao Seu lado, e se não prestasse atenção as perderia...

A vida é muito curta para simplesmente não aproveitá-la, para não vivê-la. Percebi isso quando larguei tudo no Rio e embarquei nesta loucura de voltar para Santa Catarina, notei isto quando beijei Axel novamente depois de anos, e senti a famosa sensação de borboletas no estômago, consegui sentir isso na nossa primeira noite juntos e nas sensações que me foram proporcionadas... Com uma lágrima escorrendo, e um sorriso nos lábios pude ver que minha jornada está apenas começando, e não sei dizer se ela será longa ou curta, porém consigo afirmar com todas as letras que irei aproveitar ao máximo.

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E aí meus amores? 

 O que estão achando? Este capítulo fez um cisco cair em meus olhos.... 

Amooo vocês, e se preparem porque ainda virão muitas emoções!!

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora