Capítulo Vinte e Quatro

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-Alô? -A voz dele ecoa pelo autofalante.

-Oi, aconteceu algo? -Pergunto meio exasperada.

-Sim. Aconteceu. -Ouço alguém chorando ao fundo.

-Então fale. Está me preocupando.

Ouço um riso distante.

-Andressa está grávida.

Minha expressão se torna surpresa. Até me sento para digerir a notícia.

-Gravida?

-Sim.

-E por que você ligou para Davi? -Pergunto confusa.

-Você não atendia o celular, não sabia onde estava. E estou muito feliz pra algo ter lógica. -Diz me fazendo rir.

-Estou surpresa, mas muito feliz por vocês.

-Obrigada...assim que descobrirmos se você será tia dele ou dela, eu te ligo.

-Tá bem. Mande um abraço para Andressa.

Encerro a chamada.

-Quem está grávida? -Axel pergunta curioso.

-A Andressa! -Respondo animadamente e ele sorri.

-Eu vou ser tia, Axel! Tia, sabe o que isso significa? -O mesmo nega.- Significa que terei um serzinho pra chamar de meu. -Digo sentindo minha voz embargar.

É mais do que apenas um sobrinho ou sobrinha a caminho, será uma oportunidade única de alguma forma expressar toda minha vontade materna. Mesmo que tenha uma pequena porcentagem na criação dele, ou dela, ainda assim poderei segurá-la, senti-la, ouvir suas primeiras palavras, passos...e quando crescer eu serei a tia legal á que recorrerá frequentemente atrás de um conselho ou apenas um desabafo.

Todo este pensamento faz com que algumas lágrimas escapem sem a minha vontade.

Sento-me na cadeira sentindo a emoção me dominar. Fungo tentando controlar a pequena crise de choro que está a caminho.

-Clara? -Axel pergunta tentando me encontrar pelo tato. Encerro sua busca quando seguro sua mão.

-Está tudo bem? -Pergunta tomado pela preocupação.

Abro minha boca para respondê-lo, porém ao invés de palavras um soluço escapa.

Com certa dificuldade ele aproxima sua cadeira da minha, toca em meus ombros me puxando para si.

E então, desabo. Não é como se não estivesse feliz por meu irmão, estou. Muito. Mas, isso trouxe a tona algo um dos meus maiores desejos, e na bagagem a dolorosa verdade de que nunca poderia estar na mesma posição de minha cunhada.

-Meu amor, me diga o que está havendo. -Pede, sua mão acaricia meus cabelos na tentativa de me acalmar.

Eu gostaria de dizer, de me abrir, mas e se ele se incomodar como Erick?

-Clara, converse comigo. – Ele pede calmamente.

-É bobagem. -Respondo tentando me desvincular de seu abraço. Inutilmente é claro, já que ele me puxa novamente, impedindo minha saída.

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora