Capítulo Um

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Dez anos depois.

O som do despertador toma o quarto escuro até então.

Tateio o criado mudo ao lado de minha cama alcançando meu celular, cinco horas.

O sol ao menos havia dado algum indicio no céu e eu já estava acordado. Com o trânsito intenso do Rio apenas acordando esta hora para chegar ao TC (Tribuna Carioca) o jornal onde trabalho.

Dizer que foi fácil entrar no TC seria um eufemismo, porém acrescentar o curso de jornalismo cursado na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) foi um ótimo aliado meu.
Este foi um dos motivos pelo qual deixei Santa Catarina para trás, na época foi difícil, contudo depois de sete anos é impossível não se acostumar com essa agitação típica do estado carioca.

Levanto-me, tomo uma rápida ducha, troco-me vestindo meu uniforme. Deixo o quarto atrás de mim e me direciono á cozinha, meu apartamento não é dos maiores, porém também não é dos menores, diria que é médio, dois quartos, um banheiro, cozinha e sala... Moro na Tijuca, enquanto a sede do jornal fica no Maracanã, por mais que teoricamente deveria ser coisa de cinco á dez minutos de distância, com o trânsito sempre intenso do Rio em média levo no minimo uma hora, e apenas deixemos claro que este tempo é gasto quando não ocorre nada de anormal.

Assim que como um maça deixo o apartamento chamando o elevador. Estes breve instantes parecem anos para quem está com pressa.
Assim que as portas de metais se abrem adentro. Vejo meu reflexo no espelho, meus cabelos louros caem como se fosse uma cascata sob meus ombros. 

As portas de metais se abrem antes de chegarmos ao subsolo.
-Bom dia. -Estevão adentra ao elevador.

-Dia. -Respondo sorrindo castamente.
E então aquele silêncio matinal paira sobre nós.

As portas se abrem. Dirijo-me até meu carro, ele é um onix branco. Adentro logo o ligando.

O trânsito como de costume é exageradamente caótico.
Assim que estacionei o carro caminhei apressadamente, e praticamente corri as escadas até chegar ao hall de entrada, apresentei meu crachá como de costume e me direcionei ao meu andar, nada de anormal.

Sou diretora do setor de fotojornalismo, mentira não sou não, queria, mas não sou. Sou uma mera jornalista mesmo.

Trombo com Davi, um homem de vinte e seiss anos, cabelos ruivos olhos castanhos e barba por fazer. Ele é um dos jornalistas do meu andar.

Nós fizemos nossa faculdade juntos, e trabalhamos juntos desde então.

-Bom dia.-Cumprimento-o enquanto me abaixo para pegar minha bolsa que acabou caindo.

-Bom dia, Desculpe. -Diz me ajudando a recolher minhas coisas do chão.

-Obrigada. -Agradeço.

Lado a lado caminhamos até sua mesa, que por coincidência é ao lado da minha.

-Como foi o fim de semana?-Pergunto enquanto ligo o computador a minha frente.

-Ah, foi normal, eu acho.-Ele responde me fitando.-E o seu?

-Ah, digamos que não foi o final de semana que havia planejado.

-Ainda está assustada com o casamento?-Pergunta em um tom sério.

-Não sei, eu amo o Erick, mas parece que nós não nos parecemos em nada com nós mesmos, isso faz sentido?-Pergunto.

-Se eu te disser que sim me acharia louco?-Rio.

-Não.

-Não o ama mais? Porque se este for o caso, estou aqui.

-Amo. -Respondo.

-Então qual a dúvida?

-Eu não sei, realmente não sei.-Respondo fitando a tela do meu computador já aberta.

Se Davi disse algo, provavelmente não o ouvi. Adentrei em um mundo somente meu, perdida em meus pensamentos me questionando todos os meus atos até hoje, eles foram certos? É uma ótima pergunta para se fazer a si mesma as seis horas da manhã...

Deixo meus devaneios de lado e foco em meu trabalho.

Revejo diversas vezes as fotos das últimas reportagens que fiz, o bom de se sentar ao lado de Davi é que sempre nos auxiliamos, logo sempre tem uma participação minha em suas reportagens e vice e versa.

-Qual das duas?-Pergunto a Davi mostrando-as no computador.

Uma foto é do deputado estadual trocando uma maleta com um outro homem, e a outra é sobre a queda da inflação.

-Querida Clara, eu entendo o fascínio pela política, mas você não pode simplesmente fazer uma matéria dessas e quer publicá-la. -Davi diz ao meu lado.

-Por isso fiz duas. Uma sobre corrupção e a outra sobre a inflação.

-E precisa mesmo da minha opinião para saber qual vai publicar?-Pergunta arqueando a sombrancelha.

-É que... droga! Estou seguindo os vestígios desse cara a mais de dois meses e eu não posso publicar nada!-Digo frustrada.

-Querida, você está seguindo sua intuição, mas deve saber quando parar.

-Okay. -Respondo optando pela reportagem sobre a inflação.
-Vamos combinar, o dia em que você pedir demissão você publica todas as reportagens sobre o deputado Sanches, mas até lá a gente se conforma com a inflação, beleza? -Pergunta me fazendo rir.

-Combinado.

As horas simplesmente voam e quando dou por mim já são meio dia. Pego minha bolsa e me preparo para ir almoçar com Katharine, minha cunhada.

O trânsito estava um tanto intenso, porém melhor do que havia imaginado.

Assim que chego ao restaurante encontro minha cunhada sentada com uma maleta sobre a mesa.

-Oi cunhadinha. -Ela me cumprimenta sorrindo. Ela tem cabelos castanhos, olhos negros e um sorriso conquistador.

Katharine é irmã de Erick, nós criamos um elo muito grade desde que comecei a namorá-lo.

-Então, como estão as coisas com meu irmão?-Pergunta me fitando.

-Ah, estão bem.-Respondo.

O garçom vem e anota nossos pedidos.
-Clara não me leve a mal, mas tem certeza de que quer mesmo se casar com Erick?-Pergunta me fitando. -Eu sei que ele é meu irmão, mas não acho que ele  te mereça.

Engoli a seco.

-Tenho. -Respondo. -Pode ficar tranquila.

Ela assente e logo em seguida abre a maleta revelando algumas pastas.
-Já escolheu a cor das flores, modelo dos convites e onde comprará seu vestido?

-Não.-Respondo rindo.

-Querida quando me casei  eu já tinha planejado tudo em minha mente, precisamos ser ágeis.

-Katharine, eu sou um pouco menos intensa que você. -Respondo sorrindo.

Meu celular vibra. Pego-o no bolso da calça.

Guilhermo, 12:30.
"Maninha, jantar hoje aqui em casa, topa?"

Repondo-o que sim, e que irei direto do trabalho para sua casa.

-Clara qual a cor que você quer nas flores, comecemos por esse tópico.

-Hm... Quais as opções?

-Vermelhas e roxas.

-Acho que prefiro vermelhas.

-Ótimo.

O garçom trás nossos pedidos interrompendo nossa pequena reunião, comemos tranquilamente.

Após o almoço mesmo se desejasse não conseguiria ficar, pois tenho que voltar ao trabalho.

Despeço-me de Katharine e tomo meu rumo de volta para o jornal...
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Hello!!
Amores o que acharam deste primeiro capítulo???! Espero que tenham gostado! Ainda não sei ao certo os dias de postagens, preciso me organizar, mas assim que tiver uma data fixa falo pra vocês beleza!
Amo vocês!! Não se esqueçam dos likes e dos comentários.
Amo vocês!

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