Capítulo Trinta e Oito

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O caminho até o hotel próximo a saída da cidade demorou cerca de trinta minutos, estacionei o carro tentando em todo momento manter a calma. Preciso ser racional.

Com a respiração ofegante e as mãos trêmulas devido ao nervosismo me direciono até o hall de entrada. Peço um quarto, a recepcionista diz algumas coisas, porém não consigo filtrar uma palavra sequer, então apenas assinto e agradeço ao receber a chave. Chamei o elevador, adentrei.

Pressionei o botão para o quinto andar. Não demora muito até que as portas de metais se abram novamente.

Meus olhos varrem o local buscando pelo número 315, quando finalmente o encontro adentro ao quarto, não é tão luxuoso, contudo extremamente aconchegante... Porém não me importo com isso. Permito meu corpo cair contra a cama, fito o teto apenas me lembrando, de tudo... Desde quando vi Axel pela primeira vez, até o momento em que o deixei em nossa casa. As lágrimas apenas vêem, sem minha permissão.

Droga, até parece que a história está se repetindo, isto tudo se assemelha a um ciclo interminável. Deixei o Rio, deixei tudo para trás para me casar com Axel, e se o que encontrei naquele apartamento for real não sei o que farei, não sei ao menos o que pensar.

Apenas desejava acordar e descobrir que Fernanda está morando em outra pais, de preferência. Quando éramos pequenos Axel me ajudava com tudo, vivíamos juntos... E quando fiz meus quinze anos e viajamos para Orlando soube que o veria de outra maneira pelo resto da minha vida.

Os anos passaram e eu tentei abafar todo este sentimento, inutilmente, óbvio. Mas então um dia decidi que deveria me declarar, dar uma chance a nós dois, então me dirigi até sua casa, e pedi para irmos até o "nosso lugar", era em um tipo de floresta perto de nossa casa, ninguém nunca nos encontrava lá.

E então apenas me abri, e disse como me sentia em relação a ele, lembro-me de vê-lo sorrir. Um tipo de sorriso que nunca havia visto antes, gostei daquilo.

E então ele me perguntou se seria loucura se me dissesse que queria me beijar, e nos beijamos pela primeira vez. Estava prestes a completar dezoito anos quando isso aconteceu, e me senti nas nuvens por ver uma paixão de tanto anos finalmente se tornar real, passamos a noite toda deitados, fitando o céu decorado com variadas estrelas sobre nós. Uma noite única.

E então na manhã seguinte me levantei, inspirada e apaixonada demais até mesmo pra uma adolescente. Estava no último ano escolar, então fui a escola com a expectativa de que Axel fosse me buscar, e quando fui liberada ele realmente estava ali, porém não estava sozinho, Fernanda estava ao seu lado, estranhei. Contudo comecei a caminhar em direção à eles, até presenciar um beijo. Engoli a seco.

Dei a meia volta e retornei para casa jurando internamente a mim mesma que nunca mais o veria. Cheguei em casa e disse a minha mãe que iria para o Rio assim que minhas aulas terminassem, e assim o fiz.

Não sei o que aconteceu entre Axel e Fernanda depois daquele dia, aquilo não me importava. Porém eu tinha apenas dezessete anos, o que sabia sobre a vida? Mas ao vê-los hoje novamente não me senti bem, não me senti confortável. De certa forma me senti traída novamente.

Era como se toda a emoção reprimida aos dezessete viesse a tona novamente, e então os mesmo temores vieram junto. Desejei gritar com Axel, quis bater na mulher que estava caminhando com um sorriso vitorioso no corredor... Quis dizer tantas coisas, contudo minha mente se recusou a filtrar cada palavra dita, ou experiência vivida. Tentei ser racional, tentei ver o que estava acontecendo de uma forma ampla, mas se permanecesse a li não conseguiria. Precisava ir embora.

Peguei meu celular, havia algumas chamadas de meu marido, neste momento agradeci ter deixado-o no mudo. Busco o contato de Davi e ligo para ele.

-Alô.- Sua voz me traz certo conforto.

-Davi...-Minha voz chorosa ecoa pelo auto falante, e isso faz com que alguma vozes alheias diminuem.

-Por que está chorando?

Relato tudo o que houve, com certa dificuldade pelo choro.

-Clara, essa é a mesma mulher responsável pela primeira separação de vocês, correto?

-Sim.

-E existiria algum rancor da parte dela?

-Não sei. Eu não tô compreendendo as coisas direito, Davi. Não sei se a história está se repetindo, ou se ela teria a índole tão ruim ao ponto de fazer isto por maldade, por mais que seja nisso que quero acreditar.

-O Axel te ama, Clara, e é evidente que você o ama de volta... Acha mesmo que ele seria capaz de te trair? -Pergunta sério.

-Não. E quero acreditar com tudo de mim que não.

-Converse com ele, e tome suas decisões baseadas na racionalidade, não nas emoções do momento.

-Você sempre sabe o que dizer. -Digo enquanto enxugo algumas lágrimas.

-Claro que sei, sou o Davi se esqueceu?

Sorrio.

-Obrigada, por tudo.

Encerro a chamada um pouco mais calma. Talvez Fernanda tenha  colocado a peça íntima para que eu a encontrasse, e então brigasse com Axel e chegaríamos no estágio atual.

Sento-me na cama.

Preciso conversar com meu marido, com tal convicção levanto-me e caminho até a porta. Abro-a. Contudo, o que há atrás dela me causa certo arrepio.

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E então.... O que será que há atrás da porta?? 

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Amooo vocês

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora