Capítulo Dez

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-Sinto muito pelo noivado, querida.-
Cíntia diz.

-Não sinta. Estou melhor sem ele.-Respondo sorrindo.

-Então, que bom.

Assenti.

-Vou deixar vocês a sós. -Disse pegando o notebook e me direcionando ao quarto.

Por mais difícil que fosse continuei em minha árdua pesquisa.
Sem que percebesse as horas se passaram.

-Clara!Clara!-Abri meus olhos em um sobressalto.

O quarto era iluminado apenas pela claridade da luz, e minha mãe estava rente a porta. Somente então percebi que havia pegado no sono.

Como o notebook ainda estava em meu colo vejo a hora, quase nove horas da noite.

-O que foi?-Minha voz saiu um tanto rouca devido ao sono.

-Axel acordou!

Por um segundo meus batimentos se calaram em sua função de grande magnificência.

-Como assim?

Ela se aproximou sentando-se na cama junto a mim.

-Já faz algumas horas, mas você estava dormindo não quis te acordar. Júlia ligou e disse que este é o último horário de visita, quer ir?

Essa era uma ótima pergunta, desejei que ele acordasse e que me visse, e tenho a consciência que cheguei a desejar que ele sentisse algo por mim novamente, e toda essa expectativa foi quebrada assim que Valéria adentrou naquele quarto carregando o título de noiva do ano.

Não sei mais dizer se quero realmente vê-lo, na verdade não sei se quero sentir algo quando vê-lo.

Fitei os olhos de minha mãe, eles carregavam tanta expectativa e felicidade, ela estava feliz por Axel ter acordado do coma, não deveria eu também estar? Na verdade, me alegro ao saber que ele está evoluindo e que agora já está consciente, o que me apavora é a possibilidade dele me ver, e reagir de uma forma negativa.
Assinto vendo-a sorrir. Foi para isso que vim.

Ela me deixa a sós com a notícia de que me emprestaria o carro para ir.
Troco-me rapidamente.

Estou vestindo uma calça jeans, uma blusa branca e um all star de época, pelo menos foi isto que meu antigo guarda roupa me proporcionou.
Saio do quarto. Pego a chave com minha mãe.

Assim que adentrei ao carro respirei fundo. Liguei o mesmo ouvindo o ronco do motor.

Acelerei pelas ruas catarinense, demorei cerca de meia hora até chegar ao hospital, assim que o fiz não passei os prós e contras apenas deixei o carro de me direcionei à entrada.

Assim que adentrei a recepção encontrei Júlia, ela estava com os olhos vermelhos e inchados, provavelmente por alguma crise de choro.

-Está tudo bem?-Pergunto.

Ela nega.

-Mas ele acordou, certo? Isto é algo bom!

-Ele não me quer no quarto. Na verdade ele não quer ninguém.-Diz tentando controlar o choro.

-Julia, se acalma. -Guio-a até o banco da sala de espera fazendo-a se sentar.-O que houve? Converse comigo.

-O médico chegou para conversar comigo, e ele acabou ouvido. Na verdade acho que não teria como ele não sofrer.

-Houveram sequelas, é isto?-Pergunto preocupada.

-Ele perdeu a visão, Clara. Está cego.

Engulo a seco. Não esperava por esta notícia, sabia do risco eminente de uma sequela, mas nunca imaginei isto. Nunca.

Sinto minha respiração ofegante, e por um segundo a vontade de chorar me dominou. Axel não merecia perder a visão, na verdade acho que ninguém merece. Ele desde que me lembre sempre foi uma pessoa muito positiva, sempre admirou a beleza do mundo. Beleza essa que não veria mais.

Isso me doeu, talvez por ter depositado toda minha esperança nesta volta para Santa Catarina, por mais que ela fosse repentina.

A crise de choro de Júlia me trouxe novamente a realidade, devia consolá-la.

Abracei apertando-a contra mim.

Seu choro piorou.

-Estou feliz por ele ter acordado, mas ele nunca mais vai enxergar Clara! Nunca mais.

Massageei seus cabelos na tentativa de acalmá-la. Ela estava sofrendo pelo irmão, quem não estaria?

-Minha mãe foi embora antes de recebermos a notícia e não sei como vou dizer a ela que um de seus filhos está cego.

-Julia, ele está vivo. Neste momento vamos prezar o que é positivo, o Axel está vivo. Isto o que importa.

-Mas como um químico vai se sustentar sem enxergar?

-Daremos um jeito, existem pessoas que conseguem viver uma vida normal, até mesmo se formar na faculdade com uma deficiência visual. Axel conseguirá, mas vamos esperar o tempo dele, tá bem?

Ela apenas assentiu.

Por mais que parte de mim estivesse triste por tal sequela, me alegrei por saber que ele estava vivo. E foi nisto que priorizei pensar, em sua vida.
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E aí meus amores???

O que acharam?

Axel acordou, porém houveram algumas conseqüências... Quem mais está chorando por tal?

Espero que tenham gostado do capítulo, não se esqueçam de comentar e deixar o like ❤️

Amo vocês ❤️

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