Capítulo Oito

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Ao lado de Júlia entro no hospital, ela está tensa, porém esperançosa.

A gente se direciona a recepção e a secretária nos informa que os médicos estão fazendo alguns exames e só poderemos entrar no horário de visita que seria daqui uns vinte minutos.

Enquanto esperamos resolvemos nos sentamos.

-Clara?

-Hm?

-Por que veio do Rio pra cá? Faz tantos anos que você não o vê. – Júlia pergunta, olhando para o chão.

-Eu não sei, Júlia, mas quando recebi a notícia só conseguia pensar que quando éramos pequenos havíamos prometido nunca abandonar um ao outro. Achei que ela ainda valia. – Digo, um pouco ressentida.

Ela esboça um breve sorriso.

-Ele sentia sua falta. Na verdade, quando você se mudou, Axel ficou mal por uma semana. -Sua revelação me causa surpresa.

-Não imaginava isso.

-Eu sabia que vocês tinham algo, mesmo que ninguém soubesse e quando você foi embora isso ficou nítido.

-Sinto muito por isso. – E realmente sentia, muitíssimo.

-Se ele estivesse consciente iria ficar feliz em te ver. -Responde sorrindo.

Sorrio também, pois não sei o que dizer. Não sei afirmar se teria voltado se nada houvesse acontecido, é uma incógnita que nunca saberei a resposta.

Mas situações extremas exigem reações extremas...

-Minha mãe ficou tão chocada quanto qualquer um quando soube do acidente, ele estava feliz demais, provavelmente estava em um estágio da vida que nunca havia imaginado. -Diz com certa nostalgia em seu tom de voz.

-Minha mãe me disse que ele fez até uma apresentação para a Columbia.

-Sim, ele estava entrando na academia química, que era um de seus grandes sonhos.

-Eu sinto tanto... – Seguro o choro para não mexer mais com emocional de Júlia.

-Eu também... eu também. -Diz suspirando.

Alguns minutos depois, a visita é liberada.

-Pode ir primeiro, depois eu vou. -Julia diz.

Apenas assinto.

Caminho pelo corredor até chegar em seu quarto, novamente o som dos aparelhos me causam um sentimento estranho, um certo medo de que eles simplesmente parem, parte de mim se angustia por saber que sua vida depende de um aparelho, isto não é certo.

Parte de mim deseja que ele apenas acorde.

-Axel! -Uma voz aguda rompe o silêncio, me fazendo desviar o olhar.

Há uma mulher morena, ela é alta com olhos grandes e expressivos.

-Ele está em coma, não pode te ouvir. –Digo, fazendo sua atenção cair sobre mim.

-E quem, por acaso, seria você? –Pergunta, se aproximando da cama.

-Clara. Meu nome é Clara. – Eu digo, tentando ter um pouco da educação que minha mãe me deu.

A vejo retorcer um pouco seu rosto. Quando ela está prestes a abrir sua boca de novo, Júlia aparece.

-O que faz aqui, Valéria?

-Vim ver o meu noivo. -Responde com o olhar fixo ao meu, suas palavras me abalam. Engulo a seco sentindo a vontade de simplesmente desaparecer.

Ele está noivo! Axel refez a vida de uma forma que muitos considerariam incrível enquanto eu, ao menos sei o que está havendo com a minha.

Não posso negar e dizer que não estou com raiva, pois estou. Entretanto sei que não tenho direito algum de ter este sentimento.

-Que noiva exemplar, não?! Só veio vê-lo quase dois dias depois. -Julia ironiza.

A morena a minha frente ruboriza pela raiva.

-Olha aqui garota, o que faço ou deixo de fazer da minha vida é da sua conta.

-Ah, que ótimo, pois não estou falando da sua vida, estou falando da vida do meu irmão que infelizmente tem um péssimo gosto para mulheres. –Diz, fitando-a de cima a baixo.

-Sorte sua que a gente não escolhe família. -A tal Valéria responde.

-Sorte mesmo, pois se escolhêssemos, você passaria longe da minha. -Julia responde com raiva. –Agora, deixe Clara ficar a sós com meu irmão, depois você faz o escândalo que quiser. -Diz puxando-a para fora do quarto. – A irmã de Axel virou uma garota destemida e brava.

Parte de mim não esperava por esta revelação, claro que tinha acesso às redes sociais de Axel e sabia o quão bonito ele havia se tornado. 
Entretanto, nunca havia visto nada sobre um relacionamento sério, nada.

Idiota! Claro que ele teria um relacionamento! Por que não teria? Qual mulher seria louca o suficiente para dizer não a ele?

*Você*

Por mais que eu odeie admitir, minha consciência estava certa, tenho meus motivos para ter negado Axel... Motivos muito fortes, entretanto eles não importam mais. Nada disso importa mais.

Axel está noivo, está estabilizado financeiramente falando e logo acordará do coma e voltará a viver sua bela vida ao lado daquela mulher estranhamente bonita.

Enquanto eu, estou pesando os prós e contras de ficar... Talvez deva voltar para o Rio. Talvez nunca devesse ter saído de lá.
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E aí meus amores?

O que acharam?

Quem está chorando por dentro pelo Axel?

Espero que tenham gostado !
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Amo vocês 💓💓

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora