Capítulo Treze.

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-Ele me perguntou se você realmente estava aqui. -Julia diz sorrindo. -Ele me deixou entrar, Clara!

-Fico feliz, Ju, de coração mesmo. -Respondo.

Ambas estamos sentadas na mesa de jantar de meus pais, já se passaram algumas horas desde que acordei.

-Ele terminou com Valéria antes mesmo de sofrer o acidente.

Sabia que eles haviam terminado, mas ouvir isto novamente me causa uma boa sensação.

-Pode parecer loucura, Clara, mas não gostei dela desde o momento em que a vi. Ela até parece uma viúva negra, credo! – Ela diz, batendo no banco de madeira ao nosso lado e me fazendo rir.

-Só você pra dizer isso, Júlia.

-Meu irmão é bom demais e ele merece alguém que seja digna dessa bondade toda. Valéria nunca seria esta pessoa, apenas Axel não via isso.

-E como eles começaram a namorar? –Pergunto, curiosa.

-Eles faziam faculdade juntos e acabou acontecendo, Axel não é do tipo que conta detalhes, você sabe né.

Sorrio.

-Sei.

-A verdade é que desde que ele resolveu entrar pra faculdade e seguir seu sonho ele se viu tão focado nisto que quando Valéria apareceu, era como se só existisse ela. Ele ficou apaixonado ao ponto de fazer tudo por ela, Valéria não é má pessoa, só não é a pessoa certa pro meu irmão.

-Compreendo, Júlia. Ah, se compreendo.

-Mudando o foco da conversa, como estão as coisas no Rio?

-Bem, eu espero pelo menos.

-Guilhermo está bem?

-Sim, ele e minha cunhada estão finalmente tentando ter um filho, o que acho ótimo. Já estava na hora de ter um sobrinho para mimá-lo. -Digo vendo o sorriso surgir em seus lábios.

-Será um ótimo treinamento para quando você tiver o seu.

Tento disfarçar o sorriso que se dissipa em meus lábios. Apenas assinto.

-Preciso ir, Clara, mas qualquer coisa eu te deixo a par de tudo.

-Obrigada. Logo, logo ele estará em casa. -Digo acompanhando-a até a porta de entrada.

-Estará sim.

Despeço-me dela.

Fecho a porta atrás de mim com um enorme ponto de interrogação dentro de mim.

Axel acordou, está bem, na medida possível, claro. Está se acostumando ao fato de ter perdido a visão, porém está vivo e isso agradecemos ao Autor da existência, porém o que ainda faço aqui? Não deveria, eu, ir embora feliz sabendo que ele acordou e tem pessoas que querem seu bem ao seu lado? 

Eu quero ir? Voltar para a agitação exagerada do Rio, será este mesmo o meu desejo? São tantas questões que não sei a resposta.

Não sei o que sinto por Axel, na verdade, não sei se algum dia deixei de sentir algo. No Rio tenho um Davi que me diz para seguir meu coração, em contrapartida tenho um ex-noivo que aparentemente não aceitou o término e uma investigação que nunca irei concluir...parece que tenho mais prós do que contras para ficar por aqui. Mas teria eu coragem de tal ato? Acho que não.

Minhas raízes podem ser catarinenses, contudo, me tornei uma carioca quase legítima.

Me parece tão mais fácil decidir onde quero morar do que realmente expressar para mim mesmo o que sinto por Axel.

Antes poderia negar este fato quantas vezes fossem necessárias pelo fato dele ser noivo, mas e agora que descobri que eles não têm mais nada? O que faço, Pai? Realmente não sei.

Acho que a coisa mais prudente a ser feita neste momento é me sentar, respirar e apenas permitir que o tempo passe, mesmo que rapidamente, até o final de semana e então no domingo decido o que farei. E será definitivo. Sem voltas.

Não irei suportar mais anos de inconstância como foi com Erick, não sei como suportei tantos, entretanto sei que não aceitarei mais isso. Não mais.

Retomei o rumo que a antiga Clara havia se perdido, a mesma Clara sonhadora que deixou o sul. Ela está de volta, com suas esperanças renovadas e autoestima reestabelecida.

Antes que pudesse prosseguir com meu dia, fiz uma breve prece agradecendo pelo fato de Axel estar vivo, isto é muito importante para mim. Um pequeno sorriso toma meus lábios. Ele está vivo, isto que importa, apenas isso.

O final de semana está vindo, está chegando...apenas lá me decidirei, portanto tenho algum tempo, por mais que pequeno, ainda o tenho.

E posso ver o quão precioso ele é. Irei fazer bom proveito dele.
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E aí meus amores???

Parece que existe uma remota possibilidade de Clara permanecer em Santa Catarina... Será?

Espero que tenham gostado! Não se esqueçam de comentar e deixar o like ❤️

Amo vocês, até sábado que vem ❤️❤️

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora