Capítulo Quarenta e Dois

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-Acho melhor você ir ao hospital... -Ouço Axel dizer atrás de mim.

Estou ajoelhada frente a privada pensando se dou a descarga ou espero o próximo vômito vir.

Com certo alívio vejo que o mesmo não virá, então dou a descarga e me levanto.

-Não precisa, Axel. É apenas uma virose, nada demais. -Respondo enquanto pego minha escova.

-Que tal garantirmos? Pois, se for você precisará de soro na veia.

-Querido, não há necessidade. -Respondo com certa dificuldade por estar escovando os dentes.

Vejo-o fazer uma careta, está discordando de mim.

Quando enxáguo minha boca, direciono-me ao seu encontro e o abraço.

-Não se preocupe, é apenas um mal estar, logo vai passar.

Ele assente, ainda sem concordar. Sorrio, pois mal casamos e já parecemos um casal de idosos que contrariam um ao outro a todo instante.
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-Chega, nós vamos ao médico! O táxi já está lá embaixo-A voz de Axel surge no ambiente do quarto.

Estou deitada na cama, vomitei a mais ou menos vinte minutos, e estou me sentindo fraca.

-Okay. -Respondo me sentando na cama.

Através do tato meu marido consegue me encontrar, me levanto, e juntos deixamos nossa casa. Quando chegamos a entrada do condomínio adentramos ao carro, que estava a nossa espera.

Me aconchego ao Axel tentando me se sentir confortável mesmo com todo este mal estar.

Não demora muito até avistarmos o hospital, e após pagar o taxista nos direcionamos a recepção.

Uma moça que aparenta minha idade nos atende, e sou direcionada a sala de espera. O médico de plantão é um senhor muito simpático, disse que não gosta de chegar aos diagnósticos de forma preceptada, então pediu-me para realizar alguns exames do outro lado. E assim fizemos.

Exame de sangue, e urina. No intervalo entre o realizar o exame e pegar o resultados vomitei mais uma vez, infelizmente.

Assim que retornamos o médico verificou os resultados, e um sorriso breve tomou seus lábios.

-O seu mal estar não é nada grave. -Começa a dizer. -Na verdade é uma boa notícia. Você está grávida.

-Isso é impossível. -Reajo, surpresa.

-Na verdade é possível, e o exame prova isso perfeitamente. Você já está de três semanas.

-Obrigado doutor. -Axel diz, pois estou paralisada.

Sou forçada a me levantar e deixar a sala, guiando meu marido.

Deixamos a sala em silêncio, e o caminho de volta pra casa é feito da mesma forma, estou entorpecida...  Quando adentramos ao nosso apartamento não consegui mais me controlar, um soluço rompeu minha garganta.

-Ei, ei. Calma. Meu bem, estou aqui. -Axel diz me abraçando.

-Axel, como assim estou grávida? Como isso é possível?-Pergunto entre o choro.

-Ei, tudo é possível ao que crer.

Ao ouvir tais palavras me lembro da prece que fiz pedindo um filho, e então meu choro se torna copioso, porém de uma forma alegre. Mal consigo acreditar que estou grávida, mas me sinto infinitamente grata à Ele por tal milagre.

Aos poucos começo a me acalmar, Axel tem um sorriso que não cabe nos lábios, e então chego a conclusão de que ele está feliz. Enquanto me encontro numa situação um tanto apavorante, estou feliz, porém como me sairei como mãe? Sempre me neguei a imaginar como seria tal situação pelo fato de não poder realizar, contudo o que farei agora? É uma sensação tão única, que me preenche, e me assusta ao mesmo tempo.

-Axel, eu vou ser mãe. -Sussurro. - E- U  V -O- U   S- E- R   M- Ã- E.

-Sim, e vai ser a melhor mãe que eu poderia dar aos meus filhos. -Diz, para logo em seguida selar nossos lábios.

-Como vamos criar uma criança?-Pergunto um pouco insegura.

-Vai dar tudo certo, Clara. Estou no meu semestre sabático, tenho uma boa poupança, e vou voltar a trabalhar, não vou interromper minha vida por estar cego. Nós vamos conseguir.

Sorrio, o abraçando.

-Obrigada, meu amor.

Nos sentamos no sofá, e juntos agradecemos as últimas boas novas de que recebemos, tão milagrosa e única.

Sem sombra de dúvidas foi uma das melhores noites da minha vida, ficará para sempre em minha memória.

Ele tem se adaptado muito ao novo estilo de vida, agora usa bengala para se locomover, e descobrimos que há variadas formas da tecnologia ser muito bem aproveitada para uma pessoa com deficiência visual, como seu celular que há um modo de acessibilidade que permite que toda mensagem, aplicativo, afim tudo seja lido. Além de que você pode escolher a velocidade com que a leitura será feita. Axel manda mensagens, retornou as rede sociais, e se comunica com o pessoal da academia de química. Realmente me orgulho, e me sinto feliz de vê-lo se adaptar tão bem.

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Deixamos o prédio e caminhamos em direção ao restaurante conversando sobre a semana, e alguns desejos estranhos que tive, como sorvete com batata frita, ou abacate com pimenta... Esta criança está me deixando louca antes mesmo de nascer.

Tivemos um almoço agradável, Axel foi para uma reunião com alguns químicos importantes para ver como seria seu retorno, após me deixar no jornal.

Parte de mim quis negar alguns olhares estranhos sobre mim, contudo quando fui a copa para pegar um pouco de água e ouvi uma das jornalistas conversando.

-Você viu? O marido dela é cego! Como uma mulher tão bonita daquela casa com um cego?-Uma delas falou.

-Não sei, talvez ele seja bom de cama. - A outra comentou.

-Isso se ele enxergar a cama, né?

Ambas riram.

Engoli minha raiva e adentrei. Elas me fitam assustadas.

-Tudo bem?-Pergunto.

-Sim. -Respondem em uníssono.

-Que bom.

-Seu marido, ele nasceu cego?

-Não... O engraçado é que ele perdeu a visão, mas ainda vê a beleza da vida, mas existem pessoas que enxergam, mas não vêem e nem vivem a dádiva da vida.

Saio da copa com meu copo de água em minhas mãos.

Algo que me incomoda é o preconceito, o olhar de dó ou de rejeição... As pessoas tem a ilusão de que é necessário ser " perfeito" para ser feliz, para ter o seu "feliz para sempre". Ledo engano, existem milhares de pessoas que enxergam, andam, ouvem, falam, mas não são felizes. Axel sentiu o baque de perder a visão? Claro, mas isso não significa que ele não pode ser feliz, ou se realizar profissional e emocionalmente falando, as pessoas colocam padrões no que elas acham que é felicidade, mas e a individualidade? Dizem aceitar as diferenças, mas não conseguem aceitar um homem com deficiência visual se casar e se realizar profissionalmente, a verdade é que é muito fácil publicar textos enormes em redes sociais apoiadores de causas enquanto quando vêem um deficiente não crêem que podem se virar, ou serem independentes. Odeio este tipo de crítica, na verdade me chateia a mesmice das pessoas.

O restante do trabalho pesou um pouco a passar, contudo quando finalmente chegou ao fim agradeci.

Quando cheguei em casa Axel me esperava com a boa notícia de que os químicos iriam apostar nele para os próximos campeonatos, e exibições para universidades internacionais. Aquilo me fez esquecer de qualquer tipo de preconceito visto mais cedo, pois vejo a minha frente um homem que irá lutar pelo que deseja, pelo que ama fazer, que irá sonhar os seus sonhos, e que também irá optar por viver uma vida ao meu lado.

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E aí meus amoreeees????? 

Está aí o último capítulo! Daqui a poco vem o epílogo. 

Amooo vocês. 

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora