Capítulo Dezesseis

1.4K 134 10
                                    

Erick me fitava com um sorriso nos lábios. Ele estava sentado à mesa junto com meus pais.

Pisquei algumas vezes tentando convencer a mim mesma que aquilo não passava de uma miragem.

Triste ilusão.

Engoli a seco pensando no que faria, até cogitei virar e sair correndo, contudo, era tarde demais.

-Ele veio pra te ver. -Meu pai cessou minha constante dúvida.

-Podemos conversar a sós? -Perguntei com o olhar fixo ao dele.

Meus pais assentem e deixam a cozinha.

Não me sento, não caminho até ele. Apenas permaneço parada rente aos batentes.

-O que faz aqui, Erick?

-Vim te ver. Você veio pra cá enquanto ainda estávamos brigados, precisávamos nos acertar. Então resolvi encontrar você. -Responde se levantando e com passos lentos caminhar até mim.

-Erick, não existe mais “nós”. Acho que não ficou claro, mas acabou. -Respondo firme.

-Clara, tudo o que eu disse foi por conta da raiva, você sabe que não me sinto dessa maneira. -Suas mãos pousam em minha cintura. -Não me importa você ser estéril, eu te amo mesmo assim.

Seu olhar está fixo ao meu.

-Erick, não...-Peço, tentando me desvinculando de seus braços.

Afasto-me, ficando à uma distância considerável.

-Eu te amo, Clara! -Seu tom de voz se eleva.

-Ama? Jura? – Respondi com sarcasmo. - Então por que nunca demonstrou da maneira correta? Se me amasse confiaria em mim, saberia que não pode simplesmente jogar no ar o fato de não eu poder ter filhos, e muito menos ir tirar satisfações com Davi ou meu irmão por suspeitas que foram criadas apenas na sua cabeça!

-Eu me expressei mal!

-Mal? Se expressou mal quando foi até meu irmão e sugeriu que eu tinha um caso com Davi?

-Eu estava desesperado! Você veio para sul por causa de um outro homem o que quer que eu pense?

Reunindo minhas forças afasto-me dele.

-Me deixa em paz, Erick. Por favor. -Peço com os olhos marejados.

-Eu te amo, Clara!

-Não! Você é um louco que acha que o sentimento de posse é amor, mas não é Erick! Agora, por favor, saia da minha casa.

-Mas Clara...

-Não, Erick, não. -O interrompi. -Se eu não deixei claro antes, perdoe meu erro, mas acabou! Não existe mais nós.

Erick não diz nada, não demonstra nada. A passos lentos ele se aproximou ainda mais, suas mãos seguraram as minhas.

-Me solta. –Pedi calmamente, tentando me desprender dele.

-Você vai se arrepender, Clara. Porque você é minha! Só minha. E quando entender isso espero que não seja tarde demais. Pois você vai voltar pra mim, elas sempre voltam. -Seu tom de voz faz com que um arrepio suba por minha espinha.

Engulo a seco.

Antes que conseguisse evitar, ele me dá um selinho. O mesmo separa nossos lábios com um sorriso sombrio.

A pressão causada por seu aperto em meus pulsos, lentamente começam a ser desfeita e em questão de poucos segundos Erick está deixando minha casa pela porta atrás de mim.

Não me virei. Ele não merece tal atenção.

Massageie meus pulsos que estão vermelhos. Ouço alguns passos pelo corredor.

-O que houve, filha? - A voz de dona Marta ecoa pela cozinha.

-Nada. -Respondo virando-me para fitá-la.

-E o que ele veio fazer aqui? -Pergunta cautelosa.

-Digamos que Erick não havia compreendido o término no noivado.

Ela assente.

Dando o assunto por encerrado passo por minha mãe e caminho em direção ao meu antigo quarto. Adentro.

Fecho a porta atrás de mim, encosto-me na mesma sentindo o frio da madeira contra minhas costas.

Aos poucos as lágrimas começam a escorrer.

Ouvir dele que eu o pertencia embrulhou meu estômago, me causou náusea. Respiro fundo. Enxugo as lágrimas e me recomponho.

Erick não merece meu sofrimento, eu não mereço sofrer por ele, e essa me parece uma boa coisa a se fazer.

Tiro minhas roupas e sigo para o banheiro.

Tomo uma ducha rápida.

Assim que desligo o chuveiro pego a toalha que estava pendurada no box. O som do toque do meu celular ecoa pelo banheiro, pego-o em cima da pia.

-Alô?

-Oi, Clara. -A voz de Flávio ecoa pelo alto falante. -Tudo bem?

-Sim, sim. Algum motivo importante para tal ligação?

-Sim, infelizmente preciso que volte na segunda. Sei o que disse, mas tivemos um imprevisto.

-Posso saber o que houve? -Pergunto um tanto aflita.

-Sim, claro. Tem uma matéria que preciso que você assuma. Não confio em mais ninguém. Ela precisa ser sua.

-E sobre o que seria a matéria?

-Sobre o deputado Travolta.

Engulo a seco.

-Flavio, você sempre proibiu matérias sobre deputados, governadores, presidentes ou qualquer outra peça fundamental para a política.

-Esqueça o que eu disse. Clara, se eu pudesse te diria sobre o que trata a matéria, mas não posso. Não por telefone. Eu pago sua passagem de vinda. E você pode voltar pro sul depois que eu te passar a real situação.

-Por que está fazendo isso?

-Não posso dizer por telefone.

-Tá, tudo bem. Segunda eu volto, só me passa por e-mail o horário do voo.

-Obrigado, Clara. Você vai entender tudo assim que chegar.

-Espero, Flávio. Assim espero.

Encerro a chamada com uma incógnita dentro de mim. Se fosse sobre o deputado Sanches compreenderia perfeitamente, aliás o investigo a muito tempo, mas sobre o Travolta? Sei que ele tem envolvimentos em pequenas tramóias boladas por Sanches, mas nada comparado ao rombo que Sanches fez.

Respiro fundo.

Disco o número de Davi. Após três chamada o mesmo atende.

-Alô?

-Davi, o que está havendo? –Pergunto com tom de nervosismo.

-Flavio te ligou?

-Sim. O que aconteceu?

-Não posso falar por telefone, mas se te serve de consolo só descobri hoje também.

-Tem alguma coisa haver com minhas matérias? -Pergunto temerosa.

-Não. -Responde, ouço um riso irônico. -Suas matérias são o menor dos problemas.
__________________________________

E aí meus amores??

O que acharam? Este Erick é mesmo um sem noção, não?

Espero que tenham gostado!!!

Não se esqueçam de comentar e deixar o like ❤️❤️❤️❤️

Sob Um Novo OlharOnde histórias criam vida. Descubra agora