Encontro Casual

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Hoje tive um dia realmente estressante, um daqueles dias em que a melhor coisa seria não ter saído da cama, perdi um caso importantíssimo e quase milionário, e desde que herdei o escritório de advocacia do meu avô foram poucos casos como esse que perdi, eu estava me sentindo inútil por isso, sempre me culpo por tudo o que dá errado para mim, é inevitável.

Cheguei do trabalho e estacionei o carro na garagem, como sempre minha mãe estava na porta de casa me esperando, apesar dela não morar comigo, ela faz questão de todos os dias vir preparar o meu jantar e cuidar das minhas coisas, já briguei muito por isso, pois não acho justo ela estar fazendo essas coisas, mas ela diz que gosta de cuidar de mim, e eu amo tê-la ao meu lado.

— Boa noite, mamãe.
— Oi filha, tudo bem? E essa carinha de cansada? — Disse ela me dando um beijo no topo da cabeça.
— Dia cansativo... e o papai? Tudo bem?
— Sim, tudo em paz, venha jantar, fiz o ensopado de carne que você gosta.
— Vou tomar um banho, venho já.

Tomei um banho rápido e desci para jantar, minha mãe estava na sala vendo a novela dela, fiz o meu prato e coloquei na mesa de centro me sentando aos pés dela.

Jantei e me encostei na perna dela enquanto ela acariciava meus cabelos, como fazia quando eu era criança.

— Mamãe, vou te deixar em casa.
— Não precisa querida.
— Vou precisar sair, aproveito e te levo.

Me levantei e fui para o quarto, coloquei uma calça preta com um all star branco, uma camiseta básica e me maquiei realçando meus cabelos negros e longos e meus olhos verdes, herança genética do meu pai.

— Vamos, mamãe.

Entramos no carro e a deixei em casa, era bem perto, menos de dois minutos.

Eu poderia chamar a Manu para ir comigo ao Pub, mas hoje não estava no clima para aguentar o namorado dela, um verdadeiro embuste machista.

Cheguei e como de costume abracei minha amiga e dona, Joane, cumprimentei o pessoal e me encostei no balcão conversando com o barman, Tomaz, ele era maravilhoso.

— Tomaz, me dê aquele drink de morango, estou dirigindo.
— Claro, doutora. — Disse ele sorrindo.

Enquanto Tomaz estava de costas fazendo o drink percebi uma mulher se aproximar do balcão, mesmo com a música alta eu podia sentir que sua respiração estava densa, ela olhava em volta e analisava o cardápio entre os dedos finos e longos com unhas grandes e pintadas de vermelho sangue, usava anéis e jóias discretas, assim como sua maquiagem.

Ela tinha os cabelos castanhos claros e pele bronzeada, vestia uma saia rodada florida acima do joelho e uma blusa escura com jaqueta, ela batia os pés impacientes com uma bota curta preta.

Voltei atenção em Tomaz que trazia meu drink.

— Conhece? — Perguntei ao Tomaz mostrando a garota.
— Não, nunca a vi aqui.

Sorri e dei um gole do meu drink, me levantei do meu banco e me aproximei dela, ela me olhou nos olhos como se estivesse reprovando a aproximação e voltou a olhar o cardápio.

— Boa noite, indico esse. — Disse colocando o dedo no cardápio apontando para um drink.

Ela voltou a me olhar, seus olhos negros e impacientes não estavam tão convidativos a mim, inclusive eu via claramente que ela havia chorado, sorri, isso nunca foi um empecilho para me aproximar de alguém.

— Tomaz. — Chamei e ele se aproximou.
— Pois não.
— Traz aquele drink da casa... no capricho.

Ele sorriu e saiu, ela olhou para cima e depois para mim.

— Meu nome é Suzane, e o seu? — Ela me olhou desconfiada.
— Ágata.
— Lindo nome.

Tomaz trouxe a bebida e entregou a ela.

— Obrigada. — Agradeceu ela.
— Está tudo bem? — Perguntei.
— Problemas...
— No trabalho? — Ela me olhou por um tempo antes de responder.
— Sim.

Ela bebeu alguns drinks e já estava mais solta e tranquila, mas não foi capaz de responder nenhuma pergunta que fiz diretamente sobre ela.

Em algum momento sem que eu me desse conta, deixei minha mão apoiada em sua coxa, ela se levantou e eu me aproximei encostando-a no balcão.

Encostei meus lábios nos dela levemente dando um selinho discreto, ela me olhou assustada e foi ao banheiro.

Estava no corredor esperando que ela saísse, quando vi que ela estava se aproximando puxei-a e a beijei, ela tentou se afastar, mas logo estava entregue ao meu toque, quando coloquei minha mão por baixo de sua saia ela rapidamente me empurrou.

— Eu preciso ir. — Disse ela ainda ofegante.
— Posso te deixar em casa.
— Não, estou de carro, obrigada.
— Me dê seu número de telefone. — Pedi.
— Prefiro que me passe o seu. — Respondeu ela.

Tirei um cartão da minha carteira e a entreguei.

— O fixo é do escritório, mas o celular é o meu pessoal.
— Até mais.

Ela saiu rapidamente e a segui com o olhar, ela estava indo acompanhada de alguém.

Voltei para o balcão e olhei para Tomaz.

— Traz uma água com gás, gelo e limão.

Ele logo me serviu.

— E aí Suzan, conseguiu descobrir quem era?
— Mais ou menos, se ela aparecer por aqui novamente me avise, já vou indo, obrigada.

Saí do Pub e fui para casa, olhei para meu celular como se fosse possível fazer com que ele tocasse na hora em que eu quisesse, tomei um banho e me deitei, liguei a TV e de repente meu celular tocou, no visor era número desconhecido, e apesar de nunca atender ninguém nessas condições não pude deixar de atender imediatamente.

— Alô. — Disse desconfiada, ouvi uma respiração do outro lado como se estivesse pensando antes de falar algo.
— Oi, Suzane, é Ágata, será que podíamos tomar um café amanhã? Estou precisando dos seus serviços como advogada.
— Claro, pode ser na cafeteria central às 9h.
— Pode sim.
— Não vai me passar seu número de telefone? — Perguntei.
— Não uso telefone celular, esse é o do meu trabalho e não posso passar, desculpa.
— Tudo bem, até amanhã.
— Até.

Ela desligou e fiquei olhando para o celular como se estivesse tentando responder algumas questões, como alguém hoje em dia não tem um telefone celular? O importante é que nos veremos novamente, e talvez eu possa tirar algumas informações dela.

O mistério de Ágata Onde histórias criam vida. Descubra agora