Descobertas

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Minha cabeça estava explodindo, lembrei do tanto que bebi na noite passada, ainda sentada puxei meu celular para olhar as notificações, era óbvio que era Ágata, ela me enchia de mensagens, ligações e e-mails todos os dias.

Tomei um banho demorado talvez na tentativa frustada de que a água levasse toda a ressaca, mas era impossível.

Enrolei uma toalha nos cabelos, vesti meu roupão e fui na cozinha procurar algo pra tomar café, fiz um café forte e comi algumas torradas.

Ouvi batidas na porta e fui abrir, Ágata tinha um olhar desesperado, ela não estava bem, mas eu não podia fazer nada a respeito disso.

— Oi, Ágata, o que faz aqui?

Ágata me puxou e me beijou, suas mãos seguravam meu rosto e ela chorava.

— Ágata, não... -Disse me afastando.

Ela fechou a porta e eu saí me sentando no sofá.

— Por favor Suzane, eu não estive com meu marido mais depois que conheci você.
— Ágata, para... você não me deve explicações.
— Suzane, eu amo você.

Balancei a cabeça como se quisesse me livrar de toda essa confusão causada por essas mulheres, Ágata se aproximou novamente me beijando.

— Ágata... eu já disse...

Ela não desgrudou a boca da minha e puxou meu roupão, tocou meus seios e tirou o vestido ficando apenas de calcinha.

— Fale que não me deseja. — Sussurrou ela no meu ouvido acariciando meu corpo.
— Você sabe que não é por não te desejar, e sim porque você é casada.
— Eu vou me divorciar, por favor, fica comigo.
— Ágata...

Ela rebolava em mim me beijando, me tirando do sério, como ignorar uma mulher gostosa assim?

Eu estava prestes a fraquejar quando por sorte a campainha tocou me fazendo me levantar rapidamente.

— Vista-se. — Ordenei e fiquei esperando antes de abrir a porta.

Pra minha surpresa era Guilherme, ele nunca vinha sem avisar, abracei e chamei ele para entrar.

Guilherme viu Ágata e trocaram olhares.

— Eu já vou indo, Suzane, a gente se fala.

Ágata saiu e Guilherme se sentou ao meu lado.

— Tenho até medo de te ver, o que descobriu?
— Varias coisas.
— Sobre quem?
— Sobre Letícia, encerramos com Ágata, não?
— Sim... pensei que tinha alguma outra coisa, mas fale, o que descobriu?
— Estive estudando as documentações que Letícia me entregou, juntamente com minha equipe, a documentação entregue era realmente original, e você não vai acreditar, é mais grave do que a gente imagina.
— O que é?
— A psicóloga que está nos laudos é uma profissional que já faleceu.
— Sim, mas e aí?
— Ela faleceu a 20 anos, descobri que a pessoa que atendeu Letícia e a internou nada mais é do que uma enfermeira com o mesmo nome. Essa enfermeira foi subornada pela mãe da Letícia, não pergunte meus métodos para descobrir essas coisas, o que sei, é que Letícia foi torturada assim como vários adolescentes e jovens internados naquela clínica clandestina diga-se de passagem.
— Mas... Gui, meu Deus, ninguém nunca desconfiou? Ninguém nunca denunciou?
— Sim... teve três denúncias encaminhadas para a justiça, mas todas foram misteriosamente arquivadas.
— Então sobre a internação, você conseguiu comprovar que é tudo verídico?
— Sim, eu fiz questão de acompanhar tudo pessoalmente.
— E sobre a estadia dela no exterior...
— Sobre essa questão eu vou repassar a um amigo que está lá, algum problema?
— Não, se for de sua confiança não vejo problemas, mas tem uma coisa, Letícia teve um relacionamento segundo ela de curto prazo, quero que me envie tudo o que conseguir, nome, foto, redes sociais, o que faz, quem é, etc, etc...
— Ótimo, quando finalizar tudo eu te envio o relatório.
— Obrigada.
— Não deveria estar trabalhando?
— Sim, estou dando um tempo, estou trabalhando de casa.
— E Ágata? O que fazia aqui?
— Mulheres... todas complicadas...
— Me dá uma, você está com duas pra escolher.
— Para, não quero ninguém agora. — Disse sorrindo e dando um tapa leve em seu braço.

Guilherme foi embora e eu voltei para a cama, tomei um remédio para enxaqueca e cobri os olhos.

Algumas horas depois acordei com o celular tocando, era Guilherme, no relógio já apontava que era 22h, dormi tanto assim? Liguei o abajur e atendi a ligação.

— Oi. — Guilherme estava em uma festa, o som estava alto, e se eu não tivesse melhor da dor de cabeça certamente mataria ele.
— Olá Suzane, não sei se é do seu interesse mas Letícia está caindo de bêbada aqui no Pub, e ela não está... completamente sozinha.
— O Pub da Joane?
— Esse mesmo.
— Fique de olho nela pra mim, chego já.

Tomei um banho rápido e vesti uma calça de couro marrom com uma blusa branca um pouco decotada com colares, coloquei um blaser branco, scarpin, me maquiei rapidamente e saí.

Abri o porta luvas e passei um batom, desci do carro entrando no Pub, meus olhos procuravam Letícia mas eu não conseguia encontrar, Joane me deu um abraço e logo saiu, eu me encostei no balcão pegando o celular pra ligar para o Guilherme.

Senti uma mão tocar minhas costas e rapidamente me virei, era ele.

— Onde ela está? — Ele me olhou pensativo e apontou para o canto do corredor onde Letícia estava se beijando com um cara.
— Eu disse que ela não estava completamente sozinha...
— Eles chegaram juntos?
— Não, ela chegou sozinha, esse cara se aproximou desde que ela começou a beber, dando cada vez mais bebida a ela.

Eu fiquei observando, apesar de estar tentando me controlar pra não bater nele e dar boas palmadas nela.

— Tomaz, quero uma dose de whisky.
— É pra já, doutora, aqui está.

Tomei um gole de uma vez só enquanto eu olhava Letícia encostada na parede com o cara.

— E aí? Veio só olhar? — Perguntou Guilherme.
— Não sei se devo interferir.
— Se está confortável pra você a cena... — Ele deu de ombros.

Pedi mais uma dose e continuei sem tirar os olhos dela, mas aquilo pra mim estava no limite, saí em passos largos até onde ela estava, o cara me olhou sorrindo claramente excitado, o olhar da Letícia era de surpresa e luxúria.

— Vamos. — Disse puxando-a pelo braço.
— Quem você pensa que é? — Disse ele vindo pra cima de mim.
— Ela é minha noiva. — Respondeu Letícia empurrando-o para longe.

Empurrei-a contra o balcão olhando em seus olhos.

— Que porra é essa Letícia? — Ela me olhou assustada.
— Desculpa. — Revirei os olhos.

— Tomaz, quero mais uma tequila. — Disse ela pendurada no balcão, sua saia subia e fazia com que mostrasse a polpa da sua bunda, puxei-a de volta.
— Nada disso Tomaz, estamos indo embora.

Dei um beijo no Guilherme para me despedir e a segurei pelo braço puxando-a para fora, coloquei-a sentada e dirigi de volta para casa.

O caminho todo ela estava calada, eu também, eu não a quero, por que não deixar que ela refaça sua vida?

Quando chegamos abri a porta para ela que sorriu entrando em casa, levei-a para o quarto e a observei.

— Entre para o banho, vou levar sua toalha.

Ela foi para o banheiro e separei suas coisas, tinha ainda uma gaveta só dela, com algumas peças básicas, lingerie, acessórios e toalha, eu nunca consegui me desfazer das coisas dela.

Coloquei sobre a cama uma camisola de algodão com calcinha, peguei a toalha e levei para ela, ela estava nua e me olhava, meu corpo inteiro se arrepiou quando ela tocou meu braço propositalmente, eu me afastei e voltei para o quarto.

Ela apareceu enrolada na toalha e olhou para a cama, pegou a camisola e sorriu.

— Fico feliz em saber que guardou todos esses anos.

Me levantei e tomei um banho quente, Letícia já estava deitada, me aconcheguei na cama ficando de costas para ela e apaguei o abajur, Letícia colou em mim e pude sentir sua respiração na minha nuca e suas mãos próximas a mim, mas eu jamais a tocaria novamente.

O mistério de Ágata Onde histórias criam vida. Descubra agora