Consequências

3.5K 348 21
                                    

Acordei pela manhã com minha cabeça estourando de dor, me sentei no sofá e olhei em volta, me recordei de tudo o que havia acontecido com Letícia, me levantei e fui procurá-la, nem ela nem as coisas dela estavam mais ali.

Liguei algumas vezes mas ela não atendeu, tomei um banho, troquei de roupa e saí.

Fui até a casa que antes ela ocupava e tinha alguns homens trabalhando ali, desci do carro e chamei.

— Bom dia, senhor, a Letícia está? — Perguntei enquanto ele se aproximava do portão.
— Não conheço, mas deve ser a antiga moradora, a casa foi vendida e estamos reformando para o novo dono.
— Tudo bem, obrigada.

Entrei no carro e voltei a ligar para ela, enviei mensagens mas não tive nenhum retorno, era como se toda a angústia que passei quando ela se foi, estivesse voltando à tona.

Fui até a casa da Julie, quando ela abriu ficou um tempo me olhando.

— O que foi Suzane?
— Letícia, sumiu, acho que foi embora, não sei onde ela está, eu não sei nada dela, me ajude.
— Se acalme, aconteceu alguma coisa? Vocês brigaram? 
— Eu transei com Ágata.
— Como é?
— Aconteceu... acabei confessando pra Letícia, não ia conseguir esconder por muito tempo.
— Você é mesmo muito idiota, não conte comigo.
— Julie, por favor, não preciso de sermão.
— Eu não vou me meter, você não é nenhuma criança, sabe exatamente o que faz, então encare às consequências.
— Me empreste seu celular, ela não me atende.
— Eu faria o mesmo.

Peguei o celular da Julie e disquei o número da Letícia, um tempo depois ela atendeu.

— Letícia, sou eu, não desligue, eu preciso saber onde está, se você está bem, por favor.
— Estou bem, Suzane.
— Onde você está? Preciso te ver, preciso falar com você.
— Suzane, não vou dizer onde estou, não insista, bom dia.
— Letícia...

— Droga.
— Ela desligou?
— Sim.
— O que queria? Que ela corresse pros seus braços?
— Eu amo a Letícia, Julie.
— Tem certeza? Não lembrou que amava ela na hora que transou com Ágata, além do mais, por que não vai atrás da Ágata agora? Suponho que ela já está livre.
— Porra garota, ótima amiga você.
— Se estava esperando que eu te apoiasse veio no lugar errado.

Saí estressada, fui para uma cafeteria e me sentei, pedi um café forte e fiquei aguardando Guilherme aparecer, ele é o único que pode me ajudar a encontrá-la, e não demorou muito para aparecer.

— Aconteceu alguma coisa?
— Sim... Letícia sumiu, não faço ideia de onde ela esteja.
— Acha que tem algo a ver com o primeiro sumiço?
— Não, dessa vez eu pisei na bola. 
— Bom, deixe comigo, não tente mais se aproximar dela, se ela se sentir pressionada pode realmente ficar mais difícil encontrá-la ok?
— Está bem, obrigada, por favor, faça o que for preciso.
— Está bem.

Guilherme saiu e eu continuei sentada tentando raciocinar onde Letícia poderia ter ido, paguei a conta e saí, meu celular começou a tocar, era Ágata.

— Oi, tentei te procurar mas não estava no escritório.
— O que quer?
— Tão amarga... quero te ver.
— Não vai rolar Ágata.
— Pelo jeito está estressada, quando se acalmar ou se quiser ajuda para relaxar me ligue.

Dias depois.

Cheguei em casa depois de um longo dia de trabalho e liguei a jacuzzi com sais de banho e fiquei ali por tempo suficiente para relaxar, terminei o banho e vi uma ligação perdida do Guilherme, o celular estava na cama, rapidamente retornei.

— Oi, Guilherme.
— Foi mais fácil do que pensei, Letícia está trabalhando naquela biblioteca principal.
— A de três andares?
— Sim, essa mesma.
— Obrigada.

Coloquei uma calça jeans clara e uma camisa, me maquiei e saí, em menos de dez minutos eu estava lá, entrei na biblioteca em silêncio procurando-a com o olhar, subi para o segundo andar e também não a encontrei, quando o elevador abriu as portas no terceiro andar a vi de costas, seus cabelos loiros estavam muito bem presos em um rabo de cavalo, ela usava uma calça social com uma blusa clara que marcavam perfeitamente seu corpo, mas ela não estava sozinha, ela estava com Erick, um poderoso empresário da cidade, ele a encarava e sorria para ela, era impossível ver sua reação, me afastei para ver melhor a cena.

Quando me posicionei melhor Erick beijou-a no dorso da mão e saiu, Letícia estava séria e com o olhar distante, tomei coragem e me aproximei.

— Letícia... — Ela se virou visivelmente assustada e me olhou.
— O que faz aqui?
— Letícia, precisamos conversar.
— Estou trabalhando Suzane.
— Posso passar mais tarde pra te buscar?
— Não. Eu preciso de um tempo, Suzane, você não percebe? Não percebe que quero ficar sozinha? Preciso colocar a cabeça no lugar...
— Tudo bem, não vou mais insistir.

Saí deixando-a para trás, mas como se fosse uma força maior fiquei esperando-a sair enquanto tomava um drink em um barzinho quase em frente à biblioteca, liguei para Julie e pedi que ela me fizesse companhia, não demorou muito para Julie chegar.

— Tentou falar com ela? — Perguntou-a se sentando.
— Sim, ela não quis me ouvir.
— Deixe ela Suzane, é normal que ela esteja com ódio de você, aliás, você deixou-a na cama pra transar com outra.

Cerca de 1h e meia depois vi Letícia na calçada, ela olhou como se estivesse procurando alguém, e para minha surpresa ela entrou no carro de Erick.

— Ual, aquela é a Letícia entrando no carro do Erik Castilho?
— Sim, maldita.
— Nem sei o que dizer.
— Prefiro que fique calada, vamos.

Minhas mãos suavam frio e meu coração batia acelerado, Letícia estava tocando a vida sem mim, e eu não podia fazer nada a respeito disso.

O mistério de Ágata Onde histórias criam vida. Descubra agora