Reconciliação

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Foram dias muito intensos e maravilhosos, eu deixei meu celular desligado no cofre do hotel todos os dias e informando apenas para emergências o número da Julie.

Apenas quando cheguei em casa liguei meu celular, e como eu devia imaginar, havia um avalanche de mensagens, boa parte eram mensagens da Ágata.

Deixei minhas malas no quarto e tomei um banho, ainda de roupão e toalha nos cabelos liguei para Ágata.

— Oi Ágata, estava viajando.
— Preciso te ver, urgente.
— Estou em casa.
— Chego já.

Tirei o roupão e coloquei uma calcinha e calça jeans com uma camiseta, liguei a TV e fiquei comendo amendoim enquanto esperava Ágata que logo chegou.

Tive um susto ao vê-la já com uma pequena saliência na barriga, ela usava uma calça preta e uma blusa rosa.

— Entre. — Disse, ela me olhou como se quisesse encontrar palavras para me dizer algo.
— Suzane, vou ser direta, vim pedir para fugir comigo. — Eu quase derrubei o copo que estava segurando.
— Fugir?
— Sim, a única solução para ficarmos juntas é fugirmos daqui, Daniel não vai me dar o divórcio, eu preciso escolher entre o divórcio e minhas filhas.

Cocei a cabeça observando-a.

— Desculpa, Ágata, mas eu jamais iria querer viver fugindo.
— É apenas por um tempo.
— Não, você só pode estar louca.
— Suzane...

Me levantei e peguei um café, voltei a me sentar e me coloquei de frente para ela olhando em seus olhos.

— Você é a mãe, dificilmente ele consiga ter a guarda.
— Você não conhece ele, ele é capaz de tudo.
— Você não tem antecedentes criminais e nem nada que te impeça de cuidar livremente dos seus filhos, ou tem?

Ela se manteve em silêncio o que me deixou bem desconfiada.

— Ágata? O que ainda esconde?
— Ele tem contatos.
— Nem sempre ter contatos é o suficiente.
— Vamos fugir, por favor.
— Essa questão é fora de cogitação Ágata, eu irei dar o auxílio necessário que você precisar juntamente com advogados conhecidos, não se preocupe.
— É sua última palavra Suzane?
— Sim, é minha última palavra.
— Ok. — Disse ela se levantando.
— Ágata? — Ela se virou para me olhar.
— Oi.
— Espero que se você ainda tiver algo que eu deveria saber, me conte antes que eu descubra.

Ela se virou e foi embora, eu fiquei com aquilo na cabeça, eu iria descobrir o que quer que Ágata ainda esconda de mim.

Minha mãe logo chegou para me dar um abraço e trazer meu almoço, entreguei a ela uma lembrancinha que comprei e conversamos bastante.

Quando minha mãe foi embora adiantei o máximo possível do trabalho pendente, já era 18h e resolvi parar.

Liguei para Letícia que no segundo toque atendeu.

— Esteja pronta para jantarmos, às 20h.
— Como quer que eu esteja? — Perguntou ela.
— Apenas de vestido. — Ouvi sua respiração irregular do outro lado da linha e desliguei.

Liguei a jacuzzi e fechei os olhos, eu queria estar bem relaxada pra hoje à noite, apesar de estar bem mais tranquila.

Terminei o banho e coloquei minha lingerie, vesti uma calça jeans rasgadinha na altura dos joelhos, camisa social azul bem clarinha e blaser branco com scarpin branco.

Depois da maquiagem coloquei minhas jóias e saí, estacionei na frente da casa dela as 19:55h, às 19:59 ela apareceu.

Dei luz alta e ela aproximou-se abrindo a porta do carro e entrando, me deu boa noite e se acomodou, ela estava com o vestido que eu mais gostava, ele era preto, soltinho da cintura para baixo, com mangas curtas e que deixava seu corpo agora mais magro extremamente elegante, seus cabelos loiros davam um ar de mulherão.

Estacionei na frente do restaurante preferido dela e descemos, nos sentamos na mesa reservada e pedi duas taças de vinho.

— Como foi de viagem? — Perguntou ela.
— Muito bem.

O garçom se aproximou apresentando os pratos principais do dia e nos ajudando a escolher, logo depois se retirou da mesa.

— Alguém a tocou? — Olhei-a nos olhos tentando ler qualquer insegurança ou mentira sua.
— Não.
— Muito bem.

Ela tomou o vinho restante da taça e se remexeu na cadeira.

— Me permite perguntar uma coisa?
— Sim Letícia.
— Viajou com quem?
— Com Julie.

Letícia conhecia bem Julie e tinha um certo ciúmes, mas ela sempre soube que eu jamais estive com outras enquanto estava com ela.

— O nosso contrato, o que fez? — Perguntei.
— Rasguei. — Respondeu com sinceridade.
— Qual o seu interesse em ter um novo contrato?
— Total interesse. — Respondeu ela com luxúria.

O garçom se aproximou trazendo torradinhas de entrada, logo se retirou, olhei-a nos olhos e ela parou o que estava fazendo para me olhar, ela sabia que eu queria atenção.

— Então você foi pedir para que a Rainha fosse sua Domme... achou que eu não saberia? — Ela mudou totalmente a calma que tinha em seu semblante.
— Ao contrário, eu tinha certeza que você saberia muito antes da rainha aceitar ou não meu pedido.
— Foi intencional?
— Sim, e ao mesmo tempo não.
— Explique-se.
— Eu queria saber se realmente você tinha se apaixonado por Ágata, e se realmente tivesse acontecido isso, eu queria esquecê-la com alguém tão ou mais experiente do que você.
— Está sugerindo que a rainha é melhor do que eu?

O garçom trouxe os pratos e eu não desviei em nenhum momento o olhar dela.

— Responda.
— Não, mas a tendência é de que o professor saiba mais do que o aluno, não? — Senti um leve sarcasmo e um pouco de excitação em sua voz.
— Está me desafiando a castiga-la? Porque posso começar agora.
— De forma alguma.
— Como descobriu sobre Ágata?
— Se não se importa, prefiro não entrar em detalhes. — Meu sangue ferveu nas veias e minha mão coçava louca para castiga-lá.
— Me importo sim, mas também acima de tudo toda nossa relação desde o início foi totalmente consensual, se não me responder mandarei-a de volta para casa em um táxi e não voltarei a te procurar. — Ela me olhou incomodada, se remexeu na cadeira e suspirou.
— Eu a segui.
— Como?
— Eu queria saber quem era ela, e um dia desses, depois que ela saiu do seu escritório eu a vi beijando um cara que segurava duas meninas no colo, eu não tinha certeza, mas deduzi, e fui perguntar na portaria da casa dela algumas coisas me insinuando para o porteiro... ele me falou tudo o que eu queria saber e fui embora.

Ela baixou o olhar séria e um pouco envergonhada tirando uma mecha loira dos olhos, tomou rapidamente todo o vinho restante do copo e voltou o olhar para mim.

— A rainha te tocou?
— Não, em nenhum momento.

Respirei aliviada e me encostei na cadeira, logo o garçom trouxe duas taças de sorvete.

Letícia encheu a colher e colocou na boca de forma sexy, eu olhei em seus olhos e apertei sua coxa deslizando a mão para o meio de suas pernas, toquei sua intimidade que estava molhada e lisinha para mim, ela soltou um gemido baixo.

— Seja breve, temos algumas pendências para resolver. — Disse acariciando suas pernas.

Seu rosto rapidamente mudou de cor deixando suas bochechas avermelhadas, sua respiração era pesada e seu corpo falava por si só, ela estava excitada.

O mistério de Ágata Onde histórias criam vida. Descubra agora