O verdadeiro mistério de Ágata

3.7K 295 36
                                    

Ágata começa a gritar e dou um jeito de amordaça-la, vou até a janela e percebo que meu carro ainda está estacionado mas que se aproximavam dois carros de polícia sem sirene, Lauren entra com dois homens fardados e armados e não demora muito a se aproximarem do quarto.

Ágata me olha e os homens se aproximam algemando-a.

— O que pensa que está fazendo Suzane? Juro que você vai se arrepender. — Diz ela me olhando, eu não respondo, continuo em silêncio.

Ágata é levada e eu a acompanho até a porta juntamente com Lauren, em um momento antes de sair completamente da casa um policial se vira para Lauren e nos olha.

— Que odor é esse? — Eu olho sem entender e o policial olha para o companheiro. — Leve-a, vou revistar a casa.
— Está bem. — Respondeu o cara levando Ágata para a viatura.

Levei Lauren para meu carro enquanto o policial revistava os cômodos, peguei um kit de primeiros socorros e limpei seu corte.

— Aí... cuidado Suzane.
— Desculpe Lauren, o que aconteceu? Como veio parar aqui?
— Eu não sei, ela entrou em casa fora de si e brigamos quando peguei meu telefone pra ligar pra polícia, só me lembro de já acordar aqui e machucada, como soube?
— Recebi uma ligação avisando que ela havia fugido, pensei em te ligar, imaginei a possibilidade dela estar com as filhas, ou visita-las, não sei... e quando te liguei quem atendeu foi ela. Eu me preocupei com você, fiquei com medo dela ter feito algo.

Ela me olhou e deu um sorriso fraco, tocou minha mão e respirou fundo.

— Obrigada, muito obrigada por ter se arriscado por mim.
— Não precisa agradecer.

Lauren fez carinho no meu rosto e estava quase se aproximando para me beijar quando ouvimos uma tosse alta enquanto alguém vomitava, me virei rapidamente e olhei, era o policial que se segurava na parede tentando recuperar o fôlego.

— Porra. — Ouvi o dizer, olhei novamente e fiquei em silêncio.

— Preciso de reforços, encontrei corpos em estado avançado de decomposição. — Disse ele em uma ligação.

Olhei para Lauren e ela olhou para mim colocando as mãos na boca, a viatura já havia saído para levar Ágata para a delegacia, eu estava nervosa.

— Ela é uma maldita assassina, eu não tenho dúvidas que ela matou meu irmão. — Gritou Lauren nervosa descendo do carro e colocando as mãos na cabeça como se quisesse esquecer o que acabara de ouvir.

Eu estava em choque, mal conseguia olhá-la, quando me lembro que quase deixei tudo por Ágata... quase me envolvi com sua doçura e seu corpo perfeito, ela tinha um enigma delicioso, um ar misterioso, eu nunca imaginei que ela poderia fazer algo desse tipo, ela era do tipo de mulher que não levantava qualquer suspeita em relação a sua índole, rica, fina, educada, carinhosa e simpática, mas os mistérios que carregavam não eram poucos nem tampouco simples, talvez se Letícia não aparecesse a tempo eu poderia ter sido sua próxima vítima, uma ânsia tomava minha garganta quando me lembrava de tudo o que passei ao lado dela.

Não demorou para que chegassem reforços e carros do IML, Lauren estava nervosa assim como eu.

— Vamos embora... não temos nada a fazer aqui.
— Eu não vou Suzane, eu quero ficar.
— Lauren, vamos ter acesso a todas as informações, não adianta ficarmos aqui fora, além do mais você precisa ir ao médico, precisamos ir à delegacia para depor, vamos deixar que os policiais façam o trabalho deles.
— Pode ir Suzane, eu fico.

Revirei os olhos e a puxei para dentro do carro travando as portas, me sentei ao lado dela e acelerei.

— Prometo que a gente volta, você precisa se acalmar, quer ir ao médico?
— Não.
— Então vamos à delegacia, precisamos depor.

Sem questionar ela aceitou, descemos na delegacia e deixamos nosso depoimento, entramos no carro e ela colocou o cinto.

— Vamos, você precisa se alimentar. — Disse.

Entramos em uma cafeteria e fiz os pedidos, ela estava em silêncio.

— Lauren, quero que tente se acalmar, precisa comer entende? — Olhei-a que ainda não tinha tocado em nada.
— Eu era sua próxima vítima sabia? Ela me levou ali para... — Interrompi.
— Shiiiu, está tudo bem, já passou, você está aqui, Ágata vai pagar pelo que fez, coma por favor, não vamos sair antes que você se alimente.
— Está bem.

Ela comeu alguns pedaços de bolo e senti meu celular vibrar, era Letícia, eu saí no meio da noite e não tinha avisado, era óbvio que ela estava preocupada.

— Oi, Letícia.
— Onde está?
— Estou resolvendo algumas coisas, quando eu chegar conversamos.
— O que aconteceu? Eu preciso ir para o trabalho.
— Te busco para almoçarmos ou então conversamos no fim do dia, desculpa Letícia mas agora não posso falar.

Ela desligou e Lauren me olhou.

— Sua namorada? — Perguntou-a.
— Noiva... — Ela me olhou com certa insatisfação.
— Felicidades.
— Obrigada.

Lauren terminou de comer e saímos.

— Vamos voltar lá, por favor Suzane.
— Está bem.

Mesmo sem querer muito resolvi voltar, um policial estava em pé próximo ao portão, ele era o mesmo que havia levado Ágata para a delegacia.

Me apresentei e ele nos analisou, depois de alguma insistência ele resolveu dar mais informações.

— Foram encontrados três corpos masculinos, dois femininos, e um de um bebê.
— Um bebê? — Respondi horrorizada.
— Prematuro, é o corpo mais recente, desculpa mas não posso dar mais informações, os corpos foram encaminhados para uma análise mais detalhada, alguns talvez nem tenha como fazer o reconhecimento da ossada pelo tempo.
— Entendo, obrigada.

Puxei Lauren para o carro e ela me olhou horrorizada.

— Meu Deus. — Disse Lauren entrando no carro.

Eu estava tão chocada quanto ela, eu jamais conseguiria imaginar que o verdadeiro mistério que Ágata carregava não era apenas ser casada, ou ter sido uma garota de programa sem escrúpulos que fazia qualquer coisa por dinheiro, assim como seu casamento com o irmão da Lauren que ficou claro que foi apenas por dinheiro, ela era uma psicopata assassina, que mantinha suas vítimas enterradas na própria casa que já morou um dia com os pais, eu olhava para a casa abandonada e não conseguia acreditar que alguém pudesse ser tão fria a ponto de assassinar a sangue frio outra pessoa, aquela mulher encantadora que me conquistou com seus belos olhos e sorriso mantinha um segredo assustadoramente sinistro, e em nenhum dos meus piores pesadelos fui capaz de imaginar que uma coisa desse tipo pudesse acontecer fora dos filmes de terror.

O mistério de Ágata Onde histórias criam vida. Descubra agora