Fim?

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Me sentei na cama ao ouvir vozes na sala, coloquei meu pijama e saí do quarto, para minha surpresa era Ágata, Julie estava em pé tomando um copo de água, Ágata me olhou desconfiada e eu mantive a calma.

— Bem, a gente se fala Suzan, foi um prazer conhecê-la Ágata. — Disse Julie saindo.

Coloquei duas cápsulas na cafeteira, enquanto esperava meu café ficar pronto me aproximei da Ágata.

— Bom dia. — Disse dando um beijo no topo da sua cabeça, ela se afastou.
— Você estava dormindo com essa garota? — Eu olhei-a nos olhos voltando com uma xícara de café.
— Servida?
— Não mude de assunto, Suzane.
— Não estou mudando, estou apenas oferecendo a você, e sobre sua pergunta, sim, Julie dormiu aqui.
— Na sua cama?
— Sim, Ágata.
— E você fala assim? Nessa naturalidade?

Me sentei tomando um gole e coloquei a xícara ao lado.

— Sente-se.
— Eu vou embora, Suzane.
— Ágata, sente-se agora.

Ela olhou para mim por um tempo e se sentou.

— O que temos Ágata? Eu mal sei de você, não sei onde mora, não sei o que faz, não sei seus horários, onde trabalha, nada. Não sei nada sobre você, e você não se abre comigo, nunca responde meus questionamentos.
— Eu já entendi. — Disse se levantando.
— Sente-se Ágata, eu ainda não terminei.
— O que quer? Você não me deve satisfações.
— Tem razão, não lhe devo satisfações, mas gostaria que as coisas entre nós fossem diferentes, como vou me comprometer com você sem saber ao menos o básico de você?
— O que quer saber?
— Varias coisas... pra começar gostaria de levá-la de volta para o seu trabalho, gostaria que deixasse eu te ajudar, eu posso te ajudar a conseguir um único emprego que pague bem.
— Suzan... eu já disse que vou resolver.
— Quando?
—Em breve.
— Em breve não é coerente, gosto de prazos, datas, horas, em breve é muito vago.
— Não gosto de ser pressionada Suzane.
— Ok, como quiser.

Ágata se levantou e saiu, eu poderia ir atrás dela, mas não fui, Ágata é extremamente complicada, e por mais que ela me desperte uma loucura por ela, o melhor a se fazer é deixá-la ir.

Suspirei e me estiquei no sofá, o que posso fazer se Ágata não se abre para mim? Vou ficar até quando nesse impasse sem ao menos saber o que acontece de fato?

Ouvi passos e me sentei, era Ágata voltando, ela me empurrou contra o sofá com lágrimas nos olhos.

— Idiota. — Disse ela.

Ela colou os lábios nos meus e me beijou, eu segurei seu rosto com minhas mãos tentando afastá-la para olhá-la.

— Ágata, quero que seja minha namorada.

Ela me olhou por um tempo e voltou a me beijar, sua mão acariciava meus cabelos.

— Eu preciso ir, quero te ver amanhã.
— Até quando isso? A gente nunca ficou mais do que três horas juntas Ágata.
— Por favor, Suzan, por favor, só mais um pouco de tempo.

Ágata beijou meus lábios e se foi, será que valia a pena esperá-la? Será que seria prudente da minha parte ficar de braços cruzados só esperando?

Enchi minha jacuzzi de espuma e entrei, fiquei com aquilo na cabeça martelando, Ágata me esconde algo, e minha intuição diz que não é nada bom.

Me estiquei pra pegar o celular que estava enrolado na toalha, após uns cinco toques, ele me atendeu.

— Gui, sou eu, Suzane.
— Fala doutora, como está?
— Bem, precisando de você, podemos nos ver hoje?
— Daqui a 1h da certo? Tenho que ir ao shopping resolver umas coisas.
— Pronto, te encontro lá.
— Te espero.

Me troquei e saí, estava nervosa, eu podia me arrepender dessa atitude, mas só assim ficaria tranquila.

Algum tempo depois Guilherme chegou, me abraçou e se sentou.

— Cada dia mais linda, quero esse elixir da juventude.
— Obrigada, Gui.
— O que manda? Clientes complicados?
— Hoje não é para um cliente que estou te procurando, hoje é algo particular.
— Nossa, qual o problema?
— Uma pessoa que eu me envolvi, ela tem muitos segredos, não consigo nunca saber o que ela faz, onde mora, onde trabalha... preciso da sua ajuda, quero que a siga, mas além de fotos quero um pedido especial.
— O que quiser.
— Se for algum flagrante do meu interesse, eu prefiro que entre em contato comigo, quero ver com meus olhos.
— Claro Suzane, como quiser, te devo essa, tem foto dela? Como faço pra encontrá-la?
— Amanhã, acredito que pela manhã ela vá para o meu escritório, e de lá é com você.
— Certo.
— Obrigada, de coração, Gui.

Guilherme me deu um longo abraço e se despediu, eu estava invadindo a privacidade dela, eu sei, sei que se ela descobrir ela jamais vai me perdoar, mas chega uma hora que não tem mais como fingir que está tudo bem.

Fui para casa com um aperto enorme no peito, uma sensação sufocante de estar fazendo algo errado, mas de que outra forma eu ia saber qual mistério rondava Ágata? Impossível.

Me levantei às 5h, passei a noite sem pregar os olhos, eu me sentia péssima após uma noite em claro.

Tomei meu café e fui para o escritório, Guilherme já estava estacionado a uma quadra de distância, em um local estratégico para observar a movimentação.

Não demorou muito para que Ágata chegasse, ela me beijou e nos abraçamos.

— Está com uma carinha de cansada.
— Noite mal dormida.

Ela fez uma deliciosa massagem nos meus ombros me fazendo relaxar, eu estava tensa.

Nos beijamos e trocamos carícias até ela se despedir, dei um beijo leve nos seus lábios e ela saiu.

— Gui, essa de calça jeans e blusa listrada azul marinho, é ela.
— Já estou acompanhando, fique ligada, qualquer sinal te aviso.
— Agradeço.

Me sentei no sofá com minhas mãos tremendo, minha respiração estava ofegante e meu coração pulsante, eu estava preparada? Será que era o momento de saber toda a verdade? O que esconde Ágata? Quais mistérios ela tem? Uma angústia e um mal pressentimento estavam acabando comigo, seja o que for, preparada ou não, em breve eu vou descobrir.

O mistério de Ágata Onde histórias criam vida. Descubra agora