Aproximação de Ágata

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Cheguei um pouco mais cedo e fiz meu pedido, café expresso com chantili e biscoitos amanteigados de nata, meus preferidos.

Pela grande janela de vidro da cafeteria vi Ágata chegando e arrumando os cabelos com as mãos, ela me procurou com o olhar e se aproximou.

— Bom dia, Suzane.
— Bom dia, Ágata, sente-se.

Ela se sentou e pediu um expresso com leite e creme de avelã com uma fatia de bolo de leite, me olhou um pouco desconfortável e sorriu.

— E então... no que posso ajudá-la?
— Queria vê-la, espero que não se chateie por ter mentido sobre o assunto. — Sorri com sua confissão.
— De forma alguma, é um prazer vê-la novamente.

O garçom trouxe o pedido dela e logo se retirou nos deixando a sós com um silêncio perturbador.

— O que vai fazer hoje à noite? Podíamos sair pra jantar. — Disse quebrando o silêncio.
— Durante a noite é complicado para mim... eu trabalho.
— Trabalha a noite? O que faz? — Ela tomou um gole do café e voltou com o olhar sereno para mim.
— Sou enfermeira.
— Trabalha em hospital?
— Residência... trabalho em residência.
— Podemos marcar na sua folga então.
— É que trabalho em lugares diferentes, todas as minhas noites são ocupadas.
— Compreendo.

Conversamos por mais algum tempo, mas ela não falava muito dela, ela fazia muitas perguntas sobre mim, em pouco tempo ela já sabia mais de mim do que muitas pessoas do meu convívio.

Meu telefone tocou e pedi licença para atender, era uma ligação importante.

— Ágata, se importa em irmos para meu escritório? Preciso enviar um email urgente e os arquivos estão lá.
— Não se preocupe, eu já estava indo, marcamos outro dia.
— Faço questão, me acompanhe.

Com um pouco de insistência e ela aceitou irmos para o escritório, entrei com ela na sala e fechei a porta, persianas e liguei o computador, ela estava em pé de costas para mim olhando uma estante no fundo da sala cheia de livros e objetos antigos de decoração, eu admirei-a tempo suficiente, ela tinha costas perfeitas e um bumbum redondinho.

Anexei os arquivos urgentes e enviei o e-mail, me levantei e me aproximei dela que ainda estava de costas.

— Livros antigos... adoro esses estilo de decoração. — Disse ela ao me ver.
— Eram do meu avô, sempre mantive tudo como ele deixou.

Ela se virou ficando de frente para mim, passou a língua nos lábios rapidamente umedecendo-os e me olhou.

— Acho melhor eu ir, vou te deixar trabalhar, foi um prazer conhecer seu escritório.
— Fique mais, acabamos de chegar.
— Eu preciso mesmo ir.

Eu a encostei na estante pegando em sua cintura e prendendo ela a mim, beijei sua boca ansiando por cada vez mais dela, quando o beijo estava ficando quente ela se afastou arrumando os cabelos.

— Preciso ir.
— Eu te levo.
— Não se preocupe, já estão vindo me buscar, obrigada.

Tentei me aproximar novamente, mas ela se afastou.

— Obrigada pelo café, a gente se fala.

Respirei fundo e me deitei no sofá esticando as pernas, Ágata tinha o poder de me deixar sempre querendo mais.

Na hora do almoço decidi almoçar com minha mãe, ao me ver, ela ficou louca de felicidade, eram poucas vezes que almoçávamos juntas já que o escritório ficava um pouco distante e eu preferia almoçar por lá.

— Meu amor, devia ter me avisado, teria feito alguma coisa que você gostasse. — Disse ela se justificando com um pano secando as mãos.
— Mamãe, por favor, tudo o que faz é delicioso.
— Sente-se filha, estou terminando.
— E o papai? Onde está?
— Ele foi buscar umas coisas no supermercado, já já ele aparece.
— Está bem.

Fui para a cozinha ajudar minha mãe com os pratos e senti meu celular vibrando, deixei tudo sobre a mesa e corri para olhar quem era, era número desconhecido, era Ágata, mas não fui tão rápida a ponto de conseguir atender e o celular.

— Droga. — Suspirei.

Coloquei o celular sobre a bancada e aumentei no último volume, eu queria reencontra-la novamente, o cheiro dela estava impregnado em mim, eu queria poder toca-lá novamente, mas era impossível já que eu não sabia nada dela.

Almocei em silêncio enquanto ouvia meus pais conversarem, terminamos de almoçar e voltei ao trabalho.

Era sexta feira e eu estava cheia de trabalho, salvei alguns arquivos no HD externo, e saí do escritório.

Já tinha avisado minha mãe que não ia jantar em casa, na verdade eu só queria ficar sozinha, estava com muito trabalho e poderia não dar atenção que minha mãe merece, e isso a deixaria chateada.

Coloquei o HD na mesa do computador e fui para a cozinha pegar um copo d'água, meu celular tocou no quarto, era um alerta de e-mail.

Me sentei e liguei o som, busquei no IFood algo para jantar, fiz o pedido e abri a caixa de e-mail no computador, e para minha surpresa tinha um e-mail dela.

DE: Ágata
PARA: Suzane
ASSUNTO: Boa noite

Olá, querida Suzane, sei que sou incomunicável sem celular, quando precisar falar comigo me envie um e-mail.

Atenciosamente.

Olhei um por instantes a tela do computador antes de responder.

DE: Suzane
PARA: Ágata
ASSUNTO: Re: Boa noite

Boa noite, Ágata, fico feliz em saber que você não se comunica apenas por sinal de fumaça ou carta. Me ligou hoje à tarde?

DE: Ágata
PARA: Suzane
ASSUNTO: Re: Re: Boa noite

Liguei sim, iria te informar meu e-mail. Tenha um ótimo fim de semana.

Beijos.

DE: Suzane
PARA: Ágata
ASSUNTO: Re: Re: Re: Boa noite

Um beijo... na boca.

Sorri ao mandar o último e-mail, e foquei no trabalho.

A campainha tocou e fui abrir, era meu jantar acompanhado da Julie.

— Julie? O que faz aqui?
— Vim te fazer uma surpresa, aproveitei e peguei o jantar, você não pretendia comer essa pizza gigante sozinha, né?
— Entre.

Julie foi entrando e pegando copos e talheres, ela já era de casa, ela tinha seus 25 anos, era magra e baixinha, cabelos e olhos escuros, sua pele era clara, muito clara, temos uma relação muito boa, ficamos sempre que temos vontade uma da outra, sem compromisso, um tipo de amizade sexual diria.

— O que faz em casa em plena sexta-feira à noite? Vim te chamar pra sair.
— Não posso branquinha, preciso trabalhar, tenho muita coisa pra fazer.

Ela se sentou no meu colo e me beijou, eu a peguei pela nuca segurando firme em mim.

— Aqui não, já disse que minha mãe pode entrar.
— Desculpa, não resisti.

Jantamos e logo Julie foi embora, quando adiantei o trabalho era por volta de 00h.

Pensei em enviar um email para Ágata, mas ao mesmo tempo não queria parecer tão interessada, além do mais acredito que ela deva estar trabalhando.

Era muito confuso querer tanto alguém que sei tão pouco sobre, talvez ela seja apenas uma mulher discreta, ou esteja apenas sondando o espaço antes de se abrir, o fato, é que os beijos dela me embriagavam, me viciavam e me deixavam cada dia mais sedenta em conhecê-la, em toca-la, em tê-la para mim.

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