Inseguranças

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Suzane:

Eu estava na cama, esperando Letícia que estava demorando a voltar da cozinha, ao me aproximar, percebi que ela estava tentando controlar as lágrimas.

— O que aconteceu? — Perguntei encarando-a.

Ela entregou o celular para mim e entrou para o quarto, eu já imaginava o que poderia ser.

Além das ligações também tinham mensagens da Ágata, e uma delas querendo me ver para comemorarmos que o seu marido havia finalmente assinado o divórcio, eu senti um frio na barriga e minhas mãos começaram a suar frio.

Tomei um gole d'água e entrei para o quarto, Letícia estava sentada na cama secando os olhos, me aproximei.

— Antes que diga qualquer coisa, eu peço que se você estiver cogitando a possibilidade de voltar com ela, vá agora. — Disse ela.
— Letícia... — Minha voz era calma, mas a dela era extremamente alterada.
— Estou falando sério Suzane, se sente algo, qualquer coisa que seja por essa mulher, se tem alguma possibilidade de ficar com ela, peço que saia de uma vez, não estou disposta a sofrer de novo por você.
— Letícia... — Tentei ainda manter o controle, ela estava nervosa e chorava.
— Eu não vou engolir esse tipo de mensagem dela pra você, eu não vou Suzane.
— Caralho, cale a boca. — Gritei fazendo-a me olhar assustada.

Minhas mãos suavam e meu coração batia acelerado, me sentei ao seu lado e a observei.

— Olhe para mim, Letícia e me escute. — Ela me olhou tentando manter a calma.
— Quando eu te conheci eu tinha uma namorada, lembra? — Ela me olhou balançando a cabeça.
— Então responda, quantas vezes eu te toquei enquanto estávamos nos conhecendo e eu ainda namorava?
— Nenhuma. — Respondeu ela com sinceridade.
— Acha que eu faria algo do tipo? Acha que eu ficaria com você e com ela ao mesmo tempo?
— Não.
— Então por que isso?
— Você se envolveu com ela, não te culpo Suzane, nem estou implorando pra ficar comigo, só não quero ficar com medo de a qualquer momento você decidir me deixar.
— Não é da minha índole, Letícia, se eu quiser Ágata eu vou embora sem que você tenha que pedir isso.
— Eu queria que você não respondesse mais a ela. — Respirei fundo ainda encarando-a.
— Isso não vai acontecer, estou ajudando no caso dela, não só do divórcio mas também da guarda dos filhos.
— E você precisa cuidar disso?
— Não, mas eu vou, e quem dita as regras sou eu, acho que não tenho como ser mais clara com você.

Ela se levantou e entrou no banheiro batendo a porta, apesar de estar irada eu reconhecia que ela tinha seus motivos e ia ignorar a cena.

Continuei sentada esperando que ela saísse de lá, o que demorou bastante.   Letícia apareceu um pouco mais calma mas com os olhos inchados.

— Venha aqui. — Disse.
— Está tudo bem, vamos dormir.
— Letícia, não vou falar novamente, venha aqui.

Ela veio a passos lentos e se colocou diante de mim, eu limpei seus olhos e a sentei no meu colo.

— Letícia, acabamos de nos reconciliar, já vamos brigar? — Ela me olhou enquanto eu ajeitava uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.
— Desculpa, eu perdi o controle, me desculpa.
— Tudo bem.

Dei um beijo em seu pescoço e a puxei para a cama.

— Vamos dormir agora, ok? Não quero mais nenhuma discussão a cerca desse assunto. — Disse abraçando-a.

Acordei muito cedo e saí, ela ainda dormia, fui para casa, tomei um banho me troquei e fui para o escritório.

Passei em uma padaria e comprei meu café, já no escritório coloquei uma música de fundo enquanto tomava meu café e revisava umas coisas.

O mistério de Ágata Onde histórias criam vida. Descubra agora