Surto

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Não sei quando Julie saiu mas o fato é que ela não estava mais lá, peguei Letícia pela cintura e a puxei para o quarto, cheirei seu pescoço como se estivesse querendo guardar seu perfume na memória, empurrei-a para cama e a beijei, seus lábios macios tocavam os meus em urgência, subi seu vestido tocando-a de leve, ela gemeu baixinho.

Tirei seu vestido com cuidado olhando suas belas curvas, beijei sua barriga passando minha língua quente em seu umbigo, tirei sua calcinha e olhei sua intimidade úmida, voltei a olhá-la que estava com a respiração ofegante, saí distribuindo beijos em sua virilha e coxas, coloquei minha língua próximo a seu clitóris sugando-a, ela gemia enlouquecida, penetrei meus dedos enquanto minha língua passeava lentamente e percebi ela jogar o corpo brutalmente para trás, olhei-a nos olhos e vi que tinha alguma coisa errada, olhei devagar e vi Ágata em pé na porta me olhando, Letícia correu para se cobrir.

Ágata estava armada, porra, ela estava com os olhos vermelhos e ainda com o vestido que usou na cerimônia, abri com cuidado o criado mudo e peguei minha arma colocando-a atrás no cós da calça, ela apontava a arma o tempo todo para Letícia e não me olhava.

— Ágata, olhe para mim.

Ela ainda trêmula me olhou mas sem baixar a arma.

— Baixe a arma Ágata.
— Não, eu vim para matá-la, e não saio enquanto ela estiver viva.

Me aproximei e ela olhou apontando a arma agora para mim.

— Não se aproxime, não quero te ferir.
— Ágata, olhe para mim, me entregue a arma, vai ficar tudo bem.

Ela começou a chorar e deu um passo em minha direção com a arma encostada no meu peito.

— Você não quis se casar comigo por ela não é? Mas vou matá-la, vou acabar com ela e poderemos ficar juntas.
— Olhe para mim, se você feri-la, eu não serei capaz de te perdoar, por favor, olhe para mim, pense em suas filhas.
— Minhas filhas estão em boas mãos, não me importo.
— Ágata, você é linda, não precisa disso, vá embora e eu esqueço tudo o que aconteceu aqui, está bem? Não vou denunciá-la.
— Eu já disse que vou matá-la.

Ela voltou a apontar a arma e puxou o gatilho, eu tirei minha arma e apontei para ela.

— Solte a arma Ágata, estou começando a me chatear.
— Vai me matar? Ótimo, se eu não posso ficar com você, ela também não vai.

Me aproximei e encostei a arma em sua nuca enquanto ela apontava pra Letícia, eu estava trêmula, eu não queria machuca-la.

Ela me olhou nos olhos e me puxou com sua mão livre me beijando, eu aproveitei e tentei alcançar a arma, ouvi um disparo e um grito ensurdecedor da Letícia.

Me afastei e olhei, ela tinha acertado a parede.

— Não tente bancar a espertinha Suzane.
— Solte a arma, não vou falar novamente.
— O que vai fazer? Me matar? Você não tem coragem, no fundo sei que me ama, ou vai fingir que não tivemos muitas transas deliciosas? Eu lembro como você me fodia por horas, quantos orgasmos intensos tivemos, você adorava que eu gemia seu nome, lembra? Você me pediu em namoro e não me amava? Não consigo acreditar nisso.
— Ágata, me entregue o revólver e te deixo ir embora.
— Como você é teimosa, eu já disse, não saio antes de matá-la, e se quiser me matar te garanto que estarei indo para o inferno satisfeita.
— Chega, me entregue a arma e deixo a Letícia, eu me caso com você, mas agora me entregue a arma.
— Não espera que eu caia nessa história né?
— Estou dando minha palavra.
— Se está disposta a se casar comigo, não se importaria que eu acabasse com ela, estou me cansando, saia da minha frente Suzane.
— Não vou sair, vai ter que passar por mim.
— Eu te amo e não vou te machucar Suzane.

Toquei seu ombro e ela me olhou, seu olhar era desesperado tanto quanto eu estava naquele momento.

— Não faça isso, Ágata, me entregue a arma.
— Não toque em mim.

Ela deu dois passos em direção a cama e eu a acompanhava com a arma encostada em seu pescoço, Letícia chorava em silêncio e eu estava começando a perder o controle.

— Você definitivamente é muito burra e escrota garota, você perdeu a oportunidade de se casar com Erick... pra que amor quando se tem dinheiro? Eu já optei muito por dinheiro e não me arrependo, deveria ter seguido meu conselho. Pra não dizer que não sou uma boa pessoa, deixo que diga suas últimas palavras.
— Quero que você apodreça na cadeia vadia.

Ela puxou o gatilho e eu puxei também, eu estava tremendo, eu não podia deixá-la atirar, eu precisava fazer isso, mas não queria matá-la, ouvi um estrondo e Ágata caiu aos meus pés.

Eu estava tremendo e olhei para o lado, Julie tinha acertado-a com uma barra de ferro, Letícia estava desmaiada aos meus pés, eu estava fora de mim.

— Vou chamar a polícia. — Disse Julie.

Ela ligou e eu continuava em pé sem conseguir me mover, eu ouvia um zumbido forte no ouvido como se estivesse ficando louca.

— Alguém faça alguma coisa, precisamos imobiliza-la antes que ela acorde.

Letícia se levantou ainda nua e pegou umas algemas e entregou para Julie que a algemou.

Me ajoelhei e me aproximei dela, encostei os dedos próximos ao seu nariz para sentir sua respiração, ela estava viva, eu estava aliviada.

Letícia me olhou possessa, sem dúvidas ela estava magoada que não fui correndo abraça-lá, ao contrário fui me certificar que Ágata estava viva. Mas não era atoa, eu não a odiava para querer vê-la morta, eu não era nem mesmo capaz de feri-la.

— Suzane, saia daqui. — Disse Julie quase gritando me fazendo acordar do transe.

Fui para a sala e me sentei no sofá, os policiais chegaram e chamaram uma ambulância para levá-la, demos o depoimento e eles saíram deixando-nos a sós.

Julie trouxe uma água com açúcar para mim e eu tomei, Letícia estava sentada do outro lado me olhando.

— Tem notícias? — Perguntei a Julie, Letícia se levantou.
— Vou procurar saber, tente não ficar tocando nesse assunto, você ainda não se aproximou dela... ela está chateada. — Sussurrou Julie.
— Como percebeu?
— Ouvi o tiro, nesse bairro só tem gente idosa, corri para cá, imaginei que pudesse ser você, não sei.
— Obrigada.
— Não precisa agradecer. Agora vá falar com ela, me ligue se precisar.
— Está bem, tranque o portão ao sair.

Ela me deu um abraço e um beijo no rosto e se foi, entrei no quarto e Letícia estava se trocando.

— O que está fazendo?
— Estou indo embora.
— Não Letícia, fique aqui.

Ela me encarou chateada ainda.

— Me desculpa, eu fiquei assustada, não fique chateada.
— Se não fosse por Julie eu nem estaria mais aqui, você foi incapaz de pará-la, e ainda ficou trocando beijos na minha frente.
— Letícia... ela me beijou, você viu.
— E você correspondeu, se você se importa tanto assim devia ter se casado com ela.

Me aproximei e a abracei mesmo ela tentando se afastar, ela bateu no meu braço e gritei.

— Meu Deus, Letícia, ainda não me recuperei totalmente do acidente. — Ela me olhou assustada.
— Desculpa.
— Vamos, a gente precisa de um banho.

Enchi a jacuzzi e a puxei, ela me olhou ainda em silêncio e ficou abraçada a mim por um longo tempo, eu estava apesar de ainda assustada, aliviada por nada pior ter acontecido.

— Te amo. — Sussurrei em seu ouvido.
— Eu também te amo.

Me encostei confortável na jacuzzi e ela estava colada em mim, o barulho da hidromassagem e o cheiro de água quente perfumada enchia nossas narinas, eu começava a relaxar nesse momento.

— Quero que entregue o apartamento e venha morar comigo.
— Eu já entreguei, minhas coisas estão na casa do Erick. — Respirei fundo olhando para o teto.
— Peça para trazerem.
— Está bem.

Ela voltou a me abraçar e fiquei cheirando seu pescoço, eu ainda estava assustada com tudo isso, mas ter Letícia em meus braços era compensador.

O mistério de Ágata Onde histórias criam vida. Descubra agora