O mistério de Ágata

Importante reflexão

Eu estava possessa de ciúmes, deixei Julie em casa e fui para a casa da Letícia, me encaminhei até a portaria e toquei a campainha, o porteiro apareceu e me olhou pela janela.

— Oi, boa noite, eu queria falar com a Letícia, apto 102.
— Ela saiu e ainda não voltou.
— Entendi. Obrigada. — Disse.

Entrei no carro e esmurrei o volante fora de mim, peguei meu celular e olhei a hora, 00:27h, um arrepio frio gelava meu corpo todo, meu coração me esmagava e me sufocava, ela estava com ele, peguei o celular e liguei para ela, primeira chamada não atendida, segunda... não atendida, a terceira nem se quer completou, direto da caixa postal.

— Maldita seja.

Era óbvio que eu estava somente colhendo o que plantei, eu sou muito imbecil mesmo, eu jamais devia ter me envolvido com a Ágata, eu estava nervosa e sem saber o que fazer.

Já era perto de 3h e Letícia não havia voltado, certamente ia dormir com ele, liguei o carro e dirigi até a casa noturna, entrei e procurei pela rainha que me olhou surpresa.

— Você aqui? — Ela estava acompanhada.
— Oi rainha, estarei por aqui. Quando puder conversamos.

Me afastei e pedi uma tequila, eu me sentia uma fracassada, minha vida estava desmoronando na minha frente assim como minha carreira, eu estava trabalhando quando dava, deixando compromissos para lá, adiando audiências, recusando clientes, eu estava perdendo Letícia, ou na verdade, já perdi.

Pedi um whisky e me encostei na cadeira olhando as pessoas em volta, uma garota se aproximou sorrindo e se sentou.

— Não autorizei que se sente em minha mesa. — Falei olhando-a.
— Claro, me perdoe. — Disse se levantando. —,Sei que você é uma das melhores Dommes que a rainha já treinou, sempre quis me aproximar de você, mas você é tão séria... queria me colocar a sua disposição para jogar, nem que seja uma noite, adoraria ser sua submissa.
— Não vai rolar, retire-se.

Ela não respondeu, apenas saiu, se eu tivesse sido mais incisiva não estaria passando por tudo o que estou, tomei mais uma dose generosa de whisky enquanto aguardava a rainha, um longo tempo depois ela apareceu.

— Problemas? Um pouco comum recebê-la aqui ultimamente.
— Um mal entendido rainha, estava com uma amiga em um restaurante e ela me deu um beijo na testa, Letícia chegou e viu a cena, um tempo depois ela saiu acompanhada do Erick, até o momento ela não tinha voltado para casa.

A rainha balançou a cabeça e soltou um sorriso, deu um trago no cigarro e me olhou.

— Acho que você aprendeu a lição, ou deveria.
— Eu sei o que fiz, mas é difícil pra mim, Yara, eu sou louca por ela. — A rainha me olhou nos olhos daquela forma que me fazia perder o fôlego enquanto cruzava as pernas.
— Do que me chamou? — Céus, era uma afronta chamá-la de Yara naquele lugar, ela era a mais respeitada, quase ninguém sabia o real nome dela, para todos ela era a rainha, a única, a figura feminina mais importante que ali estava.
— Perdão, estou nervosa. — Ela deu um profundo trago soltando a fumaça para cima e voltou a me olhar.
— Não pense que eu não sou capaz de puni-la, Suzane, já fiz e faria novamente, sabe o quanto tenho prazer em usar o seu corpo.

Me mantive em silêncio, ela era intimidadora naturalmente, apesar de ser uma ótima amiga e confidente.

— Seja mais direta. Precisa de algo?
— Não rainha, eu só queria me distrair, não vou mais atrás da Letícia.
— Faz bem, deixe que ela repense em tudo, porém, acredito que você devia conversar com ela em algum momento.
— Talvez... não quero mais me torturar, não sei como reagiria se ela confessasse que voltou para o Erick.
— Você precisa trabalhar seu autocontrole, de nada adianta todo aquele treinamento que tivemos, se você só absorveu o que te convém. — Como sempre tão fria e dura nas palavras, mas não deixa de ter razão, Yara era sábia.
— Vamos minha querida, tenho algo que vai te servir muito bem.