Duvidas

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Suzane dormia tranquilamente e eu tinha cochilado o suficiente, me levantei e fui até a cafeteria tomar café, pedi um expresso com leite e canela e alguns pães de queijo. Terminei meu café e voltei para o quarto, Suzane estava sentada e com uma sobrancelha arqueada, aparentemente discutia com uma garota.

— Julie, eu peço que saia. — A garota me olhou em fúria e voltou a olhar para Suzane.
— Eu não vou, e você vai me agradecer por isso, me escuta Suzane, tente se lembrar por favor, você não ama essa mulher e nem tem nada com ela, você é apaixonada pela Letícia e vai perdê-la já que ela está de casamento marcado.
— Ótimo, que se case então. Saiba que eu também vou me casar. -Sorri vitoriosa e acariciei a mão dela.
— Suzane... escuta, eu estive na sua casa, você estava vendo TV e comendo pipoca, lembra?
— Não.
— Ok, eu fui mostrar a você a matéria, espere. — Ela pegou o celular e entregou para Suzane. — Veja, essa matéria do casamento de Letícia com Erick, veja a foto, não consegue se lembrar dela? — Suzane olhou como se quisesse se lembrar de algo, ficou um tempo pensando e minhas mãos suavam frio.
— Eu já disse que não me lembro.
— Eu saí da sua casa, acredito que você estava nervosa, arrasada com a notícia e saiu de moto, choveu muito durante a noite, e foi assim que você se acidentou acredito, tente se lembrar minha amiga, por favor.

Suzane a olhou e balançou a cabeça como se estivesse exausta, eu me aproximei e beijei-a, a garota me olhou possessa.

— Saia garota, não vai adiantar, não percebe que Suzane precisa descansar? — Suzane me olhou.
— Por favor, peço que vá embora. — Disse ela.

— Aproveite enquanto pode Ágata... eu vou fazer todo o possível pra que Suzane se lembre de tudo, e quando esse dia chegar, eu mesma vou rir da sua cara. — Disse a garota se aproximando.
— Não sei do que está falando, deixe eu e minha noiva em paz.
— Noiva? Você me dá náuseas Ágata.
— Saia daqui, vou pedir que te proíbam que subir, vadia.

A garota imunda deu um tapa forte no meu rosto e Suzane a olhou, nesse momento era tudo o que precisava, estava tudo claro, eu era a vítima e Suzane ficaria ao meu lado.

— Saía agora garota antes que eu chame os seguranças, não vou permitir que encoste a mão na minha noiva novamente. — Disse Suzane.
— Burra...

A garota saiu e Suzane me olhou, me aproximei dela e a encarei.

— Eu te falei amor, ela é perigosa.
— Eu percebi, me desculpe por isso Ágata.
— Você não tem culpa, amor, ela tentou se aproveitar mas não foi dessa vez.
— Ágata... tem uma coisa que não faz muito sentido. — Maldita Julie que veio falar o que não devia.
— Do que está falando?
— Você me disse que Letícia e Julie poderiam se aproveitar pra separar a gente, mas essa tal de Letícia não vai se casar?
— Foi só pra te provocar, pra testar o que sente por ela, elas são muito manipuladoras, não é primeira nem será a última vez que elas fariam isso.
— Entendi, quando recebo alta? Queria sair daqui.
— Ainda hoje, mas acredito que mais tarde, você precisa ficar 24h em observação.

Eu não sabia ainda que Letícia ia se casar, corri para procurar a matéria e rapidamente encontrei, isso que é ganhar na loteria, um dos empresários mais ricos da cidade, eu já tentei me aproximar, mas Erick nunca me quis, azar o dele, por sorte, ele agora vai fazer uma boa ação, se casar com aquela garota e deixar o caminho livre para mim, acho que vou mandar um grande presente.

Data do casamento, maravilha, daqui a um mês, 15/07, as 15h, vai ser muito interessante casarmos no mesmo dia.

— Amor, ficamos de resolver a data do casamento, mas tudo isso aconteceu antes de decidirmos, o que acha de 15/07? Podia ser à tarde.
— Não acha melhor a gente dar um tempo? Digo, pra eu me recuperar. — Eu estava aflita e trêmula, baixei a cabeça e comei a chorar de ódio, nem sem memória essa garota deixa de colocar empecilhos entre a gente.
— Tudo bem. — Disse.
— Ei, Ágata, me perdoe, não tem problema, não fique triste, pode marcar está bem?
— Eu entendo Suzane, caso queira dar um tempo.
— Não, de forma alguma, pode marcar.
— Está bem amor, estou tão feliz. — Beijei-a empolgada.

Respirei aliviada, tudo estava caminhando como devia, e em muito breve eu estaria casada com Suzane.

*

Suzane

Estava com minha cabeça explodindo de dor, meu corpo doía, mas o que mais doía em mim era não me lembrar de nada, não me lembrar de ninguém, exceto da minha mãe, mas era complexo, eu não me lembrava de dias atuais, apenas lembro quando eu era uma criança e minha mãe era muito mais nova e cuidava de mim.

Como era possível não ter memórias? Não sei o que gosto de comer, não sei o que faço, tenho uma profissão? Eu tenho um emprego? Minha casa... como é? O que faço nas horas vagas? E acima de tudo, como me apaixonei por essa garota que está aqui, que cuida de mim com devoção mas que não consigo sentir absolutamente nada por ela, no meu WhatsApp não tinha mensagens, eu tinha o hábito de apagar segundo Ágata, seria tão mais fácil reler algumas coisas, talvez eu pudesse me recordar de algo.

Julie... Letícia... nomes que me soam familiares mas que não faço ideia, Julie realmente parece ser doida, talvez não deva mesmo dar ouvidos a ela, será que minha mãe sabe algo? Minha cabeça parecia que ia explodir de tanto força-la tentado juntar as peças do quebra cabeça.

Letícia... é uma loira muito bonita, muito mais bonita do que Ágata, mas também não me recordo de nada.

Ágata está olhando o celular fixamente, eu tinha muito medo de me casar e me arrepender, eu não me lembro de nada, não sinto nada por essa mulher que está em minha frente, e se eu me arrepender?

— Ágata?
— Oi meu amor.
— Você pode sair? Desculpa mas estou com muita dor de cabeça, queria dormir e ficar um tempo sozinha. — Ela me olhou um tanto decepcionada mas concordou.
— Vou dar uma passada em casa então, quando acordar me liga?
— Está bem, apague a luz ao sair.
— Fique bem, Te amo. — Disse ela, eu apenas continuei em silêncio, eu não sentia o mesmo, não naquele momento.

Eu queria dormir, talvez sonhar, me lembrar de alguém enquanto sonhava, eu ser noiva, estar de casamento marcado enquanto não me lembro de nada é bastante embaraçoso nesse momento, queria dormir e acordar me lembrando de tudo, como um passe de mágicas, chamei a enfermeira e pedi um analgésico, ela aplicou em minha veia e saiu, fui me acalmando, relaxando até pegar no sono.

O mistério de Ágata Onde histórias criam vida. Descubra agora