O grande dia

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Alguns dias se passaram e já estava em minha casa, pedi que Ágata me deixasse só, eu me sentia culpada em não estar dando o mesmo carinho que ela me dava, ela cuidava de mim, era prestativa, mas eu não conseguia fingir que tudo estava bem, eu não conseguia sentir o mesmo, e era horrível, não queria magoá-la, eu queria ficar sozinha, eu precisava encontrar algo que me fizesse lembrar, qualquer memória...

Minha mãe preparava o almoço, o cheiro era maravilhoso e minha barriga roncava, definitivamente comida de hospital não é para mim,

— Mãe, o que está fazendo?
— Panquecas filha, como se sente?
— Meu braço é o que mais incomoda, acho que quebrei algo.
— Foi só uma torção, logo vai se sentir bem, você devia ficar lá em casa por esses dias, tenho medo que esqueça de tomar seus remédios, além do mais você está com o braço engessado, vai ser difícil fazer as coisas Suzane.
— Você pode me ligar para me lembrar, desculpa mãe, mas quero ficar sozinha.
— A teimosia você não esquece né mocinha?
— Não brigue mamãe.
— Filha, Julie veio falar comigo, não ignore-a, ela é sua amiga, e só quer seu bem.
— Não mãe, ela é uma mentirosa, e não quero falar sobre isso.
— Tudo bem.

Minha mãe serviu o almoço e eu comi até me esbaldar, ela definitivamente cozinhava como uma deusa, era delicioso.

Quando minha mãe saiu eu comecei a olhar minhas roupas, meus pertences, algo que pudesse me lembrar. Tantas roupas sociais, blaser, camisa, saltos, havia uma caixinha no fundo do guarda-roupa, peguei e olhei, era uma... coleira? Que diabos fazia uma coleira aqui? Será que era de algum cachorro meu que morreu? Vou perguntar a minha mãe amanhã.

Meu cheiro nas roupas era bom, eu curtia meu cheiro, eu tinha roupas lindas, sobre a cômoda havia alguns porta retratos com fotos, tinha uma foto minha ao lado da Letícia sorridente, preciso esconder isso, Ágata não pode ver, não quero magoá-la.

Encontrei um notebook e liguei, precisava de senha, e agora? Espero que seja data de nascimento.

Procurei meus documentos e encontrei, ótimo, senha correta.

Muitos contratos, documentos de pessoas que nunca vi na vida, olhei fotos, vídeos, mas nada me lembrava quem eu era de verdade.

Estava exausta, desliguei o computador e me deitei, meu celular começou a tocar, era Ágata.

— Oi.
— Oi meu amor, estou chegando aí.
— Está bem.

Suspirei fundo, eu queria descansar mas entendo que nesse momento Ágata não queira sair de perto de mim, não vou tratá-la com indiferença, aliás, vamos nos casar, preciso deixar de ser fria, ela não merece.

Ágata chegou e eu abri a porta, ela me abraçou com cuidado e me beijou, seus mamilos enrijecidos denunciavam sua excitação.

— Estava com saudades, trouxe uma coisa.
— O que é?

Ela abriu uma caixinha com duas alianças em ouro com pedrinhas brancas, senti uma estranha sensação de que eu já tinha um par de alianças, sorri e a abracei, trocamos alianças e nos beijamos.

— Como se sente?
— A cada dia melhor.
— Fico feliz, já almoçou? Quer alguma coisa?
— Não amor, estou bem.

Eu olhava aquela aliança em meu dedo com uma sensação de Déjà vu, será que era uma memória? Eu estava noiva, era possível que a gente já tivesse trocado alianças antes, nada demais.

Ágata ficou comigo e cuidou de mim durante o resto do dia, nesse momento ficava bem claro para mim que aquela garota estava mentindo, Ágata é uma boa pessoa, e me ama, eu devo amá-la muito também apesar de não me recordar, não tem como não amar a quem nos faz bem, e vou até o fim, vou dar o melhor de mim para fazê-la feliz.

O mistério de Ágata Onde histórias criam vida. Descubra agora